Canoinhas teve saldo de 2,8 mil empregos em 10 anos

emprego gráficoCanoinhas criou 2,8 mil empregos na última década, considerando o saldo entre empregados e desempregados divulgado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Comparando com Mafra, que tem o mesmo porte e número de habitantes bastante próximo, Canoinhas perde para a cidade vizinha, que obteve saldo de 3,4 mil empregos no mesmo período. Numa escala maior, São Bento do Sul, com o dobro de habitantes, obteve o dobro no saldo de empregos – foi a 7,4 mil.

Os dados revelam o quanto a crise econômica de 2008 afetou a geração de empregos. São Bento do Sul, por exemplo, que vivia o auge da indústria moveleira, teve saldo negativo de 419 vagas. Com uma economia calcada no comércio e serviços, no mesmo ano Canoinhas teve sado positivo de 198 empregos.

Os municípios que mais cresceram em volume de empregos nos últimos anos foram Itaiópolis, Três Barras e Papanduva.

No caso de Itaiópolis e Papanduva, o crescimento se deve a agroindústria. Enquanto Itaiópolis recebeu neste período o complexo da Tyson Foods, Papanduva passou a sediar uma unidade da Máster. A Tyson trabalha no setor de aves enquanto que a Máster, com suínos. Juntas, as empresas foram responsáveis pela criação de mais de 400 empregos somente em 2014.

No caso de Três Barras, as obras de ampliação da Mili S.A. e da MWV Rigesa puxaram o crescimento do município. Nos três últimos anos, o saldo positivo soma mais de mil empregos.

 

2014

No balanço apresentado no final de janeiro pelo Caged, apenas Monte Castelo e Timbó Grande têm saldo negativo. Canoinhas lidera o número de novos empregos na região, seguido de Três Barras, onde a Mili abriu no ano passado um amplo programa de contratações.

 

 

emprego gráfico 2Comércio sustenta criação de empregos em Canoinhas

Setor também é responsável pela maioria das contratações em Mafra e Porto União

Sem indústrias de grande porte, as três maiores cidades do Planalto Norte têm sua economia sustentada basicamente pelo comércio. Canoinhas, Mafra e Porto União, mais uma vez, somaram a maioria das novas vagas nos setores de comércio e serviços no ano passado.

Se comparar o saldo da indústria, a desproporção é grande. Enquanto o saldo industrial foi de 23 empregos, comércio e serviços tiveram saldo de 283 empregos no ano passado.

Para o presidente da Associação Empresarial de Canoinhas (Acic), Alfredo Scultetus, faltam atrativos para atrair indústrias para a cidade. “Inclusive movimenta o comércio”, afirma. Ele vê a criação de incentivos fiscais e a infraestrutura como itens fundamentais para a atração de indústrias. “Sem esquecer as empresas que já estão aqui, que também necessitam de incentivos para crescer”, frisa.

 

 

 

ANÁLISE

O que move o emprego?*

Analisando os dados disponíveis, chama a atenção a comparação que podemos fazer entre os municípios. Nesse sentido, é possível dizer que os que mais cresceram proporcionalmente em empregabilidade no Planalto Norte foram Itaiópolis, São Bento, Três Barras e Papanduva. Na relação entre o número de empregos gerado no período, comparado com o número de habitantes projetado para 2014, Itaiópolis gerou um volume de empregos equivalente a 12,6% da população estimada. O restante pode ser verificado na tabela abaixo:

Município População estimada em 2014 Saldo de empregos de 2002 a 2014 Percentual em rel. ao número de hab.
Canoinhas 54.079 3.593 6,5%
Itaiópolis 21.139 2.663 12,6%
Mafra 55.012 3.480 6,3%
Papanduva 18.681 1.952 10,2%
Porto União 34.717 2.127 6,1%
São Bento do Sul 79.971 9.137 11,4%
Três Barras 18.889 2.165 11,4%

 

O crescimento do emprego está relacionado, direta ou indiretamente, à indústria. É só verificar as cidades que mais geraram empregos na região e perceber isso. Sem agregação de valor (isto é, industrialização), não há desenvolvimento econômico; sobram migalhas. Na comparação com cidades outras de Santa Catarina, nosso crescimento é menos dinâmico. E, querendo desenvolvimento, não adianta nos compararmos com as cidades que desaparecem do mapa econômico.

Não devemos ter medo da indústria, como de vez em quando alguns parecem expressar. Embora qualquer entendimento sobre desenvolvimento seja questionável, é impossível excluir a indústria, salvo a exceção das capitais administrativas e cidades turísticas, o que nunca será o caso de nossas cidades. Nosso modelo de desenvolvimento é, sim, questionável, mas é sustentável e precisamos entender que desenvolver é resolver um problema e criar outro. Deveríamos nos preocupar em ensinar sistematicamente o empreendedorismo e a inovação em nossas escolas, desde os primeiros anos. Não sei por que os poderes públicos municipais não expressam publicamente essa preocupação.

Além disso, é importante dizer que os empregos cresceram acompanhando mais ou menos o ritmo brasileiro. O País foi favorecido, na década passada, principalmente, com expansão de empregos resultantes do crescimento mundial da economia. Isso gerou uma expansão interna importante e mostra o quanto, em geral, todos são interdependentes globalmente. Basta ver que em 2008 os resultados regionais acompanham a crise mundial, como mostram os dados do IBGE.

Outrossim, nem percamos tempo lamentando os próximos dois anos, em que a economia brasileira andará pra trás e sentiremos isso aqui.

O que deve nos preocupar obsessivamente é a capacidade produtiva do País e o percentual de participação da indústria no PIB. O Brasil perde participação industrial ano a ano, desde o início do século e isso tem a ver com produtividade e competitividade declinantes. Veja-se, a exemplo, a geração de empregos em 2014, por setores, em que comércio e serviços cresceram e na indústria tivemos, em geral, um movimento de declínio.

Para além disso, existe o desafio catarinense de gerar um novo salto econômico. Nossa participação industrial no PIB é mais que o dobro da média nacional, mas nossa produção é de baixa intensidade tecnológica. O desafio, portanto, é alterar essa característica, mesmo mantendo nossa indústria tradicional, que foi responsável pelo nosso desenvolvimento, cujos índices são os melhores do Brasil.

Nessa direção, a última iniciativa governamental em conjunto com a Fiesc, Sebrae e participação das universidades, são os Núcleos de Inovação Tecnológica. São doze em SC e a única cidade do Planalto que receberá um deles é São Bento do Sul.

 

* Walter Marcos Knaessl Birkner é sociólogo da UnC Canoinhas

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