“Navegar sem rumo, sem destino, eis a saga das almas perdidas…” (Elmo)
No Brasil das ilusões perdidas, uma névoa de preocupação paira sob o exacerbado ufanismo ora amortecido pelo inevitável ato de “cair em si”; para onde se dirigem as levas de brasileiros, que atormentam as estatísticas oficiais, e que somem diariamente sem rumo definido?
O desaparecimento de pessoas, neste país, clama por dedicação mais efetiva dos órgãos de segurança como um todo, pois se destaca pelos dados duvidosos expostos e pela ausência sistemática de registros fidedignos de movimentação de cidadãos, velhos, jovens e crianças. Nada se sabe sobre pessoas reencontradas, por exemplo, ou pouco se conhece sobre as instituições especializadas em investigações dessa natureza, ocorrências, resultados e taxas de sucesso investigativo.
Segundo pesquisa publicada no jornal O Globo, a cada 11 minutos uma pessoa desaparece no Brasil, e as chances de encontrá-la se tornam mínimas se o prazo da denúncia exceder 48 horas após a ocorrência, e o questionamento se volta para o seguinte impasse: e como ficam os milhares que perdem entes queridos e não têm a oportunidade de formular denúncias?
Para os registros oficiais, mais atualizados, todo ano, no país, desaparecem 40 mil crianças por motivos diversificados, tais como: pedofilia, tráfico de órgãos, prostituição, violência doméstica, estupro de vulnerável, tráfico internacional, dependência química e assassinatos. A maior pesquisa sobre desaparecimento de pessoas no Brasil foi realizada em 1999, pelo Ministério da Justiça e apontou o seguinte resultado: a cada ano, desaparecem 200 mil pessoas no país, dado extremamente alarmante e preocupante para a época. Diante da atual realidade de 2014, acredita-se que os números são bem maiores, assim como as dificuldades de localização, o que reduz sensivelmente as possibilidades de rever, abraçar e acolher entes queridos, desde que consigam retornar.
Sugere-se a integração dos órgãos de segurança nos casos de desaparecimentos, para que as ações sejam mais eficientes e eficazes, com índices de sucesso elevados, contrariando a falta de credibilidade da sofrida família brasileira, que convive com dramas gerados por perdas humanas.
No Brasil atual, muitos brasileiros já desapareceram, no dia a dia, pela exclusão que sofrem no meio social: pela idade, pelo poder econômico, pela intelectualidade, pelo menosprezo político, pela infelicidade de portar doenças, pela saúde debilitada, pelo fato de ser criança ou jovem ou pelo fato de não ser mais produtivo – esses desaparecimentos não fazem parte das estatísticas oficiais, mas são componentes obrigatórios das estatísticas éticas, também excluídas do repertório de governantes e líderes nacionais.
Você, cidadão brasileiro, existe, conhece, luta, participa, pensa e constrói esta nação todos os dias; você pode ter sumido das planilhas “oficiais”, mas somente você tem o poder, o direito e a conduta ética capazes de transformar este país numa verdadeira democracia de paz e prosperidade.