Juntos, eleitos gastaram R$ 51,3 mil
FRANCISCANOS
Marcos Homer (Podemos) gastou 4,5% do total gasto por Wilmar Sudoski (PSD) nas eleições municipais deste ano. Sudoski, o recordista, gastou R$ 16.770 conforme prestação de contas ainda parcial enviada à Justiça Eleitoral. Homer apenas R$ 700. Os dois foram eleitos.
No total, os dez eleitos gastaram R$ 51,3 mil. Excluindo o valor gasto por Sudoski, os outros nove eleitos gastaram R$ 34.530, o que corresponde a R$ 4,4 por voto.
O mais votado, Gil Baiano (PL), gastou R$ 1,7 mil, bem menos que suplentes como Edison Kuroli (R$ 13,9 mil), Cel Mario Erzinger (R$ 11 mil) e Fabiano Freitas (R$ 11 mil).
Os dados (se 100% fiéis) mostram que o eleitor não privilegiou quem investiu mais em campanha neste ano, mas sim, biografias. Gil Baiano pode até ter cometido a confissão de que se elegeu sem projetos e promessas, mas tem a vereança como profissão. Leia-se um rol de favores que presta dia e noite a um eleitorado que corresponde com sua fidelidade.
Se Tati é um ícone na luta contra maus-tratos a animais, Godoy despontou por levantar-se da cadeira de assessor da Juventude e chamar os jovens para atividades saudáveis. Zenilda Lemos tem um histórico de 20 anos trabalhando pela assistência social, ao passo que Maurício Zimmermann tem uma longa ficha corrida de serviços prestados a agricultores.
Osmar Oleskovicz ganhou a simpatia do magistério ao costurar a devolução de direitos como triênio e aumento salarial por graduação durante o primeiro mandato de Beto Passos, quando foi secretário de Educação.
Juliana Maciel, por sua vez, soube muito bem usar o cargo de diretora do Procon para de fato ajudar as tantas pessoas que procuravam a entidade a fim de serem ressarcidas de abusos comerciais. Um simples “eu entendo” já é o suficiente para conquistar o eleitor.
Wilmar Sudoski é admirado no Campo d’Água Verde pelo trabalho que faz na Comunidade São Francisco, ao passo que Silmara Gontarek se tornou líder comunitária no Rio dos Pardos.
Marcos Homer já organizou diversos eventos para a juventude de forma voluntária e também trabalha na defesa dos animais de rua.
Disso conclui-se o que a coluna já apontou antes da eleição. Se não tiver uma ficha de bons serviços prestados a sociedade, ou se tem muito dinheiro ou se ganha notoriedade pelo intelecto. Do contrário, fica difícil se eleger.
CANOINHAS BATE NO PEITO
Embora o volume de despesas já realizadas e declaradas pelos candidatos ainda seja parcial, um dos 40 tipos de gastos padronizados pelo TSE já supera o valor de 2018.
A “produção de jingles, vinhetas e slogans” já consumiu R$ 29 milhões, contra R$ 22,8 milhões do declarado em toda a eleição de 2018.
Entre as maiores reduções de gastos observadas até agora está a conta de telefone apresentada por partidos e candidatos. De R$ 527 mil em 2018 para R$ 45 mil em 2020, até agora.
SEM DANOS
A juíza eleitoral Marilene Granemann de Mello arquivou denúncia contra o site Gazeta Tresbarrense sobre a divulgação de uma pesquisa feita a pedido do site à Equação Marketing e Consultoria. A pesquisa não só dava vitória a Gilson Nagano (PL) como deturpava um gráfico com uma fatia bem mais generosa a Nagano que a atribuída a Luiz Shimoguiri (PSD), cuja diferença, segundo a pesquisa, era bem pequena. Como a pesquisa se mostrou equivocada e Shimoguiri ganhou a eleição, a juíza entendeu que não houve prejuízo ao prefeito reeleito.
SOBRE PESQUISAS
Importante dizer que nestas eleições as pesquisas sob encomenda de partidos, esquentadas quase sempre por veículos de imprensa que se prestam ao degradante papel de laranjas, perdeu força. Em Canoinhas, onde na eleição passada o mesmo jornal chegou ao cúmulo do esdrúxulo ao trazer uma pesquisa pró-Beto Passos e outra pró-Beto Faria, não houve divulgação de nenhuma pesquisa.
Em Três Barras Shimoguiri encomendou e divulgou pesquisa sem usar de terceiros. Já Nagano, suspeita-se, foi quem pagou pela pesquisa divulgada que o beneficiava equivocadamente.
CENTRÃO AVANÇA
Partidos do atual centrão ou que já fizeram parte do bloco ampliaram nestas eleições o controle de municípios que foram mais beneficiados pelo auxílio emergencial do coronavírus.
Somados, PP, PL e Republicanos (principais legendas do grupo hoje alinhado a Jair Bolsonaro), PSD (que costuma votar com o bloco, embora negue integrá-lo) e MDB (que já foi expoente do centrão, mas se distanciou) avançaram no primeiro turno e ocuparam principalmente o espaço de siglas de esquerda.
Levantamento feito pela Folha de S.Paulo mostra que as cinco legendas venceram 57% das eleições nos 200 municípios com a maior proporção de moradores atendidos pelo benefício. Até então, os partidos controlavam 41% dessas prefeituras.
RESUMO
O colunista Lauro Jardim do jornal O Globo trouxe a informação de que o entorno do presidente Bolsonaro resumiu o resultado da eleição municipal da seguinte forma: o eleitor escolheu quem disse que sabe tampar o buraco, e não quem é contra ou a favor de armas e aborto.
84%
da verba eleitoral gasta pelo PSL nacional foi investida em campanhas derrotadas
“Coisas inacumuláveis: ser racista e permanecer humano”
do ministro aposentado Ayres Britto