Central de Atendimento aos Municípios é boa ideia de Moisés

Nova sistemática tem tudo para acabar com atravessadores políticos no processo administrativo

 

 

EXPECTATIVA E REALIDADE

A ideia do governador Carlos Moisés da Silva (PSL) de criar uma Central de Atendimento aos Municípios, divulgada como solução para preencher o vazio que será causado com o fim das ADRs, tem dois pontos positivos: acaba com os políticos atravessadores no processo de conquista de benefícios por parte dos Municípios e representa uma grande economia aos cofres públicos.

 

Até aqui, se o prefeito pretendia pleitear algo ao governo tinha pelo menos dois caminhos: o burocrático e o político. O burocrático nunca deu em nada. Seria respeitar os protocolos de apresentar o pedido ao Conselho de Desenvolvimento Regional, que homologava o pedido, que era entregue a um grupo gestor em Florianópolis, que deliberava para a Secretaria específica. Essa Secretaria, por sua vez, só executava a obra com aval do governador.

 

O político, que os prefeitos achavam mais fácil, era apelar ao deputado da região, que usava de seu poder de influência para tentar fazer a coisa funcionar. Se conseguisse o pleito, gabava-se de ter trazido isso ou aquilo ao seu curral eleitoral.

 

O que Moisés faz com a criação dessa Central é limpar esse vidro embaçado, caminho das pedras para que prefeitos conseguissem algo além dos recursos compulsórios para seus municípios. Os pleitos devem ser feitos diretos para essa central, que por sua vez se reporta diretamente ao governador. Os secretários serão meros executores. Essa é a boa expectativa. A realidade pode ser bem mais complexa.

 

Deputados estaduais já devem estar torcendo o nariz, porque não entenderam ainda onde eles entram nessa história. Como perpetuarem votos sem que seus nomes estejam implicados no processo de liberação de recursos?

 

Moisés representa um novo modelo de gestão e conhece bem esse sistema perverso que dominou a política estadual nos últimos anos. Mas deve saber também que ignorar os deputados não será um bom negócio. A conferir.

 

 

100% ELETRÔNICO

Em entrevista à Globo News hoje cedo, Moisés afirmou que fará um governo “Cem por cento eletrônico”, eliminando papelada e burocracia.

 

Quando perguntando sobre o predomínio de MDB e PSD na Assembleia, afirmou que tem bom relacionamento com as siglas, que entenderam que a política tradicional, “da troca”, acabou. “Eles estão entendendo que não será um governo que vai seguir a geografia das urnas, vamos investir no Estado como um todo”, afirmou.

 

Disse ainda, que as compras do governo serão centralizadas e anuais, a fim de garantir mais economia.

 

De modo firme e sereno, Moisés demonstrou que foi um aluno aplicado no intensivão que fez nesse início de ano para entender a máquina administrativa. A imprensa estadual tem reclamado que ele foge de jornalistas como o diabo da cruz. Não é por insegurança, ao que a entrevista à Globo News indica.

 

 

 

ENCONTRO COM MOISÉS

Prefeito Beto Passos (PSD) comemorou o fato de o governador dizer que conhece Canoinhas, “a terra do mate”, e que visitará a cidade. Quando? Sabe-se lá.

 

A piada inescapável é de que Moisés errou, já que segundo o concurso da prefeitura, Canoinhas é a terra da erva-doce.

 

 

SUPERLOTAÇÃO

Aumentou a superlotação nos presídios, cadeias e penitenciárias do Estado. O déficit hoje está em 5,1 mil vagas. Em meados do ano passado era de 4,5 mil. Entre as superlotadas está a Unidade Prisional Avançada de Canoinhas. O governo anterior anunciou obra de ampliação. Questionado, o atual governo voltou à velha versão de que os Municípios resistem a receber presídios. Mentira. Canoinhas tem projeto pronto e não há nenhum tipo de resistência por parte de ninguém.

 

 

INCENTIVO

Para quem duvida do potencial da educação, vejam essa: uma pesquisa aponta que é preciso ter ao menos 12 anos de estudo para receber mais de R$ 2,1 mil. 73% dos trabalhadores, no entanto, sequer começaram a faculdade.

 

 

PROBLEMA DE QUEM?

O secretário de Infraestrutura de SC, Carlos Hassler, deu entrevista ao Diário Catarinense afirmando que “a infraestrutura não é problema só do secretário”, dando a entender que a iniciativa privada tem de se engajar nas obras públicas. Vai, certamente, esperar sentado.

 

A conservação das rodovias estaduais é dever do Estado. A iniciativa privada paga impostos para isso.

 

 

“Pessoas que têm pensamento subversivo e que atuaram contra Bolsonaro de forma ostensiva não têm a minha confiança”

do deputado estadual eleito Jessé Lopes (PSL), usando termo comum durante a ditadura militar. Naquela época, no entanto, o “subversivo” enfrentava consequências bem piores que a desconfiança do deputado

 

 

 

TERMINOU SEM COMEÇAR

Numa canetada, Jair Bolsonaro pôs fim à Valec, estatal criada no governo Dilma para tocar os projetos de ferrovias pelo País. O mais ambicioso deles era a Ferrovia do Frango, que ligaria Chapecó aos portos. Havia a possibilidade de se reaproveitar a Ferrovia do Contestado, que passa pela região de Canoinhas. Houve audiências públicas e discussões acaloradas a respeito. Deu em nada. O projeto sequer saiu do papel. O fim da Valec é o último prego no caixão da sonhada ferrovia.

 

 

O PESO DA FOLHA

Um número impressionou integrantes do governo Bolsonaro. O Governo Federal gastou R$ 256 bilhões com encargos e salários em 2018.

 

 

 

MAIS LÁ DO QUE CÁ

Segundo o Ministério do Turismo, os brasileiros gastaram US$ 18 bilhões no exterior no ano passado, o triplo do que os estrangeiros deixaram aqui, cerca de US$ 6 bilhões, no mesmo período.

 

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