Discussão sobre redução de salários tem de ser franca e honesta

Cobertos de eufemismos, os discursos dos vereadores sobre seus próprios salários escondem a má vontade de boa parte deles para com o projeto. Não lhes tiro a razão. Campanhas são caras e o exercício de mandatos também não sai barato. Já escrevi aqui outras vezes. Do polpudo salário de R$ 8,8 mil (de fato um exagero para as obrigações que o ofício demanda), boa parte dos vereadores gasta metade para comprar prêmios para bingos, pagar contas de luz e água e afins que a criativa imaginação do eleitor pode tirar da cartola. É correto? Não, mas se um faz, os outros, por questão de sobrevivência política, fazem também.

    Portanto, a redução do salário do vereador poderia ser um bom motivo para acabar com essa relação promíscua que, em última instância, é compra de votos.

     A discussão aberta pelo vereador Paulo Glinski (PSD), amparada pela opinião pública, é salutar e necessária, mas não pode ser pautada por extremos, seja do lado de quem defende trabalho voluntário, seja de quem defende que está bom do jeito que está. É hora de os vereadores debaterem com absoluta honestidade o custo que demanda a atividade (e não profissão) da vereança. Qual o custo efetivo para um vereador dispor de duas noites e, eventualmente, de algumas tardes ou manhãs para dedicar ao Legislativo? Essa é a pergunta que tem de ser feita e respondida com a mais absoluta honestidade. Chega-se a uma cifra e propõe-se ao plenário para que todos votem abertamente diante do povo.

     Reduzir salários ajuda, mas não coíbe abusos, que podem muito bem ser cometidos por meio de diárias, concedidas de maneira livre e frouxa. Ademais, é preciso rever salários que passam dos R$ 10 mil pagos a funcionários da Câmara que têm de se prestar a fazer intrigas de sala em sala pelo fato de não ter o que fazer. E o que falar das viúvas de ex-funcionários que receberão pensão da Câmara até o fim da vida?

     Para além disso, é preciso reduzir o repasse do Executivo para a Câmara, a fim de coibir a politicagem com recursos devolvidos no fim de cada ano.

 

Inconstitucional

Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Renato Pike (PR) já avisou que deve apontar em plenário, logo depois do carnaval, a inconstitucionalidade do projeto de Paulo Glinski (PSD). A Câmara não pode mexer em salários de efetivos e isso ocorre quando o projeto prevê reduzir os salários dos supervisores municipais. Dessa forma, entre idas e vindas, o projeto não vai a votação antes de março.

*** Se a ideia de Paulo Glinski era colocar a faca no pescoço do prefeito Beto Faria (PMDB), obrigando-o a vetar a redução dos salários, não funcionou considerando a resposta dada quando questionado se ele vetaria ou sancionaria o projeto é de que seguirá a vontade da Câmara. O tiro, aliás, pode sair pela culatra. Vereadores já dizem que não apoiarão Beto Passos (PSD) por ser do mesmo partido que Glinski. O sentimento geral entre os vereadores é de traição.

 

 

Fogo cruzado

Elói Quege (PP) deseja apoiar Gilson Nagano (DEM) na disputa pela prefeitura de Três Barras em outubro. O problema é que Nagano tem acerto com o PR de Barriga (inimigo mortal de Quege) e Daniel da Cruz. O acerto, inclusive, prevê Nagano na cabeça com Cruz na vice.

 

 

Sombra e água fresca

Vice-prefeito de Bela Vista do Toldo, Eraldo Schiessl (PP) não põe os pés na prefeitura há meses. Nem pra receber o salário, já que a grana cai na sua conta. Schiessl rompeu com Gilberto Damaso (PMDB) depois que o prefeito demitiu uma de suas apadrinhadas.

*** Falando em Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti (PSDB) tem um grande empecilho para disputar a prefeitura. As contas de sua segunda gestão, em 2010, foram rejeitadas pela Câmara, o que o levou à inelegibilidade por 8 anos.

 

RÁPIDAS

BOA NOTÍCIA!: Quem acompanhou a visita dos prefeitos à sede da JBS, garante. A empresa já está com os dois pés em Canoinhas. Beto Faria, no entanto, só deve anunciar o investimento quando tiver 100% de certeza.

ALIÁS: 2016 é o ano em que a Aurora começaria a investir em Canoinhas se verdade fossem as bravatas contadas em 2007.

MAIS UMA BOA NOTÍCIA: Três Barras deve receber investimento de mais de R$ 1 bilhão, superior à badalada expansão da Rigesa em 2013. Anúncio oficial deve sair nos próximos meses.

TROCA: Elói Quege assume a presidência da Amplanorte em março. O cargo hoje é ocupado pelo prefeito de Bela Vista do Toldo, Gilberto Damaso.

QUER SER DEPUTADO: Quege, aliás, está certo de que, deixando a prefeitura, focará na disputa pela Assembleia em 2018.

20 DIAS: É o novo prazo aprovado pelo Senado para licença-paternidade.

R$ 50 MILHÕES: Foram gastos no ano passado em auxílio-moradia para desembargadores, juízes, procuradores, conselheiros, auditores e deputados estaduais catarinenses.

 PRA CHORAR: São até R$ 4,3 mil depositados religiosamente na conta de cada um dos 1.208 integrantes da elite do funcionalismo público catarinense.

 

Rolar para cima