Com saldo positivo, Celesc começa a pagar dívida histórica com a região

Foto: Coletiva de imprensa para anunciar lucro da estatal/Divulgação

Estatal promete investir R$ 30 milhões somente neste ano em duas subestações e melhorias na linha de transmissão

 Depois de anos amargando saldo negativo, a Celesc comemorou nesta semana lucro de R$198,9 milhões no fechamento do ano de 2013, revertendo o prejuízo de R$255,7 milhões apurado no ano de 2012.

Em 2012, a Celesc apresentou prejuízo por conta, principalmente, do provisionamento de despesas do Programa de Demissão Voluntária que contou com a adesão de 753 empregados. Em 2013, já computando parte dos benefícios da redução dos custos gerenciáveis, frutos das novas lógicas implantadas pelo Programa de Eficiência Operacional, entre eles a queda de 6,3% nas despesas com remuneração de pessoal, a Companhia volta a apresentar desempenho positivo.

O resultado do balanço foi apresentado em coletiva de imprensa na segunda-feira, 31. “Demos início, ainda em 2011, à implantação de programas visando uma grande transformação na Companhia em busca de mais eficiência e produtividade e as medidas adotadas vêm se refletindo claramente nos nossos resultados” afirmou o presidente Cleverson Siewert.

O lucro dá novo fôlego às autoridades do Planalto Norte para cobrar a dívida histórica que a estatal tem com a região.

Terminada a safra de fumo e com o fim do verão, as quedas de energia elétrica diminuíram na região, mas devem voltar no final do ano caso nenhuma providência seja tomada.

A Celesc já está construindo uma nova subestação em Papanduva e promete melhorar a linha de transmissão da área urbana. Também promete para os próximos meses o início de uma segunda subestação em Canoinhas, na localidade do Rio d’Areia.

As medidas, no entanto, não resolvem o problema no interior, segundo o assessor de planejamento da Federação dos Trabalhadores do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), Irineu Berezanski. Ele afirmou que a rede da Celesc que está sendo construída é trifásica apenas para a área urbana. Dessa forma, mesmo com as obras do novo sistema, os agricultores vão estar sujeitos a novas quedas de energia.

A informação teria sido dada pelo técnico da Celesc, Victor Guimarães.

Siewert já havia dito em entrevista ao CN que não tem como tornar trifásicas todas as linhas da região, o que seria ideal para evitar novas quedas. Ele citou o alto custo para tanto e o fato de que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) obriga o consumidor a arcar com até 70% do custo como empecilhos para a mudança.

Siewert afirma que20% de tudo o que a estatal pretende investir neste ano será no Planalto Norte. Siewert reconhece que o serviço tem sido inadequado. “O serviço não está sendo da forma como imaginávamos. A Celesc, sabe, reconhece o problema e já tem a solução encaminhada”, garantiu.

 

CRONOLOGIA DOS APAGÕES

21 DE FEVEREIRO DE 2013

Depois de sucessivas quedas de energia, gerente regional da Celesc, Marcos Antonio Rauen, diz que ratos seriam a causa do problema.

 

22 DE FEVEREIRO

Prefeitos de Irineópolis Bela Vista do Toldo, Canoinhas, Itaiópolis, Mafra, Major Vieira, Monte Castelo, Papanduva, Porto União e de Três Barras formam comitiva para cobrar explicações da estatal.

 

3 DE JUNHO

Cerca de 75 mil pessoas ficam sem energia elétrica por sete horas em Canoinhas, Três Barras e Bela Vista do Toldo.

 

23 DE JULHO

Com neve histórica, localidades da região ficam por dois dias sem energia elétrica.

 

20 DE SETEMBRO

Pelo menos 15 comunidades do interior de Canoinhas ficam sem energia elétrica. Houve quedas também em Bela Vista do Toldo, Porto União e Mafra. A maioria das localidades ficou sem luz por mais de 100 horas.

 

31 DE OUTUBRO

Depois de inúmeras reclamações sobre seu call Center, a Celesc anuncia serviço de mensagem de texto para reclamar da falta de energia.

 

DEZEMBRO

Com a temporada de secagem de fumo, as quedas de energia se tornam cada vez mais frequentes. Um avicultor perdeu 20 mil cabeças de frango em Canoinhas por falta de energia nos aviários e o prefeito de Papanduva decreta situação de emergência energética.

 

13 DE JANEIRO DE 2014

Cerca de 150 agricultores de Canoinhas e região protestaram contra as constantes quedas de energia na região. No dia seguinte, a Celesc emite nota se dizendo solidária com os moradores da região.

 

16 DE JANEIRO DE 2014

Presidente da Celesc anuncia o início da construção de uma subestação em Papanduva e o lançamento de edital para a construção de uma segunda subestação em Canoinhas.

Obra da linha de transmissão de 138.000V entre os municípios de Canoinhas e Papanduva também foi retomada.

 

Dívida da Celesc com a região é antiga

Acredite, se vivemos um momento conturbado com a Celesc, já foi bem pior. Por duas décadas, entre 1950 e 1970, empresários e prefeitos peregrinavam a Florianópolis pedindo por melhorias no fornecimento de energia.

A Associação Empresarial de Canoinhas (Acic) foi criada por inúmeras razões, mas teve na precariedade da Canoinhas Força e Luz, que distribuía a energia fornecida pela Celesc, um dos fatores que levou à união do empresariado. O racionamento de energia prejudicava a produção. Boa parte das máquinas era submetida à precariedade das caldeiras. Com o avanço da tecnologia em municípios vizinhos, o empresariado não se conformava com as restrições que retardavam o crescimento da economia local. Depois de tanta pressão, a Canoinhas Força e Luz foi extinta e a Celesc assumiu o fornecimento de energia elétrica de forma direta, o que melhorou a prestação do serviço.

 

 Conta de luz deve ficar mais cara em 2015

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quarta-feira, 2, durante entrevista no programa Bom Dia Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que o reajuste de energia de 2015 deve ser um pouco maior, já que o custo da eletricidade no País aumentou.

Ele lembrou, no entanto, que o Tesouro Nacional está liberando R$ 4 bilhões às distribuidoras de energia para mitigar parte desse problema e compensar parte do reajuste. Ele ressaltou que o aumento na conta de luz não será linear para todas as companhias. “Existe uma regra para reajustes de energia elétrica e cada empresa tem o seu. O reajuste vai acontecer, será um pouco maior, mas não tudo que é devido porque o governo estará compartilhando parte do custo com consumidor”, afirmou.

 

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