Neném foi encontrado por um funcionário da empresa de coleta de lixo
Um final feliz marca a história de Maria Vitória, a bebê que no dia 5 de agosto foi resgatada de uma lixeira, no bairro Vice King, em Porto União. Há poucos dias, depois de ficar hospitalizada para o acompanhamento, a menina recebeu uma nova família. “A criança foi atendida, levada ao hospital, passou pelos exames e atendimento e aí, na alta, já tínhamos pessoas preparadas para adotar e o processo foi iniciado”, explica o juiz da infância e juventude, Osvaldo Alves do Amaral.
Maria Vitória, nome que recebeu de um batismo simbólico no Hospital São Braz, onde ficou por cerca de dez dias, deve ir para a nova casa nos próximos dias. Amaral, pela questão ética e de segurança, não informa a localização da nova casa da criança. Mas, diante de toda a formalidade que o processo exige, a expectativa é de que Maria Vitória viva dias tranquilos, cheios de amor.
FILHOS DO CORAÇÃO
O magistrado deixa claro que a adoção se faz de maneira legal, no Fórum, e não em igrejas, prefeituras, rede social. É preciso formalizar o interesse no gesto, bem como estar apto para isso. “Quem tem interesse na adoção, precisa procurar o serviço social do Fórum. A preparação começa aí. Adoção é feita no Fórum. A família vai apresentar documentos, fará um cursinho para entender o que é a adoção e quem estiver apto, será colocado na fila de adoção”, pontua.
A família adotante pode “selecionar” o perfil de seu filho. Há quem não aceite grupos de irmãos, crianças maiores ou com doenças, por exemplo. A partir do momento em que uma criança é colocada à disposição da adoção, a equipe do Fórum procura as famílias da lista, habilitada para o processo, e que se encaixa no perfil. “O adotante recebe a criança em situação de guarda por um tempo. A família é acompanhada por certo tempo e se tudo der certo, torna-se definitiva a adoção. Aí, a criança ou o adolescente, se torna filho sem qualquer distinção, como se fosse filho biológico mesmo”, explica o juiz.
Quem não tem interesse em ser pai ou mãe e deseja fazer a entrega da criança, também pode procurar o Fórum para legalizar o processo, considerado igualmente como um ato de amor. Organizado e com afeto, a medida evita que outras Marias Vitórias sejam deixadas em lixeiras, por exemplo. “As pessoas vêm aqui e dizem antes ou no dia que a criança nasce que não têm condições de criar a criança. Vamos receber com carinho a criança, acolher e ver quem pode adotar. Isso facilita o processo, a gente obtém algumas informações da criança, do pai ou da mãe, para passar para um adotante. É diferente de quem abandona. Isso é uma situação de crime”, diz. “É infinitamente melhor que alguém procure o Fórum e entregue a criança do que simplesmente abondar”.