Colunista Edinei Wassoaski escreve sobre as intrigantes contas dos sindicatos
Enquanto a população fica estarrecida toda a vez que saem notícias sobre a gastança no Executivo, Legislativo e Judiciário, um poder também bastante influente neste País se sustenta de verbas públicas, mas tem o privilégio de não prestar contas do dinheiro que recebe diretamente do desconto na folha de pagamento dos trabalhadores. Hoje, no Brasil, os sindicatos são verdadeiras caixas pretas. Ninguém sabe quanto faturam e o que exatamente fazem com a grana, mas sabe-se que os cargos de direção são bastante atraentes, senão, não teríamos dirigentes se aposentando de tantas décadas que militam à frente dos sindicatos de Canoinhas, pra ficar em um exemplo bem restrito.
Dados nacionais mostram o quanto o “negócio” é lucrativo. Só no ano passado 326 novos sindicatos conseguiram o registro no Ministério do Trabalho, uma média de quase um por dia. Nada menos que 2.603 sindicatos, de empregadores e empregados, conseguiram o aval do governo para funcionar desde 2007. No total, de acordo com os números oficiais, existem hoje 16.429 entidades sindicais – um salto de quase 50% desde 2001 –, fora os três mil pedidos que estão na fila de espera para obter o registro.
Boa parte dos novos sindicatos criados no País é apenas de fachada. Tem pouquíssimos associados. As diferenças, muitas vezes, estão apenas em sutilezas no nome das entidades. Em Canoinhas, por exemplo, temos dois sindicatos para defender a mesma classe: Sindicato dos Produtores Rurais e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais.
A ânsia de atender todos os setores por parte dos sindicalistas não é necessariamente benévola. Em 2015 os sindicatos arrecadaram um total R$ 3,4 bilhões e desde 2007 movimentaram quase R$ 28 bilhões – um valor equivalente ao orçamento anual do Bolsa Família, com seus 13,9 milhões de beneficiários. Quem tem mais trabalhadores em sua base territorial e profissional fica com a maior fatia do bolo, independentemente do número de associados da entidade. “Como disse ao jornal Estadão o advogado Almir Pazzianotto, ex-ministro do Trabalho, “os três melhores negócios no Brasil hoje são fundar uma igreja, um partido e um sindicato”.
A PROPÓSITO: Apesar de a reforma sindical não ser uma prioridade do governo no momento, tramita em uma comissão do Senado um projeto do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), de 2016, relacionado ao tema. O objetivo é obrigar as entidades sindicais a abrir a “caixa preta” do imposto sindical e a prestar contas ao TCU sobre o uso dos recursos que recebem.
Polêmica no sobreaviso
Está pra ser reeditada uma novela do governo Weinert: o Município está rediscutindo com os médicos do sobreaviso o custo do serviço. Até o ano passado eram sete especialidades disponíveis 24 horas por dia no Hospital Santa Cruz e Pronto Atendimento. Cada especialidade custava e continua custando R$ 31 mil mensais, o que multiplicado por sete, resulta em R$ 217 mil mensais. Este custo era rateado entre sete municípios de acordo com o número de habitantes de cada cidade. Pouco a pouco, todos os Municípios foram saindo do acordo. O último a sair foi Bela Vista do Toldo, que rompeu oficialmente sua participação nesta semana. Sendo assim, Canoinhas passa a arcar sozinha com o valor.
Os outros seis Municípios devem mandar seus pacientes para as mais variadas cidades, de acordo com a referência.
Para engrossar ainda mais esse caldo, o HSC não conseguiu fechar a escala dos pediatras. Três se disponibilizam, mas quatro seria o ideal. Enquanto não resolve a questão, mães estão dando à luz em Mafra.

DA REGIÃO
Deputado Sílvio Dreveck (PP), de São Bento do Sul, foi eleito mediante acordo de divisão do mandato, presidente da Assembleia Legislativa de SC na quarta-feira, dia 1º. Em 2018, seu vice, Aldo Schneider (PMDB), assume a presidência da Casa em ano eleitoral.
Não confere
Prefeito Beto Passos (PSD) deu entrevista nesta semana ao Jornal da Band pra falar sobre o primeiro mês de governo. Reclamou que teve apenas oito dias sem chuva para obras nas estradas e afirmou que não confere a informação dada por Beto Faria (PMDB) de que havia R$ 13,9 milhões em caixa. O valor, de fato, estava na conta, mas apenas R$ 1,5 milhão não estava carimbado. O restante, segundo Passos, estava programado para pagar contas de janeiro.
A PROPÓSITO: Passos publicou no Facebook um vídeo que mostra a situação deixatória do pátio da Secretaria de Obras. As imagens impressionam, mas é bom lembrar que Célio Galeski (PSD), que hoje faz parte de seu secretariado, comandou a pasta em 2013. E aí?
“A bola da vez se chama Udo Döhler”
do deputado Antonio Aguiar (PMDB), afirmando que o prefeito reeleito de Joinville é o nome certo para disputar o Governo em 2018
PERGUNTA PERTINENTE
O que esperar dos vereadores que estreiam na próxima semana nas cidades da comarca?
RÁPIDAS
FAZ SENTIDO: Atento leitor observa que o Parque da Cidade só vai funcionar se tiver participação da iniciativa privada. O Município não vai ter condições de manter a estrutura.
SEM VOLTA: Nesta semana um caminhão fretado pelo Estado levou o que restava do Hemosc em Canoinhas.
MISSÃO CUMPRIDA: Márcio Schiefler Fontes pediu para deixar a força-tarefa da Lava-Jato. O braço direito de Teori Zavascki pediu para voltar para Santa Catarina.
TRÊS: cidades catarinenses têm superávit com regimes próprios de Previdência Social. Todas as demais têm déficit.
16 ANOS: é o tempo que não tem disputa entre candidatos a presidência da Assembleia de SC. O acordo sempre prevalece.
BALANÇO: Redução dos gastos com diárias, ponto eletrônico, redução do efetivo em 50% e aumento no valor devolvido aos cofres do Estado no fim do exercício foram ações apontadas como saldo positivo por Gelson Merísio durante sua presidência.
1.570: vereadores eleitos recebiam Bolsa Família e tiveram o benefício cortado. O pente-fino saiu de um acordo entre o Ministério do Desenvolvimento Social e TSE.