
Incentivada principalmente pelos setores mecânico e têxtil, a indústria de transformação catarinense foi a que mais criou novas vagas no Brasil em 2013. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Santa Catarina abriu 20,1 mil novos postos de trabalho no ano passado. O resultado é seguido pelo Paraná, com 15,1 mil, pelo Rio Grande do Sul, com 14,3 mil, e São Paulo, com 13,4 mil empregos.
O setor têxtil foi o que mais abriu vagas em número absolutos: foram 4.457 empregos gerados. Em seguida, ficou a indústria mecânica, que gerou 3,4 mil, e a indústria de alimentos e bebidas, com 2,7 mil. Na comparação com 2012, o setor mecânico foi o que apresentou o maior crescimento percentual, com um avanço de 5,84%.
Na contramão do Estado, em Canoinhas, os setores de comércio e serviços fecharam 2013 com 6.493 empregos ativos, o que corresponde a 56,82% do total de mão de obra registrada. A indústria, por sua vez, fechou o ano com 24,58% dos empregos formais, aqueles com registro em carteira. Os dados, no entanto, não retratam fielmente a realidade, considerando que há apenas 494 empregos formalizados na agropecuária. A maioria dos agricultores trabalha sem carteira assinada.
MAIS BELAVISTENSES NO SERVIÇO PÚBLICO
Em Bela Vista do Toldo, 63,07% da mão de obra formal trabalham no serviço público. Para o prefeito Gilberto Damaso da Silveira (PMDB), o dado reflete uma particularidade local. “Praticamente 85% do giro da economia vêm da agricultura, que não formaliza a mão de obra.”
O prefeito vê com muita preocupação a necessidade de atrair agroindústrias para a região. “Trabalhamos junto ao Ministério da Integração Nacional para isso. Já tivemos três reuniões em Brasília para tentar fortalecer a vinda de empresas para a região. Temos o apoio do governador. Só o oeste e o litoral estão crescendo. Para a nossa região, não vem nada”, desabafa.
Em Major Vieira, a administração pública também é a maior empregadora depois de comércio e serviços que, juntos, respondem por 37% dos empregos formais. São 29,64% dos empregos registrados em carteira ligados ao poder público.
Da mesma forma, em Irineópolis o serviço público emprega 35,05% da população com carteira assinada. Comércio e serviços correspondem a 43% dos empregos. Também no caso de Irineópolis, a informalidade graça no setor agrícola.
INDÚSTRIA LIDERA EM TRÊS BARRAS
Na contramão da região, em Três Barras 55,64% dos empregos formais estão na indústria. O crescimento da MWV Rigesa e Mili S.A. no ano passado foi responsável pela maioria dos empregos criados em 2013. Foram 286 empregos novos somente na indústria. A administração pública contratou mais no ano passado também. Foram criados mais 149 empregos na esfera pública municipal. Prefeito Elói Quege (PP) reforça a importância da expansão da Mili e MWV Rigesa, lembrando ainda outras pequenas indústrias que têm se fortalecido. Ele lembra ainda dos casos de serviços surgidos a partir da expansão dessas empresas. Segundo o prefeito, os empregos criados na esfera pública correspondem, a maioria, a vagas no setor de Educação.
MERCADO DE TRABALHO
Amplanorte busca apoio para atrair indústrias
Principal dificuldade é a distância dos portos e a concorrência desproporcional com o litoral do Estado

Secretário executivo da Associação dos Municípios do Planalto Norte Catarinense (Amplanorte), Helio Daniel Costa, diz que a tentativa de aumentar o número de indústrias na região é prioridade da Associação. Segundo ele, os prefeitos têm mantido diálogo constante com o governador Raimundo Colombo. “Temos uma distribuição de renda desproporcional. Em Canoinhas, por exemplo, há 1,7 mil empresas enquadradas no Simples ou como microempreendedores individuais, mas se você fizer a relação custo/retorno para a prefeitura, não chega a 15% do ICMS. Paralelamente, a CIA Canoinhas, sozinha, representa quase 15% (da arrecadação). Não é que temos de desprezar a pequena empresa, mas sim, incentivar a grande indústria para estimular a pequena empresa. Não é interessante para os pequenos sair do Simples, porque eles têm uma situação tributária diferenciada e vantajosa. As empresas maiores querem entrar no Simples e as que estão não querem sair mais”, diz Costa.
O secretário frisa que há negociações intensas com grandes empresas para que elas invistam na região, mas a concorrência é grande. “O grande problema é concorrer com a região de Garuva a Itajaí, com cinco portos e sujeito a ter mais. Áreas planas, com pequenos negócios que se darão muito bem em função dos grandes. Existe esforço coletivo dos prefeitos no sentido de lançarmos um plano com apoio do Ministério da Integração”, afirma.
Costa alerta para o custo social dos municípios cada vez mais elevado sem nenhum grande investimento da iniciativa privada para ajudar a suprir esses gastos. “A melhor saída é instalação de grandes indústrias”, acredita Costa.