A Universidade do Contestado (UnC) anunciou, oficialmente, na manhã desta quinta-feira, 14, no Centro Paleontológico da Instituição (Cenpaleo), em Mafra, uma nova espécie de Pterossauro.
Denominada Caiuajara dobruskii, a espécie descoberta foi anunciada durante coletiva de imprensa, quando os fósseis dos Pterossauros, incluindo uma réplica em 3D, foram apresentados à comunidade. Os fósseis são de aproximadamente 90 milhões de anos e representa, segundo o coordenador do Cenpaleo, professor Dr. Luiz Carlos Weinschütz, uma descoberta de fundamental importância para a ciência em escala mundial. Os trabalhos desta pesquisa teve apoio do pesquisador Paulo Cesar Manzig (Cenpaleo/UnC) e do Dr. Alexander Kellner (Museu Nacional/UFRJ).
Os fósseis foram encontrados no município de Cruzeiro do Oeste, noroeste do Estado do Paraná, sendo também o primeiro registro de pterossauros encontrados na Bacia Sedimentar do Paraná/Bacia Bauru, e uma das raras ocorrências mundiais de pterossauros no interior de continentes. No Brasil eram até então conhecidas somente na Chapada do Araripe, no nordeste brasileiro.
INÍCIO
Esses fósseis foram descobertos em 1971 por dois homens do campo, Alexandre Gustavo Dobruski e seu filho, João Gustavo Dobruski, ao escavarem valetas para escoamento das águas em uma estrada rural. Em 1975, sabedores de que se tratava de fósseis, e percebendo sua importância para a ciência, enviaram amostras para análise. Somente em 2011, com os trabalhos de pesquisa para a elaboração do livro Museus & Fósseis da Região Sul do Brasil, esse material foi redescoberto em Ponta Grossa, no PR, e identificado como pterossauro pelo pesquisador Paulo César Manzig. A partir daí, desenrolou-se uma das mais belas histórias da Paleontologia Brasileira. Para Manzig, “o acontecimento que trouxe estes fósseis à luz da ciência é resultado direto da divulgação científica da paleontologia no Brasil”.
Os pesquisadores Manzig e Weinschütz, autores do livro Museus e Fósseis da Região Sul do Brasil, iniciaram os preparativos para a pesquisa já em 2011, com a descrição do perfil estratigráfico do local do sítio fossilífero. A Universidade do Contestado respondeu prontamente a essa nova situação, realizando convênios com a Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Oeste e Museu Nacional (UFRJ) no Rio de Janeiro para o imediato desenvolvimento da pesquisa, assumindo a coordenação através do Cenpaleo. Em julho de 2012, após elaboração de um plano de ação iniciaram-se as escavações. No total, mais de cinco toneladas de blocos de rochas foram coletados em quatro campanhas de campo com duração média de 10 dias cada.
A excepcional qualidade e a grande quantidade de fósseis encontrados apontam para a existência de uma comunidade de pterossauros, fato até então nunca antes claramente denotado em outro sítio fossilífero do planeta. Os estudos foram baseados em ossos pertencentes a aproximadamente 50 indivíduos, que representam desde animais juvenis até adultos, num raro caso de evidenciação ontogenética da espécie (fases de crescimento).
Segundo o pesquisador Dr. Alexander Kellner, do Museu Nacional, “o tamanho desta nova espécie de réptil voador variava de 0,65 a 2,35 metros de envergadura alar, tinham hábitos gregários, eram desprovidos de dentes e possuíam um bico voltado para baixo com cristas, tanto na arcada superior como inferior, típico do grupo Tapejaridae, e possivelmente eram frugívoros”.
A descrição dessa nova espécie foi publicada pela revista PLOS ONE. O nome Caiuajara dobruskii é em homenagem a seus descobridores Alexandre Gustavo Dobruski e João Gustavo Dobruski, e também faz referência a um antigo morador do Deserto Caiuá.