Em Canoinhas, o Hospital Santa Cruz teve cinco leitos descredenciados, mas segue com outros cinco credenciados
O corte de recursos federais para UTIs destinadas à covid-19 e a busca e apreensão executada pela Polícia Federal na Casa da Agronômica para apurar possível envolvimento do governador Carlos Moisés no caso dos respiradores agitou a sessão de quarta-feira, 30, da Assembleia Legislativa.
“Após seis meses foi cessado o repasse do governo federal, mantendo-se apenas 50% dos leitos em hospitais de referência. Em Timbó, o Hospital Oase, referência na UTI para covid, teve redução de 30 para 15 na sua capacidade. Os demais municípios tiveram redução de 100%. Recebi representantes de Gaspar, lá eles tinham 10 leitos, gostariam de ficar com cinco, mais foi cessado qualquer parceria com o governo federal e estadual”, denunciou Ismael dos Santos (PSD). Em Canoinhas, o Hospital Santa Cruz teve cinco leitos descredenciados, mas segue com outros cinco credenciados.
O deputado ponderou que são cerca de 150 UTIs, que a pandemia não terminou e que a taxa de ocupação é de 34%.
“Digamos que tenhamos uma segunda onda, como é que fica? Isso é lamentável, se há reconhecimento de que a taxa de ocupação é de 34%, como vamos zerar as UTIs de Covid?, perguntou o deputado, que apelou para o diálogo entre o governo estadual e federal.
Neodi Saretta (PT) e Ada de Luca (MDB) acompanharam Ismael.
“A pandemia só trouxe coisas ruins, mas que pelo menos deixe um legado na estrutura, estes leitos são importantes que permaneçam. Não dá para uma cidade ter todos os seus leitos de UTI suprimidos, a meta deveria ser a manutenção de todos eles, salvo um ou outro improvisado”, afirmou o presidente da Comissão de Saúde.
“Nada mais justo que estes leitos de UTI fiquem onde estão, antes já era um inferno, agora teremos muitas sequelas deixadas pela covid, fora as cirurgias adiadas, hemodiálises. Não vejo outra saída com dignidade e zelo pelo povo, a não ser que deixem as UTIS”, declarou Ada.
José Milton Scheffer (PP) pediu o empenho dos deputados, do Executivo e dos representantes do estado em Brasília para auxiliar os hospitais atingidos pelos cortes.
“Os hospitais estão aguardando a habilitação das UTIs, precisamos somar esforços com os hospitais e pedir ao Ministério da Saúde que habilite estes leitos, ainda estamos no meio da pandemia”, justificou Scheffer.
Sargento Lima (PSL) alertou para outras situações emergenciais que eventualmente podem ocorrer.
“A pandemia não nos trouxe nada de bom, mas serviu para evidenciar algo frágil e inoperante, que é a saúde, que vinha pendurada no soro a vida inteira. Que nunca mais (o estado) seja pego de calças curtas e se use da ignorância para tomar decisões”, alertou o representante de Joinville.
Já o deputado Ivan Naatz (PL) repercutiu a operação da PF determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) na Casa da Agronômica e no Centro Administrativo no âmbito da investigação sobre a compra ilegal dos respiradores.
“Um dia trágico para Santa Catarina, dia que marca a história, pela primeira vez a PF avança sobre a Casa da Agronômica. Se apontou o dedo para muito governador, para muita gente, mas jamais a PF havia entrado na Casa da Agronômica. Acho que chegou ao fim, o termo melancólico de um governo incapaz, que não conhece o diálogo, os princípios republicanos e agora mancha o estado permitindo que a PF avance às seis da manhã”, relatou Naatz.
O deputado ressaltou a importância da CPI dos Respiradores e sugeriu a renúncia do governador Moisés.
“Renuncia e salva Santa Catarina”.
Paulinha (PDT), líder do governo, contestou o representante do Partido Liberal de Blumenau.
“Não é a primeira vez, nem será a última que algum agente público receberá a visita de órgãos investigativos para busca e apreensão”, lembrou a parlamentar, que pediu aos colegas para não fazerem juízo antecipado do Chefe do Poder Executivo.
“Não nos cabe ser algozes do governador, a verdade vai chegar e é a ela que eu recorro”, pontuou a deputada.