EDERSON MOTA: Águas juninas e ferinas

“Enquanto a turba inconsciente aprofunda-se nos circenses e alienantes espetáculos, parte sulista e produtiva da nação afoga-se no sofrimento e perdas ocasionadas pelas torrentes implacáveis de junho, capricho da natureza, exaurida pela agressão da presença humana.” (Elmo)

 

Mas a tragédia em si não comoveu as autoridades em evidência, pois o que se viu, até agora, foram esforços esparsos e até mínimos para auxiliar as vítimas, especialmente as mais desamparadas e humildes. Discursos e promessas de ajuda foram muitos, especialmente de quem tem as chaves e os segredos dos cofres públicos, que primam pela descomunal concentração de recursos oriundos dessa acachapante carga tributária e pela duvidosa redistribuição de recursos o que, na verdade, pune os mais necessitados deste país.

Enquanto as tragédias, tais como inundações, secas, assassinatos, protestos violentos, roubos, corrupção, sistema de saúde deficitário, educação precária e mobilidade social crítica infernizam o povo brasileiro, “a maior e melhor copa de todos os tempos” corre solta, desenfreada, colorida, festiva, Brasil afora, como se dois mundos convivessem no mesmo espaço; um, imaginário, opulento, carnavalesco, alegórico, movido a comemorações e vitórias momentâneas, outro, desiludido, cabisbaixo, sem rumo, em desgoverno, lutando contra inflação, baixos salários, elevação do custo de vida, descaso de mandatários e obrigado a assistir inerte à falácia incessante, preestabelecida, ensaiada, encenada e dramatizada pelos autodenominados condutores da nação.

Os sentimentos de um povo não são objetos de manipulação de interessados em permanecer no poder a qualquer preço e devem merecer um mínimo de respeito e consideração, sendo um dos grandes motivos das fortes reações populares que ocorrem no Brasil. Quando se tenta comandar o pensamento das massas, corre-se o sério risco de perder a credibilidade, a autoridade, a noção de equilíbrio e até a governabilidade, com fortes tendências a ressuscitar regimes autoritários, justicialista, fascistas, bolivarianos e anti-republicanos, recheados de desmandos e atitudes antidemocráticas,

O panorama que se desenha, a partir da expressão “vencer a qualquer custo”, ouvido em importante e recente convenção política, torna-se preocupante, pois tal posicionamento pode colocar em estado crítico o lema fundamental expresso no estandarte nacional: Ordem e Progresso, bem como os preceitos estabelecidos na Carta Magna de 1988, base das estruturas do que conhecemos como República Federativa do Brasil.

As águas de junho trouxeram lágrimas às pessoas e muito sofrimento às vítimas desse infortúnio inesperado, porém muitas reflexões despontaram sobre as limitações humanas, o abandono e o menosprezo de “supostos líderes nacionais”, a burocracia traumática em vigor, a indignação e a capacidade de reação, alicerce da reconstrução.

O que aqueles que dirigem os destinos do país esquecem é que ao encerrar essa “farra bilionária”, chamada de copa, iniciam as campanhas eleitorais majoritárias e, em seguida, a hora e a vez de todos os flagelados e excluídos desse imenso país escreverem nas urnas a verdadeira e única história digna desse momento – o voto livre e soberano é a resposta ao modo de como vivemos, sentimos, agimos e pensamos.

ício do período eleitoral em 5 de julho, o Governo não pode assinar nenhum convênio com municípios sob pena de ter o mandato cassado.

 

Para o Governo, o período eleitoral deve apenas atrasar o processo. O secretário da Casa Civil, Nelson Serpa, garante que todos os Municípios terão acesso aos recursos.

“Cerca de 50% do programa está concretizado. Vamos assinar mais 60 até o período permitido, devido à Lei Eleitoral, chegando a 70% do valor programado. Vai haver uma interrupção por conta da Lei, mas vamos retornar, pois os recursos estão garantidos”, afirmou Serpa.

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