Mesmo tendo instituído em maio de 2014 a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), o Hospital Santa Cruz (HSC) figura entre as três instituições que mais captaram córneas no ano passado. O ranking lista 13 hospitais do Estado.
O enfermeiro chefe do HSC, Ricardo Gaievski, diz que a Cihdott tem como função conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos e tecidos. Presta, ainda, informações e esclarece dúvidas sobre o assunto. Hoje, por mais que em vida o paciente se declare doador de órgãos, cabe à família a decisão depois da morte constatada. A doação das córneas beneficia pelo menos quatro pessoas com problemas de visão. O doador tem as córneas substituídas por próteses, que deixam o processo de remoção dos órgãos imperceptível. “Não precisa ter receio de que o procedimento vá alterar a fisionomia da pessoa”, garante o enfermeiro.
Somente em Santa Catarina há, atualmente, 353 pacientes à espera de um transplante de córnea, segundo dados da SC transplantes e das Centrais de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos. Há, ainda, 361 pacientes à espera de um rim, 55 à espera de medula óssea e 48 à espera de um fígado, só para listar os órgãos mais solicitados. “Para ser um doador, basta deixar em vida seu desejo. Fale para seus familiares sobre o seu desejo. Apenas a família pode autorizar o procedimento”, explica o administrador do HSC, Derby Fontana. Pessoas que possuam de 2 a 70 anos podem ser doadoras, desde que não possuam nenhuma doença infecto contagiosa.
Gaievski e a enfermeira Karin Adur têm especialização na área de captação de córneas. Monitorados pelo médico neurologista Andrei de Morais, são eles os responsáveis por todo o procedimento. Morais já fez captações de outros órgãos no HSC.
A autorização para doação deverá ser dada pelos familiares de 1º grau – pai, mãe e filhos – e familiares de 2º grau – avós e irmãos, cônjuge, união estável comprovada ou curador comprovado.
A CÓRNEA
A córnea é uma película transparente localizada na parte anterior do olho. Se houver perda de sua integridade, ela pode se tornar embaçada, trazendo dificuldade e podendo levar à perda da visão. “Para entender melhor, imagine molhar um relógio. Logo em seguida, embaça o vidro. Mesmo que sua máquina esteja boa, será difícil verificar as horas. Assim é a córnea. Caso ela esteja ‘embaçada’, mesmo que o resto do olho esteja sadio, a visão vai ficar ruim, prejudicada. Somente a troca da córnea doente por uma sadia e transparente poderá restabelecer a qualidade da visão”, compara Karin.
No Brasil há cerca de 25 mil pessoas à espera de uma córnea. “Algumas pessoas já estão praticamente cegas, mas com a cirurgia podem voltar a enxergar”, diz a enfermeira.
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