Na Floresta Nacional de Três Barras a coleta estará autorizada somente a partir de 9 de abril
A araucaria angustifolia, popularmente conhecida como pinheiro-do-paraná, é a única espécie do gênero araucária encontrada no Brasil e pertence à família das araucariáceas. É uma planta nativa de mata atlântica do sul do Brasil, em regiões serranas ou de planaltos com altitudes elevadas e temperatura moderada durante o ano.
A árvore cresce em solo fértil, em altitudes superiores a 500m acima do nível do mar e atinge bom desenvolvimento chegando a uma altura 20-50 metros, de tronco retilíneo com 90-180 centímetros de diâmetro. A árvore jovem tem forma piramidal e bem diferente da adulta que é em forma de taça.
A despeito de ocupar extensas áreas, sendo amplamente cultivada no sul do país para produção de madeira e pasta celulósica, sua exploração indiscriminada colocou-a na lista oficial das espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, conforme a Portaria nº443/2014 do Ministério do Meio Ambiente.
Sua semente “pinhão” é comestível e muito apreciada no sul do Brasil. Embora no passado o pinhão tenha feito parte da dieta dos índios Kaingang, a coleta para o consumo humano é até coibida em algumas épocas e locais, conforme prevê a Lei Estadual nº 15.457/2011 onde fica proibido a colheita, transporte e comercialização do pinhão antes do dia 1º de abril.
É proibido, ainda, antes desta data, seu transporte e comercialização. A proibição se aplica inclusive ao pinhão destinado para sementeiras, assim como para alimento, sendo que o descumprimento do disposto na Lei incidirá em multa e processo administrativo ambiental e criminal.
Isto ocorre porque os animais silvestres necessitam do pinhão como suplemento alimentar, para enfrentar o inverno. O grande consumo humano poderia, portanto prejudicar a perpetuação dessas espécies animais, assim como a da própria araucária, que através da sua dispersão de sementes, garantindo a perpetuação da espécie.
Os animais que se alimentam desse pinhão atuando no transporte e disseminação das sementes. Os serelepes costumam armazenar os pinhões, enterrando grande quantidade de sementes no solo. Essas sementes acabam sendo esquecidas e assim geram novas árvores. Apesar da crença de que a gralha-azul dissemina o pinhão, na verdade são os pequenos roedores terrestres os principais vetores.
Antes de 1º de abril, qualquer atividade envolvendo a semente está proibida, incluindo o transporte e o armazenamento. É nesta época do ano que as pinhas amadurecem para a reprodução da espécie garantindo o consumo sustentável de forma a garantir a reprodução da araucária, árvore ameaçada de extinção.
Contudo, merecem também destaque a grande deficiência de estudos de viabilidade sobre manejo florestal do pinhão, principalmente quanto à forma e época de coleta das sementes. Mesmo com grande potencial ao manejo florestal e desenvolvimento de renda, a dificuldade encontrada está na ausência, quase que total de informações referentes à quantidade produzida e valor médio comercializado nos municípios da região, sua forma de processamento e armazenamento, uma vez que toda a produção comercializada é proveniente de fragmentos nativos e não de sistemas implantados.
É interessante a formulação de uma proposta que vise à implantação de pomares de araucárias em áreas rurais, podendo ser até mesmo inseridas em Reservas Legais ou Áreas de preservação permanentes (App), em forma de adensamentos, ou ainda, criação de sistemas produtivos em caívas ou agroflorestais e silvipastoris, para garantir o suprimento de pinhões nos próximos 20 ou 30 anos, reduzindo dessa forma a pressão sobre as árvores nativas que tendem a diminuir a produção com o passar do tempo por se tornarem árvores velhas.
FLONA
A coleta de pinhões na Floresta Nacional de Três Barras (Flona), por questões de conservação da fauna, estará aberta ao público a partir do dia 9 de abril. Para ter acesso às áreas de coleta, os coletores devem se dirigir à Sede da Unidade e preencher a Ficha de Coleta. Neste momento receberão as orientações sobre as áreas autorizadas e as quantidades permitidas por pessoa, além de outras informações pertinentes. Na Flona de Três Barras é permitida apenas a coleta de pinhões desfalhados e em áreas definidas pela equipe da Unidade. A coleta ou derrubada de pinhas e a coleta em áreas não demarcadas são expressamente proibidas e passíveis de enquadramento na Lei dos Crimes Ambientais.