Para além disso, instiga o espectador a descobrir a autoria de dois crimes horrendos
JUSTIÇA?
Quem teria coragem de matar a melhor amiga? E a filha de quatro anos? E se no primeiro caso a amiga fosse sequestrada, asfixiada e, depois, levasse um tiro no pescoço com um dardo de caça? E se para completar a filha tivesse agonizado até a morte depois de ter o pescoço cortado por um caco de vidro?
Pesado, não?
Pois é por tudo isso e mais alguma coisa que Fri Palmers está prestes a enfrentar um tribunal de júri. Ao longo de dez episódios, a série belga Doze Jurados, disponível na Netflix, vai nos mostrar algumas pistas que ao invés de esclarecer, aumentam as dúvidas. Fri nega os dois crimes, ocorridos com um intervalo de mais de dez anos, e o público, assim como os 12 jurados, fica em dúvida. Sua expressão de vítima e as atitudes dúbias de seu ex-marido, da sua atual esposa e da sogra dele aumentam a suspeita de que Fri é mais vítima do que as que se foram.
Mas o foco da série que a faz ser diferente das demais do gênero “tribunal” está nos jurados e no estudo sobre o quanto a bagagem pessoal influencia em uma decisão tão séria como selar o destino de alguém. Dessa forma aparece a vítima de violência doméstica que acaba se envolvendo com um compulsivo por sexo. Delphine vive um relacionamento abusivo, mas só se percebe nessa triste situação ao passo que o julgamento avança. Tem também a menina que perdeu os pais durante um traumático assalto e o empreiteiro que se culpa pela morte de um imigrante ilegal que trabalhava na sua empresa.
Todas as experiências que essas pessoas vivem (e viveram) vão moldando a opinião deles sobre Fri. Nós, também, vamos, a partir das nossas experiências, formando nossa opinião.
Os debates ao final entre os jurados mostra o quanto um julgamento pode ser frágil e maleável por mais que baseado em um inquérito bem conduzido. Vale para os belgas. Vale para nós.