“Eles reclamam de falta de diálogo, mas não dialogam comigo”, diz diretor do HSCC sobre prefeitos

Em coletiva na manhã desta sexta-feira, 25, prefeitos da região reclamaram de Derby Fontana

 

 

O diretor administrativo do Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC), Derby Fontana Neto, disse que se surpreendeu com a entrevista coletiva concedida na manhã desta sexta-feira, 25, na prefeitura de Canoinhas. Ele disse que ficou sabendo em cima da hora, quando o presidente do Conselho Deliberativo do HSCC, João Mário Groskopf, foi convidado.

 

 

Respondendo aos prefeitos da região, que por unanimidade demonstraram desejar a saída de Derby da administração do HSCC, ele disse que os prefeitos reclamam de falta de diálogo, “mas não dialogam comigo. Fui a todas as prefeituras, mas eles acham que por receber recursos públicos o Hospital Santa Cruz tem obrigação de atendê-los de graça. Só de Bela Vista do Toldo são 54 pacientes por semana. Não pagam nada”, exemplificou.

 

 

Derby negou que tenha pedido demissão, conforme o prefeito Beto Passos (PSD) teria falado em entrevista à Rádio Clube, conforme Derby. “Coloquei meu cargo a disposição. cabe ao Conselho Deliberativo decidir meu destino”, afirmou. “Sou um profissional. Se eu não tiver espaço no Hospital Santa Cruz, terei em outro lugar. Comentei que no calor de uma conversa se está todo mundo achando que o problema sou eu, que me demitam. Mas continuo funcionário do Santa Cruz”, garantiu.

 

 

Na segunda-feira, 28, haverá reunião do Conselho Deliberativo do HSCC e a expectativa é que a permanência ou não de Derby à frente do HSCC seja colocada em pauta. “Não vou me manifestar. Devo minha obediência a eles e quem decide sobre o meu trabalho são eles”, afirmou Derby.

 

 

ELOGIOS

A despeito da opinião dos prefeitos da região, o vice-prefeito de Canoinhas, Renato Pike (PR), elogiou o administrador em entrevista ao programa Repórter 98, da 98FM. “A estrutura atual é necessária? A pergunta é essa. Aumentou o número de funcionários e reduziu o número de internações. O CDI dá prejuízo, mas os prefeitos dizem que foram os prefeitos que pediram, tudo isso tem de ser apurado”, ponderou ao afirmar que a saída de Derby não deve resolver os problemas financeiros do HSCC. O vice-prefeito defende uma reunião de conciliação entre os prefeitos e a direção do HSCC.

 

 

MÉDICOS

Houve reação, também, de médicos de Canoinhas com relação a fala do prefeito de Major Vieira, Orildo Severgnini (MDB), que criticou o “pessoal de branco” por “ditar regras” no HSCC. Eles dizem que nem do Conselho Deliberativo podem fazer parte conforme decisão de outubro do ano passado proibindo quem seja associado ou prestador de serviços que utilize a estrutura do hospital de fazer parte do Conselho. “É como se nenhum engenheiro civil pudesse participar da diretoria do Crea ou o advogado da diretoria da OAB”, ponderou o médico Marcelo Galotti, que fez parte do Conselho por 14 anos.

 

 

“Faz muitos anos que nenhum médico participa de nada no hospital”, diz outro médico que opera no HSCC, ouvido pela reportagem sob a condição de anonimato, frisando que “os médicos que trabalham hoje no HSCC, especialmente o pessoal de sobreaviso, foi escolhido pelo Derby. A minha opinião é que a administração é fraca mesmo. Não acho que seja desonesta, mas fraca mesmo”.

 

 

Ele critica, sobretudo, a falta de buscas por recursos, afirmando que já se ofereceu para ajudar a buscar recursos por meio de programas, mas não obteve retorno da direção do HSCC.

 

 

REPASSE

Segundo a secretária Zenici Dreher, o Município não dispõe dos R$ 1,5 milhão prometidos para o HSCC. “Abriremos mão de outras ações na área da saúde para fazer o repasse de R$ 125 mil ao mês ao hospital para cobrir despesas de custeio”, afirmou. O recurso garantirá a continuidade do atendimento à população pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no hospital e pela maternidade. “Estamos apresentando essa proposta para que seja discutida no Conselho na segunda-feira, 28, a fim de mantermos os contratos até o dia 31 de dezembro deste ano. Então gestantes e todos que por ventura precisem do hospital podem ficar tranquilos que o atendimento gratuito está garantido. Observo que para os serviços específicos de especialidades, maternidade e cirurgias eletivas, os recursos já estavam previstos para o ano todo”, afirma o prefeito Beto Passos (PSD).

 

 

A prefeitura quer a retomada das cirurgias eletivas, suspensas desde o começo desta semana. Com o repasse, o Município sugere que seja elaborado plano de redução de gastos e planejamento estratégico, além da retomada do diálogo com outros municípios para buscar recursos.  Dos 3.386 internamentos realizados em 2018, quase 190 eram de pacientes de outros municípios. “Vamos levar tudo para o Conselho na segunda-feira”, disse o presidente do conselho deliberativo, João Mario Groskopf.

 

 

Durante a coletiva desta sexta, a secretária de Saúde lembrou que o Município de Canoinhas não tem dívidas com o hospital. “A dívida do Governo do Estado com o hospital é de quase R$ 1 milhão. Não tivemos nenhum repasse do Estado”, informou. A prefeitura também continua dando suporte ao hospital sendo a porta de entrada para urgência e emergência com Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

 

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