Nenhum candidato a deputado estadual e federal conseguiu se eleger entre Porto União e Campo Alegre
TRÁGICO
O presidente da Câmara dos Vereadores de Canoinhas, Cel Mario Erzinger (PR), traduziu a decepção: “Respeito os 115 candidatos que receberam votos aqui em Canoinhas, mas se quisermos desenvolver nossa região, nós temos que eleger um deputado”. Na sequência constatou o óbvio: Canoinhas não consegue eleger dois deputados estaduais.
Se havia alguma dúvida disso, essa eleição deixou clara. Leoberto Weinert (MDB) fez 20.679 votos, ante 23.407 de Renato Pike (PR). Pike dizia, e com absoluta precisão, que precisava de 25 mil votos para ser eleito. Com essa soma de sufrágios ele estaria na Assembleia. Acabou tendo de se contentar com a segunda suplência.
Leoberto, por sua vez, tinha uma coligação mais concorrida, com um percentual mais elevado de votos para conseguir emplacar. Tanto que ficou como nono suplente do partido alcançando votação próxima a de Pike.
Mas não é essa a questão. Fato é que as boas votações de ambos mostram que não há espaço para dois representantes canoinhenses na Assembleia. Na eleição passada, quando Beto Passos (PSD) peitou Antonio Aguiar (PSD), o então emedebista suou para se manter na Assembleia. Os 17 mil votos de Passos quase tiram Aguiar da Alesc. Não fosse o prestígio que o médico conquistou fora do reduto canoinhense corria sério risco.
Já era um alerta que a classe política teimou em não ouvir. Mafra fez pior: lançou cinco nomes à disputa. Lá, por sinal, a votação foi bem mais pulverizada. Agora aí está o resultado. De Porto União a Campo Alegre, o Planalto Norte catarinense não terá um representante sequer na próxima legislatura.
Dos eleitos, a que pegou mais votos em Canoinhas foi Paulinha, ex-prefeita de Bombinhas. Com míseros 291 votos, não precisa ser gênio para imaginar que tratamento ela dará a Canoinhas. Óbvio também que a prioridade para ela estará no litoral.
Fica como desafio para a próxima eleição as siglas deporem as armas e discutir com seriedade qual seria o nome certo para representar a região. As entidades de classe poderiam fomentar esse debate. Agora, que abre mão? Eis as crucial questão.
DESESPERADOR
Com quase 20% do eleitorado de Santa Catarina, os 26 municípios do Norte do Estado deveriam contar com uma bancada entre sete e oito deputados estaduais. Hoje são sete, mas a partir do ano que vem, só quatro, todos da região de Joinville.
Kennedy Nunes (PSD) e Vicente Caropreso (PSDB) se reelegeram. Patrício Destro (PSB) e Silvio Dreveck (PP) ficaram na suplência. Os demais concorreram a uma vaga na Câmara Federal.
Além dos dois reeleitos, o Norte terá Sargento Lima (PSL) e Fernando Krelling (MDB).
Observado isoladamente, o Planalto Norte não terá deputado estadual, nem federal, em 2019.
CONSOLO (SQN)
Com menos de 100 votos conquistados em Canoinhas, Valdir Cobalchini (MDB) foi o eleito mais próximo da região. Ele tem como base eleitoral a cidade de Caçador. Mas durante anos como deputado e até como secretário estadual de Infraestrutura, não conseguiu sequer um bom tapa-buraco na SC-135, que liga Porto União a Caçador.
DESPROPORÇÃO
O quociente eleitoral permite distorções como a que deu um mandato como deputado estadual a Ivan Naatz (PV). Por causa da legenda ele se elegeu com míseros 14.685 votos. Além de Leoberto e Pike, outros como Dirce Heiderscheidt (MDB), com 32.332 votos, não entraram. Silvio Dreveck (PP), atual presidente da Alesc, ficou de fora com 29.631 votos.
DESEMPENHO FRACO
Mauro Mariani (MDB) foi o mais votado em Canoinhas, mas perdeu em colégios eleitorais importantes como Joinville, Jaraguá do Sul e Chapecó. Na maioria ficou em terceiro lugar, atrás do surpreendente Comandante Moisés (PSL), que surfou legal na onda Bolsonaro.
MAIS VOTOS
Dos cinco deputados da bancada catarinense que se reelegeram, apenas dois conseguiram ampliar a votação com relação a eleição anterior. Geovânia de Sá (PSDB), com seus R$ 2 milhões de recursos de campanha, passou de 52.757 votos em 2014 para 101.937 neste ano. Carmen Zanotto (PP) foi de 78.607 para 84.703 votos.
NA PIOR
O PT teve o desempenho mais fraco desde 1998. Apesar de ir ao segundo turno, o partido vê a rejeição crescer e a intenção de votos despencar.
O PSDB também sofreu revés histórico. Com pífios 4,8%, Geraldo Alckmin confirmou a derrocada dos tucanos. Sua votação (5 milhões) foi menor que a quantidade obtida por João Doria na disputa pelo governo de São Paulo (6,4 milhões).
E quando se cogitou Doria ao Planalto, a imprensa e gente do próprio ninho tucano tratou de boicotar. O maior boicote, no entanto, veio de um iludido Alckmin.