Do Reno ao Sena

Embora estivéssemos em outro país, não tivemos problema com a língua, pois estávamos em casa com nossos anfitriões que a tudo explicavam. Fácil foi o câmbio para o marco alemão. Fácil foi o absorver a cultura e os costumes, já tão nossos conhecidos.

Gosto muito das águas. Gosto muito dos mares. Gosto muito dos rios. Então divago pela geografia dos mares por onde andei. Pela geografia dos rios que percorri.

Deixando o Reno, em direção ao Sena, em Paris, seguiríamos na manhã seguinte.

Mas eu preciso falar de mais uma surpresa reservada ainda para as nossas horas finais daquele dia de tantas emoções e correrias.

Cidade de Bonn/Arquivo
Cidade de Bonn/Arquivo

Fomos a Bonn onde uma deslumbrante noite nos esperava. Incluíram-nos num convite recebido do Adido Cultural de nossa Embaixada para um vernissage que incluía telas de renomados artistas plásticos brasileiros.

Enquanto seguíamos rumo ao local do evento percorremos as ruas da capital da Alemanha Ocidental com tempo suficiente para conhecer a casa de Ludwig van Beethoven.

 

 

Casa de Beethoven/Divulgação
Casa de Beethoven/Divulgação

A casa do gênio do Reno onde está o seu piano. O piano onde ele entrava por osmose para dedilhar seus conflitos de alma, seus conflitos de vida. Onde estão as suas partituras originais. Onde estão os aparelhos por ele usados na tentativa de dirimir sua surdez …

E então chegamos ao espaço das artes. Onde brilhantes concertistas de piano, violino e violoncelo nos brindaram com a bela e emotiva “Sonata ao Luar”, com o famoso “Concerto do Imperador”, com a conhecidíssima “Für Elise”, tudo tão Beethoven.

Enquanto nós observávamos as pinturas expostas pelas paredes e painéis, e nos deleitávamos com as melodias majestosamente executadas, servidos eram deliciosos canapés acompanhados pelos finos vinhos tintos, brancos e espumantes renanos.

Necessário foi acordar mais cedo no dia seguinte para empreendermos nossa grande aventura por novos rincões europeus.

Deslizamos em bela manhã de sol em um carro novo e bem equipado, por fantásticas rodovias, desde Ahrweiler até Joinville, nos arredores de Paris.

Sim, a cidade de Joinville, na França, de onde veio o Príncipe que casou com Dona Francisca, filha de Dom Pedro II, o Príncipe de Joinville.

A cidade de Joinville, ponto final escolhido por Alberto para pernoitarmos por ser local de um excelente camping onde nos acomodaríamos.

Sim, era para um camping que Alberto nos levaria em seu carro. E num trailer que, devidamente instalado e rebocado pelo automóvel, seguiriam nossas bagagens. Um trailer completo com confortáveis camas, cozinha e serviço de copa. Uma casa ambulante. Mas, como era apenas um trailer anexo, dentro dele não era permitido que pessoas viajassem.

Foi quase um dia inteiro na estrada até que aportássemos nos arredores de Paris. O carro não poderia desenvolver altas velocidades. Pelo trailer que estava puxando. Para que desfrutássemos do panorama. Para que desfrutássemos dos locais que Alberto e Ana queriam que conhecêssemos.

Trier
Trier/Divulgação

Imperdível a visita a Trier, a cidade de muralhas romanas no norte mais norte que os conquistadores do sul atingiram deixando suas marcas. A cidade das fontes de banhos fantásticos onde se deleitaram os Césares.

Deixando-se o trailer em uma área de repouso nos arredores adentramos a cidade até onde permitido era um carro rodar.

Ainda contemplo, em minha mente, os enormes paredões da milenar muralha. No meio daquela antiguidade toda um delicioso e moderno café, onde, é claro, suvenires foram acrescentados à nossa coleção e uma deliciosa xícara de nossa Coffea arabica fomos apreciar.

Luxemburgo
Luxemburgo

E depois de Trier, conhecer Luxemburgo, o Grão Ducado de Luxemburgo, país das colinas e dos bosques. Conhecer a cidade de Luxemburgo, a cidade das colinas e das pontes, das casamatas e dos caminhos subterrâneos. Admirar castelos milenares. Admirar os modernos edifícios de concreto e vidro. Entre eles uma das sedes do Parlamento Europeu.

Entre Luxemburgo e Paris paramos em uma aprazível área de descanso. Onde Ana preparou um delicioso lanche com ingredientes trazidos de sua casa.

Ao ar livre, sob frondosas árvores, ouvindo ao longe, na rodovia, o ronco dos motores. Vendo, no horizonte as montanhas distantes …

Nossa jornada era lenta. Muito a se ver. Com muito a se extasiar. Mas, em realidade, a viagem de Ahrweiler a Paris por aquelas rodovias pode ser feita em tempo inferior ao que se leva para ir de Curitiba a São Paulo. Ana nos contou que os filhos deles junto com amigos, muitas vezes, saíam de festas na Alemanha e iam a Paris tomar o café da manhã com croissants fresquinhos …

Era dia ainda quando chegamos ao camping de Joinville. No local, previamente reservado, Alberto instalou seu trailer fazendo a devida ligação elétrica e a instalação de água corrente. Imensa era a área do camping, mas estávamos num espaço privilegiado, nas cercanias dos chuveiros, dos sanitários, dos escritórios e dos bufês.

Enquanto nós, mulheres, nos arrumávamos para o nosso primeiro passeio, Alberto, no escritório de turismo, estudava o itinerário do dia seguinte.

Champs Élysées
Champs Élysées

De carro fomos até a mais próxima estação de metrô. Tomamos uma linha que nos deixou bem no coração da Champs Élysées, a famosa e bela avenida onde tudo é possível.

Estávamos em pleno Arco do Triunfo, no centro da Praça Charles de Gaulle e de seu topo descortinamos as doze avenidas que dele se originam, e em linha reta seguem para distantes pontos da cidade. Estávamos no ponto central da Étoile.

Percorremos a pé o longo caminho que nos levaria à Torre Eiffel, passando pelas charmosas fontes do Jardim do Trocadéro.

Torre Eifel
Torre Eiffel

A Torre Eiffel, a mais admirada torre do mundo.

Eu não sabia se melhor seria subir pelas escadas ou pelo panorâmico elevador. E do alto o desbunde de ver o entardecer de Paris. A tênue obscuridade anunciando-se e dando lugar a muitas luzes, a um mar de luzes que, como ondas, vão aos poucos tomando conta da cidade. Da Cidade-Luz!

Descortinar Paris através do avarandado transparente do Jules Verne, sofisticado restaurante na famosa torre localizado, é um espetáculo estonteante que se leva na memória ad eternum.

Descortinar a Torre Eiffel iluminada, lá de baixo e depois, na distância é outro estonteante espetáculo que se leva pela vida.

 

 

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