Brasil, um país de amigos

Nova coluna do professor Ederson Mota fala de corrupção e mais impostos                                   

 

BRASIL, UM PAÍS DE AMIGOS

Esta república foi tomada por amigos, que presenteiam seus pares com apartamentos de luxo, sítios, joias, carros importados, empregos “marajanescos”, jatinhos à disposição, polpudos depósitos em bancos estrangeiros e enriquecimento de parentes, noras, genros, ex-maridos e outros agregados. Como é saudável e maravilhosa essa vida de amigos, com gestos e benesses incontáveis, festas glamourosas, jantares em Paris, cafés da manhã em Marrocos e muita, mas muita amizade. Esses grupos cultuadores de duradoura e maquiavélica amizade, atingiram um patamar organizacional que ruboriza o próprio Ali Babá, imagine então a surpresa dos 40 ladrões. Amigos desse país se protegem e garantem suas estratosféricas rendas e se mantêm solidários até o último centavo.

Enquanto isso, no Brasil real, a crise assume proporções gigantescas, especialmente com o índice de desemprego atual, ultrapassando a casa dos 12 milhões. Como justificar essa república de amigos diante desta realidade? Aumentando impostos

E agora?  È a hora da consciência, da justiça, da verdade, das punições. Pois com esses amigos que somos obrigados a suportar, resta-nos o consolo de conviver, embora poucos e raros, com amigos de verdade.

 

SALA DE ESPERA

O Brasil é um país onde ploriferam as salas de espera, especialmente na área sensível da saúde. As pessoas pegam senhas e aguardam o atendimento que certamente vai demorar. O que acontece com as pessoas em uma sala de espera? O que pensam? Como reagem?

Numa sala de espera pessoas se reúnem com um objetivo comum: manter acesa a chama da esperança. É possível senti-la pulsar em cada um que lá chega. Outra reação é a de aceitação, resignação, passividade diante de uma dependência flagrante.

Não a diálogos entre os ocupantes da sala como se reinasse no local um estranho pacto de silêncio; quando alguém balbucia alguma palavra, o faz de forma comedida, controlada, quase um sussurro para que a paz reinante prossiga sem sobressaltos.

Aprende-se muito numa sala de espera: tolerância, respeito à dor do outro, paciência e igualdade, virtudes elogiáveis nos tempos atuais.

E agora? As filas e as salas de espera prosperam país afora e continuam oferecendo ao povo do Brasil lições edificantes e muita, mas muita esperança!

 

RETORNO ALVISSAREIRO

As votações dos congressistas não mostraram surpresas, mas apresentaram, de forma escancarada, o perfil de nossos muito bem remunerados congressistas, quem são, como se apresentam, o que pensam e o nível de competência parlamentar que possuem – conclusão: não podemos mais errar em nossas escolhas, sob pena de manter esse grupo que se perpetua no poder por mais um mandato. Mudanças eleitorais já!

Mas há boas novas pela região; o precioso líquido voltou a jorrar dos céus, sem muito alarde, mas vagarosamente, com a intenção de permanecer por longo tempo. Há comemorações pelo seu aguardado retorno, com o conseqüente abastecimento de fontes, rios, açudes e lagoas. Segundo o cantor Demétrius (jovem guarda) a chuva segue um ritmo que tem relação com o amor. Atualizando o texto: a chuva é uma demonstração de amor com a natureza, afinal combate a seca, a estiagem que assola campos e cidades e torna a vida mais aconchegante, úmida, plorífera. A natureza ama a si mesma quando faz chover e rega os alimentos para suas criaturas.

E agora? Agora é deixar a chuva cair e contemplar o espetáculo gratuito que proporciona. É bem melhor do que suportar as falácias intermináveis de congressistas incautos.

 

ANDARILHO

A praça se estende por uma quadra inteira e as trilhas são desenhadas sobre o solo. Caminhar de ponta a ponta é uma travessia mágica tantos os detalhes, tantas as surpresas, tantos os contornos. Um labirinto de cedros, pinheiros, ipês e gramíneas. Você já desfrutou a praça mor da sua cidade? Já ouviu os rumores da vegetação quando atingida pelo vento? Já observou as as cores que denota, mesmo no inverno, com as folhas secas sobre a gramínea desbotada. Use a imaginação e veja este aprazível local com os olhos da alma; todas as cores ressurgirão e diante da tarde ensolarada uma lufada aquecida sopra. Como é reconfortante percorrer esse espaço público e ao mesmo tempo exclusivo, no coração de meu torrão natal.

E agora? É hora de olhar o mundo com os olhos da alma!

Ruas vazias, porém a velocidade dos automotores continua excessiva e o perigo ronda os transeuntes em cada esquina. Por que a pressa? Por que a velocidade sem medida? Afinal, a chegada é certa, e a meta será atingida. Carros e motos disputam espaços na cidade e desenvolvem velocidades às vezes alucinantes, contrariando as leis vigentes e, o que é pior, colocando em risco a vida de toda a população, sem medidas, sem controles, aceleradores a toda; são motores roncando numa manifestação de loucura, delírio, alucinação. E se uma criança, idoso ou portador de necessidades ousar  uma travessia?.Nem pensar; tragédia anunciada, numa sociedade desumanizada. O grande problema é a insensibilidade dos condutores, é o apressamento da vida que conduz à indiferença crescente: COMO É DIFICÍL PERCEBER O SEMELHANTE NA MULTIDÃO.

E agora? A solução à vista: multa substancial, e retorno obrigatório aos bancos escolares.

 

MELHOR QUE ANDAR É FLUTUAR

Trocando passos pelas ruas da cidade para respirar, contemplar a paisagem e conversar com amigos tornou-se tarefa árdua e perigosa. Assaltos, espaços reduzidos, poluição? Nada disso nos incomoda, mas caminhar pelos pisos e calçadas irregulares tem se tornado para todos um grande exercício de percepção e cuidado redobrado. Olhar onde pisa, vale quanto pesa, pois pode causar quedas inesperadas e acidentes graves como fraturas e entorses. O que era um simples passeio, agora se tornou um minucioso movimento em posição vertical, com cabeças abaixadas, olhares atentos e lentidão nos movimentos. A todo instante surgem surpresas diante do caminhante, como perfurações, irregularidades e outros empecilhos.E sempre ocorrem surpresas, especialmente para os idosos, com depressões inesperadas, em lugares aparentemente bem nivelados. Alguns locais se transformaram em verdadeiros “rallies” com desafios e possível premiação ao final.

É como diz o vovô Xasco: lá vou eu para mais uma aventura urbana. Onde estão os meus óculos para perto?

E agora? Temos que reconhecer: REALMENTE. MELHOR QUE ANDAR É FLUTUAR!

 

DE REPENTE MAIS IMPOSTOS

Cada vez que o caixa governamental se encontra combalido diante dos saques descontrolados, eis a “criativa” solução das eficientes administrações – aumenta-se a carga tributária, ou seja, manda-se a conta para quem não consegue discordar. De tributo em tributo, são tantos e inexplicáveis, a vida prossegue aqui do outro lado produtivo desta malfadada fronteira. Mas o inédito aconteceu: de repente, um membro do judiciário resolveu contrariar a correnteza e munido da legislação vigente, resolveu tornar sem efeito o tal aumento de carga tributária sobre combustíveis, de forma justa e clara. E agora os cobradores oficiais de impostos, que jamais retornam na forma de serviços à nação, iniciaram vigoroso contra-ataque e venceram  com rapidez o embate,como já era esperado. Mas o pior foi a ação de comerciantes inescrupulosos que se adiantaram na cobrança do aumento de combustíveis, inclusive majorando preços a bel prazer. Pergunta dos consumidores: Irão devolver o excesso de arrecadação a quem de direito?

E agora? Diante  desta contestação, surgiu uma conclusão – nem todos aceitam passivamente o que lhe é imposto, pois ainda há homens que lutam pela verdade e desejam um país melhor para todos, mesmo diante das piores adversidades. E aos consumidores o que resta? A livre concorrência, ora bolas.

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