Comissão de Saúde debate desafios na gestão da pandemia de covid-19

Secretário André Motta Ribeiro falou sobre os desafios para evitar a segunda onda de contágio

 

 

As ações da Secretaria de Estado da Saúde no enfrentamento à covid-19 pautaram reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, realizada por videoconferência, nesta terça-feira, 18. O secretário André Motta Ribeiro participou da reunião, proposta pelo deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), e falou sobre os desafios na organização da rede de saúde para evitar a segunda onda de contágio pelo novo coronavírus nos próximos meses.

 

 

 

O secretário reconheceu que o Estado tem dificuldade de organizar algumas questões dentro da rede e defendeu a necessidade de os municípios assumirem sua responsabilidade na gestão da crise. Dos 56 hospitais existentes em Santa Catarina, 13 são de gestão estadual e os demais são municipais ou filantrópicos. “Estamos reforçando as solicitações de prestação de contas dos recursos até agora disponibilizados para municípios e hospitais e de estoques de insumos que dizem respeitos às UTIs [Unidades de Terapia Intensiva].”

 

 

 

Mais 120 leitos de UTI poderiam ser ativados, totalizando quase 800 leitos exclusivos para atendimento de covid-19, conforme o secretário, mas existem dificuldades de contratação de profissionais, de insumos e medicamentos. No esforço de melhoria do planejamento para os próximos meses, Ribeiro destacou ainda a necessidade de aprimorar a triagem e o isolamento dos pacientes contaminados, com a rastreabilidade de seus contatos e a ampliação da testagem.

 

 

 

A curva de óbitos e contágios (mais de 1,8 mil mortes e 121 mil casos confirmados) ainda está em aceleração e isso está relacionado a uma dificuldade extrema da população catarinense em entender a necessidade de distanciamento social, o que impacta diretamente nos serviços de saúde e na classificação de risco, de acordo com o gestor estadual. “De qualquer forma, o estado conseguiu se estruturar de uma forma que todos os cidadãos que precisam têm atendimento”, disse o secretário.

 

 

Questionado pelo deputado Dr. Vicente Caropreso sobre os instrumentos de controle da Secretaria de Estado da Saúde, o secretário informou que as tecnologias existentes estão sendo constantemente atualizadas, que as pessoas receberam treinamento, mas que precisa haver um esforço (nos municípios) de preenchimento correto das informações em plataformas como as salas de situação e o e-SUS. Já está em curso uma auditoria nos hospitais que receberam recursos para enfrentamento da Covid-19. O foco principal seria a gestão dos estoques de insumos para UTIS. “Já distribuímos medicamentos para todos os hospitais. Precisamos saber o que temos estocado, qual o consumo médio, o que cada ente precisa fazer.”

 

 

 

Dr. Vicente opinou que a prestação de contas é importante e que os órgãos de controle poderiam dar um apoio. “É extremamente pertinente essa preocupação, que não pode ser encarada somente por um ente federado. No meio dessa pandemia, é preciso otimizar recursos. Desejamos saber onde estão sendo aplicados os recursos que foram descentralizados, o que está sendo feito nos municípios.”

 

 

 

SERVIÇOS DE HEMODIÁLISE
Questionado pelos parlamentares sobre a crise financeira nos serviços de hemodiálise, assunto tratado em audiências públicas realizadas na segunda-feira, 17, o secretário informou que o caminho apontado é a suplementação de recursos pelo Estado (de R$ 61 por atendimento) e pelos municípios, mas que não houve concordância de todas as prefeituras em arcar com o custo extra.

 

 

 

O deputado José Milton Scheffer (PP) sugeriu verificar se é possível utilizar recursos emergenciais para o custeio das clínicas de hemodiálise.

 

 

 

TESTAGEM
Santa Catarina já realizou 250 mil testes de covid do tipo PCR e outros 250 mil testes rápidos.  O Estado planeja comprar mais 300 mil testes e demanda ao Ministério da Saúde o repasse de outros 500 mil. O presidente da Comissão de Saúde, deputado Neodi Saretta (PT), questionou o secretário sobre por que insistir em testes rápidos se há indícios de que 60% dão resultados incorretos. Ribeiro respondeu que os testes rápidos têm aprovação da Anvisa. “O que se percebe é a forma de usar incorreta. Quando não se utiliza dentro do número de dias que precisa ser utilizado, dá resultados falsos negativos, por isso há necessidade de qualificação.”

 

 

 

José Milton Scheffer sugeriu que as universidades treinem profissionais de saúde para atuar na pandemia. “Temos visto hospitais com grande dificuldade de contratação de profissionais. A Secretaria não consegue ter braço para treinar profissionais nas regiões.”

 

 

 

VACINAÇÃO
Questionado pelo deputado Ismael dos Santos (PSD) sobre as eventuais tratativas para aquisição de uma futura vacina, o secretário opinou que a compra precisa ser centralizada pelo governo federal, que já fez um acordo com a Astra Zeneca para aquisição de 30 milhões de doses e produção de outros 100 milhões de doses no território brasileiro pela Fiocruz. Deverá haver uma pactuação para que esse montante seja dividido entre os estados de forma igualitária. A Astra Zeneca é o laboratório que vai comercializar a vacina, em fase de testes, desenvolvida em Oxford, na Inglaterra. “Há uma expectativa de que até dezembro se tenha um resultado positivo em vacinação”, disse Ribeiro. Até lá, o gestor estadual de saúde espera que as medidas tomadas no estado sejam suficientes para conter uma segunda onda de contágio, como as que têm ocorrido em outros países e estados brasileiros.

 

 

 

A reunião virtual da Comissão de Saúde contou ainda com a participação dos deputados Valdir Cobalchini (MDB), Ada de Luca (MDB) e Coronel Mocelin (PSL).

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