Contradições à moda brasileira

Ederson Mota escreve sobre  a Lei de Abuso de Autoridade                                                                            

 

   “Desmandos e arbitrariedades, marcas da violência dos

                          falsos mandatários que se abrigam sobre o manto da

                          impunidade”. (Elmo)

 

Há uma discrepância evidente entre o que se diz, leia-se o que se promete, e a realidade atual brasileira. Discordâncias de quem ocupa o poder, em todos os níveis, que se espalham Brasil afora em obras inacabadas, projetos mal elaborados, desperdícios de toda ordem, materiais e humanos, péssimo atendimento dos órgãos prestadores de serviço e, o que é pior, o menosprezo de quem foi eleito pela sociedade, que demonstra total inoperância e evidente descaso, assim que recebe a dúbia diplomação, após o resultado das urnas.

 

E o desemprego, atualmente em torno de 13 milhões de pessoas, não aparece claramente como prioridade para os que governam a nação, conduzindo ao entendimento de que o cidadão brasileiro é apenas um detalhe incomodativo neste jogo de interesses pessoais e dos grandes conglomerados, que contribuíram, geralmente com caixa 2, para eleger esses iluminados, a maioria com lâmpadas queimadas pelo desprestígio da classe e pela ausência da ética na política que praticam.

 

São tão poucos, mas conseguiram, através de acordos e conchavos,  praticamente levar uma riquíssima nação à bancarrota. E as contradições continuam nos tapetes forenses dos recursos, dos adiamentos, das cansativas declarações de inocência, das prorrogações, dos meandros da legislação, das oitivas, das investigações e outras possibilidades, que sempre favorecem essa minoria de arremedos democráticos, denominados representantes.

 

Agora, aprovou-se no congresso nacional uma legislação própria dos regimes autoritários – a famigerada lei do Abuso de Autoridade – um mecanismo de auto-proteção, sem qualquer respaldo popular, para proteger exatamente parlamentares que têm dívidas expressivas com o erário, alegando que ficaram sem qualquer cobertura, mesmo diante de provas substanciais, na tentativa de criar mecanismos próprios do continuísmo, do coronelismo e das constantes arbitrariedades praticadas. O receio provém da operação Lava-jato, certamente, que atingiu grande parte dos membros da câmara e do senado da república.

 

Porém, o projeto de lei de aspiração popular, com 10 medidas eficazes contra a corrupção, contendo 2 milhões de assinaturas, foi deformado na sua essência, mostrando ao povo brasileiro que os parlamentares defendem, antes de tudo, seus próprios interesses e governam de costas para a sociedade brasileira.

 

A contradição prossegue alvissareira com a fabulosa despesa ocasionada para manter pessoas descompromissadas com os anseios do Brasil, em tempos de profunda crise econômica nacional. Cortar o orçamento para colaborar com o tesouro nacional, jamais; para destinar mais recursos à saúde e educação, nunca; canalizar dividendos pessoais para a segurança, nem pensar.

 

Se o sacrifício é de todos, vamos dividi-lo por uma questão moral e por que não dizer legal?

 

Mas, a contrapartida virá em seguida, com exceção daqueles envolvidos em ideologias ultrapassadas; pois em 2018 haverá eleições e, desta feita, o povo brasileiro saberá discernir e renovar os quadros tradicionais viciados e infestado de políticos profissionais acomodados que marcam posições com desmandos e implacáveis perseguições.

 

“Mudanças históricas são lentas, dolorosas e exigem sacrifício, compreensão e persistência. Abrir janelas, há muito cerradas, provoca impacto e rejeição aos filhos das trevas”.

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