Dilma caiu por falta de habilidade política

Leia a análise do colunista Edinei Wassoaski, que acompanhou votação no Senado nesta semana

 

Ninguém pode dizer que Dilma Rousseff não sabia que sua situação chegaria ao extremo do afastamento como vimos nesta semana. Circulando pelos corredores do Senado e da Câmara dos Deputados, ouvi de muita gente, desde faxineiros até deputados e senadores, que não dava mais. Dilma tinha de sair.

Como ela deixou a situação chegar aonde chegou, é um mistério que, creio, só a soberba possa explicar. Dilma confiou unicamente no voto popular para governar. Esqueceu-se que para governar é preciso ter boa parte da classe política ao seu lado. Ignorou solenemente os desafetos e desdenhou aliados, tratando-os como capachos e não como parceiros. Quem melhor soube traduzir o governo Dilma foi o senador Fernando Collor de Mello, vejam só, justo ele, afastado da presidência em 1992 e que, agora, concordou com o impeachment da presidente.

Muito se falou na legitimidade do afastamento. Aliados lembraram que se Dilma é punida tendo por base a Lei de Responsabilidade Fiscal, para ser justo, tem de se destituir todos os governadores e uma boa porção de prefeitos.

A oposição, por sua vez, diz que Dilma cometeu erros fiscais gravíssimos, o que não deveria, mas se soma aos efeitos nefastos da Operação Lava-Jato. Os dois lados têm razão. Parece exagero afastar uma presidente por crime de responsabilidade fiscal. Por outro lado, não tem como ignorar os tantos atos de corrupção já descobertos, que aconteceram no jardim do Palácio do Planalto. Mas o jogo ainda não está finalizado. Quem vai ganhar essa queda de braço saberemos em até seis meses.

 

Waldir, o palhaço

Pelos corredores do Congresso Nacional um dia antes da votação de admissibilidade do impeachment não se falava no afastamento de Dilma, dado como certo, mas sim em Waldir Maranhão, o apatetado presidente da Câmara dos Deputados que tinha, um dia antes, suspendido e, em questão de horas, restaurado a validade da votação do impeachment na Câmara.

>>> A propósito, quem acha que pior que está não fica, vai a dica:  o deputado Fernando Giacobo (PR-PR) pode ser o novo presidente da Câmara. Ele agora é o vice-presidente interino e ficou mais conhecido por ter ganhado 12 vezes na Loteria. Vai ter sorte assim lá em Brasília.

 

coluna menor>>> Senador Dario Berger é observado por jornalistas enquanto faz seu pronunciamento a favor do impeachment de Dilma em visão da sala de imprensa do Senado. Perguntado pela coluna se Temer é a solução para a crise brasileira, Berger pediu cautela. “Quero crer que sim, mas só o tempo dirá”, respondeu.

 

 

 

coluna maiorPrefeitos Elói Quege (Três Barras) e Beto Faria (Canoinhas) com o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário do governo de Michel Temer, Osmar Terra (de gravata), uma noite antes da nomeação em jantar na casa do deputado federal Mauro Mariani. Também aparece na foto o vice-prefeito Wilson Pereira e o vereador Chiquinho da Silva, além do deputado Valdir Colatto.

 

Mariani fortalecido

Em Santa Catarina, quem mais ganhou com a ascensão de Michel Temer é o deputado federal Mauro Mariani. Como presidente estadual do PMDB, Mariani conduziu o primeiro processo de afastamento do Governo no País. Depois que o diretório catarinense abandonou o barco do Governo, vários outros diretórios caíram fora.

Mariani tem fortes laços com Eliseu Padilha, que vai assumir a Casa Civil, além de já ter conversado diversas vezes com Temer sobre seu agora concreto governo.

A facilidade que Mariani terá para dialogar com o Governo deve beneficiar Santa Catarina e, consequentemente, sua campanha para o Governo do Estado. O deputado deve usar os prováveis dois anos e meio de governo Temer para impulsionar seu nome como o mais viável para a disputa pela Casa d’Agronômica. Essa tática de apegar-se ao Governo Federal já deu certo antes.

 

 

FRASE: “O plano B do PP para o governo em 2018 se chama Gelson Merisio”

Do deputado federal Esperidião Amin, eterno pré-candidato ao governo, que nesta semana se reuniu com lideranças do PP e PSD

 

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A votação da admissibilidade do impeachment rende histórias de bastidores tão boas quanto as do plenário. A forma como a imprensa monta sua cobertura é um exemplo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RÁPIDAS

R$ 14 MIL: foram indisponibilizados da conta do ex-prefeito de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti. O valor corresponde a um encarte de prestação de contas de seu governo que, para a Justiça, exalta a imagem do então prefeito. Cabe recurso.

POLÊMICA: Injustos os ataques ao vereador João Grein (PT) por participar de manifestação pró-Dilma no oeste. O direito ao livre protesto é garantido pela Constituição.

SERÁ?: Se Grein fosse flagrado protestando contra o Governo receberia tamanha reprovação?

EM BRASÍLIA: Quem esteve na Capital nesta semana foi o vereador Genérico, que não se cansou de contar nos gabinetes pelos quais passou que pediu seus votos em cima de sua querida bicicleta.

DISCURSO: Prefeito Beto Faria, que liderou a comitiva canoinhense na Marcha dos Prefeitos em Brasília, ficou emocionado ao discursar na tribuna da Câmara dos Deputados em homenagem ao senador Luiz Henrique. Isso, um dia antes da abertura do impeachment de Dilma.

ROMARIA: Aliás, o que mais se viu em Brasília esta semana foram prefeitos e vereadores, que foram para a Capital para participar da Marcha. Com o impeachment travando o Congresso, deputados e senadores não tinham nada além de café para oferecer aos visitantes.

 

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