Delegado que desvendou sequestro de Nataniel Ribas morre em Florianópolis

Foto: Governador Raimundo Colombo acompanhou o velório/James Tavares/Secom
Renato Hendges era conhecido como Renatão/Alesc
Renato Hendges era conhecido como Renatão/Alesc

Morreu na madrugada desta quarta-feira, 16, o delegado aposentado Renato Hendges, da Divisão Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic). O delegado lutava contra um câncer na coluna e bexiga.

Entre os mais de 30 sequestros nos quais atuou na investigação, se destaca o do ex-prefeito de Papanduva, Nataniel Ribas, em junho de 2007. Hendges lembrava que este foi o único sequestro que investigou que terminou com a descoberta da execução da vítima.

O Deic concluiu que  Nataniel morreu lutando na entrada de sua fazenda, distante cinco quilômetros do centro de Papanduva, no primeiro momento do sequestro.

O adolescente de 17 anos, que confessou participação no crime, foi a principal fonte de informações da Polícia.

O adolescente confirmou que abordou Nataniel no portão de sua fazenda, com um revólver calibre 32 em punho, mas não esperava reação por parte do empresário.

Como Nataniel teria reagido avançando contra ele, o menor diz que deu quatro disparos, mas nenhum atingiu Ribas. Foi quando, segundo o menor, o ex-policial rodoviário Ivan Schfauser, que estava à espreita, entrou na briga tomando a arma de sua mão e disparando dois tiros contra Nataniel. Neste momento, de acordo com o menor, Nataniel já estava imobilizado. Disse que ouviu de Ivan que só matou Ribas porque o ex-prefeito o havia reconhecido e estava muito ferido por conta de um golpe desferido pelo menor com um cassetete fornecido pelo ex-vereador de Papanduva José Novinski, que seria o mandante do crime. O adolescente diz que Nataniel morreu no momento do segundo tiro.

Todos os envolvidos, com exceção do menor, foram julgados e cumprem penas em diferentes presídios.

O velório de Hendges acontece no ginásio de esportes da Academia da Polícia Civil de Santa Catarina (Acadepol), em Florianópolis.

Renatão, como era chamado pelos amigos, será cremado às 19h desta quarta-feira, em Balneário Camboriú. A filha do delegado Márcia Hendges relatou os últimos dias com a família e sua vontade quando viesse a falecer. “A luta dele foi digna é árdua até o fim e quando ele iria começar a sofrer muito, recebeu um presente. Foi levado por Deus sem grande sofrimento. Estamos aqui na Acadepol, onde saem os grandes heróis da sociedade e tenho certeza que é algo que gostaria, porque lutou por isso e levou a Polícia Civil de Santa Catarina para o Brasil. Ele conseguiu se despedir de todos os familiares um dia antes de seu falecimento e um dos pedidos era ser cremado”.

No dia 2 de abril, o governador Raimundo Colombo e o vice Eduardo Pinho Moreira participaram de uma cerimônia de homenagem ao delegado, que se aposentou no início de 2014 por problemas de saúde, após 48 anos de serviço público, sendo 42 anos na Polícia Civil. “Tivemos a condição de entregar para ele a medalha Anita Garibaldi que é a maior honraria que o Estado pode conceder a alguém. Foi uma homenagem muito importante”, comentou o governador.

“Hoje a Segurança Pública do Estado e a sociedade estão de luto. Perdemos um dos grandes valores, que combateu o crime por 48 anos e é um exemplo a ser seguido. Um grande guerreiro, um grande policial e nós temos que prestar todo o respeito por seu trabalho em prol da sociedade catarinense”, disse o secretário de Estado da Segurança Pública, César Augusto Grubba.

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