Considerações sobre o livro “Rum na Lama Vermelha”

Adair Dittrich escreve sobre seu segundo livro, que lançara nesta sexta-feira, dia 1º                                                  

 

Madrugadas nevoentas. Noites gélidas. Um pequeno aquecedor a gás confortando o corpo. E o calor de letras atrás de letras sendo disparadas rapidamente sobre folhas de finos e coloridos papéis a confortar o espírito.

 

 

Depois, pelo teclado da pequena Olivetti páginas e mais páginas iam ficando repletas de novos poemas, novas histórias, novos textos que inundariam o “Barriga Verde”, o nosso jornal de todos os domingos.

 

 

Contos que foram enviados para alguns concursos literários nasceram naquela sala que ficava em frente ao verde da praça, que ficava em frente às resplandecentes luzes da praça.

 

 

Minha amiga poetisa Isis Maria tecendo histórias poéticas, entrelaçando palavras, formando frases…

 

 

Tempos depois um livro a ser publicado já fazia parte de nossos planos. Juntamos pedaços de papéis, folhas esparsas, velhos retalhos manuscritos. Juntamos o que pensávamos ser o nosso melhor com poemas de outra amiga com quem palmilhávamos estas tentativas encantadas de poetar, a nossa velha amiga Rita Clarice Zimmermann sempre presente.

 

 

O tempo separa amigos apenas em distâncias físicas, mas, não separa almas que se completam. E, na distante Lages Isis foi montando o nosso livro. Que seria “Para além do azul…” Onde, eternamente ficou… muito além de… para além do azul… Os tempos eram outros e as tentativas de se publicar um livro tornaram-se, para nós, apenas tentativas.

 

 

Foi nesse tempo que rabisquei esta história que agora tornou-se um livro. Foi neste tempo que brotou o embrião de “Rum na Lama Vermelha”. Uma história que seria incrustada naquele que seria o “nosso livro”.

 

 

Em uma noite eu a rabisquei. Em uma tarde o datilografei. E em gavetas, baús e caixas da vida por quase quarenta anos incubada a história ficou.

 

 

Foram as instigações de meus amigos Imortais da Academia de Letras do Brasil/Canoinhas que me fizeram abrir o baú das memórias, o baú das coisas guardadas, onde encontrei o velho manuscrito e as vinte e seis páginas datilografadas em folhas de papel almaço não pautado, em espaço simples, sem margens…

 

 

 

Escritos, que, lentamente eu fui digitando… esticando, para dar maior volume. e a história foi tomando forma. Na época, seria, para mim, um romance já concluso. Curto, mas romance.

 

 

Seria um livreto apenas. Fino. Poucas páginas. Um recheio seria necessário para que de romance, mesmo, pudesse ser chamado. Mas, nesse ínterim, eu já estava escrevendo os textos para este nosso JMais, textos que fazem parte de ‘O Meu Lugar”, o meu primeiro livro.

 

 

E a história que então eu arquivara sob o título “Esboço de um livro”, foi ficando para trás. Quando o esboço já tomara corpo, outro nome provisório em minha mente esvoaçava e imaginei batizá-lo de “História de um amor impossível”. Como inúmeros são os amores impossíveis já transitados e a transitar por este mundo que, ao burilar as últimas linhas do último capítulo eu já pensava em chamá-lo “Rosas para a Noite de meu Bem”, e entre este e o título final fiquei titubeando. Até uma enquete entre os Imortais amigos fizemos para decidir pelo batismo final.

 

 

 

Dizer “Obrigada!” aos que tornaram possível a publicação de “Rum na Lama Vermelha”, parece que estou fazendo uso apenas de uma palavra tão batida em nossa portuguesa língua. Mas, colocar palavras no papel é o que mais gosto e sei fazer. E, ao dizer “Obrigada!” eu afirmo exatamente isto. Que eu devo uma obrigação:

 

 

Ao Professor Ederson Luiz de Matos Mota, por seu trabalho em realizar a revisão e pelas palavras por ele escritas para a contracapa.

 

 

Ao Professor Pedro Penteado do Prado, pelo tempo dispendido em revisar meu livro e pelas artísticas ilustrações que o valorizaram.

 

 

À Professora Rosane Godoi, que redigiu o prefácio, transformando o romance vivido por Alícia e Eduardo em uma saga.

 

 

Ao Jornalista e Mestre Edinei Wassoaski, pela primorosa diagramação, pela bela foto da capa, pela paciência em estar sempre presente, incentivando e animando.

 

 

Ao pessoal da Uniuv pela elaboração da Ficha Catalográfica e seu encaminhamento ao ISBN em tão curto espaço de tempo.

 

 

Assim nasceu “Rum na Lama Vermelha”. Espero que vocês o acolham como têm acolhido os meus textos neste espaço.

 

 

 

Prefácio

“Adair brinda-nos com mais uma obra de extrema sensibilidade demonstrando toda sua maestria com as letras e sua maturidade como escritora. Sua intimidade com a linguagem e sua capacidade de entender e descrever o ser humano em toda sua amplitude e complexidade resultam em uma obra literária com pinceladas de realismo machadiano.

 

 

            Itacugi, uma pequena cidade do interior deste imenso Brasil, é o cenário para a história de amor entre a jovem médica recém-formada Alicia e Eduardo. A autora não se prende apenas aos dramas típicos do desenrolar de um romance, ela vai além. Ao narrar a história, demonstra intimidade com as artes, com a música e com a essência humana, fazendo aguçar os sentidos e aflorar o sentimento e a emoção no leitor. Paralelamente à história entre a médica e o farmacêutico, várias outras histórias são entremeadas, entrelaçadas, sem que a riqueza de detalhes faça com que a história perca sua linearidade ou sequência lógica mantendo o leitor atento durante todo o desenrolar da trama.

 

 

            Ao descrever a saga de Alicia em Itacugi no início dos anos 60, Adair Dittrich nos apresenta também a um Brasil subdesenvolvido com suas mazelas, com carências e deficiências ainda muito conhecidas e muito atuais. Retrata ainda o momento político e histórico que passava o país descrevendo o clima de perseguição e medo que tomava conta das ruas e o drama vivido pelas famílias dos perseguidos políticos.

 

 

            Os personagens que ilustram a trama principal são aqueles que todos conhecemos mesmo sem nunca tê-mo-los encontrado e que vamos reconhecendo pouco a pouco ao sorvermos as palavras. A argumentação utilizada pela autora faz de Rum na Lama Vermelha uma história para ser degustada, para ser sentida, mas também para ser digerida, lentamente, dada a profundidade e tamanha a riqueza dos fatos e da narração.

 

 

            A autora usa e abusa de inversões sintáticas compondo um texto forte, cheio de figuras de linguagem, lançando mão de um vasto e riquíssimo vocabulário sem tornar a leitura enfadonha.

 

 

            Impossível ler Rum na Lama Vermelha sem transportar-se para a pequena Itacugi e ali passar a residir convivendo com seus personagens e seus dramas. Itacugi não é um lugar ermo, não é somente ficção. Itacugi mora em cada pequena cidade do interior do Brasil, em cada bairro, em cada esquina. Itacugi é aqui e é também ali.

 

 

            Ao findarmos as páginas do livro ficamos com sede de mais histórias, de mais uma obra de Adair Dittrich. Seu nome caminha lado a lado com os grandes expoentes da nossa literatura.”

 

 

                              Prefácio de Rosane Godoi

 Professora e Acadêmica fundadora da Academia de Letras do Brasil/ALB/Canoinhas

                             Titular da Cadeira Nº 2

 

 

Contracapa:

“Adair e o romance – considerações estéticas

            Todo romance possui uma base épica que se manifesta em suas personagens principais. A viagem que Adair roteiriza para este caso de amor profundo oscila entre a agonia, vidas atormentadas, e o êxtase, a felicidade curta, mas absorvida intensamente.

 

 

            Parece uma história comum, dentre tantas que se escreve por aí, mas chama a atenção o teor dramático impresso no enredo, que estabelece o que se chama de universalidade à história.

 

 

            Há muito do eu-interior e, mais ainda, da experiência de vida da narradora com várias marcações significativas de sua existência. Alícia e Eduardo formam um par romântico de diferentes concepções, Romeu e Julieta, o que representa outra possibilidade do romance, mostrando que as diferenças podem ser neutralizadas por um intenso amor.

 

 

            Além de tudo, Adair se esmera com descrições fidedignas de um estilo de época, anos sessenta, citando canções, filmes, costumes, falas, trejeitos próprios do período o que engrandece e valoriza o trabalho literário. Eis a atmosfera do romance.

 

 

            A cada capítulo, gradativamente, aumenta-se o desejo de ler o próximo, sempre surpreendente e com lógica sequencial. A linguagem, como é de praxe, apresenta-se castiça e apurada e, no discurso direto, o tratamento é feito na segunda pessoa, o que revela intimidade e proximidade das personagens.

 

 

            Ler textos desta natureza vale a pena, porque torna-se uma fonte de conhecimento, sempre revestido do prazer da leitura e da experiência de vida.”

 

 

                              Texto da contracapa: Ederson Luiz Matos Mota

 Professor e Membro fundador daAcademia de Letras do Brasil/ALB/Canoinhas

                             Titular da Cadeira Nº 4 

 

 

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