André Mülhbauer disse que sabia que estava sendo gravado e que fez críticas para deixar seus interlocutores à vontade para oferecer-lhe dinheiro em troca de informações
O coordenador da campanha de Beto Passos (PSD), André Mühlbauer teve um áudio divulgado e compartilhado por mais de 100 usuários do Facebook em apenas uma hora na noite deste sábado, 2.
No áudio atribuído a André, ele diz que fez a campanha de Beto Passos e Renato Pike apenas porque sua empresa tinha um contrato com a campanha, mas que ao meio-dia do dia 30 de setembro, encerrando o contrato, ele pode tirar o adesivo dos candidatos. Disse, também que a “casa da mãe Joana será um exemplo de solidez e ética” perto da Prefeitura (numa possível administração de Passos). No áudio, afirma, também, que vai votar em Beto Faria (PMDB) e que se Passos for eleito, a Rocha (Empreendimentos) vai ganhar as licitações, levantando suspeita de que os candidatos teriam acordo com a empresa. “Vão indicar o cabeça da licitação e, imediatamente, o cara vira leiloeiro, numa cotação de diesel o cara tem de ter tempo de compra pra daí ser leiloeiro, não é do dia para a noite. Então o que acontece nessa situação: vai ter um de nome e um de fato, por isso que vai virar uma máfia essa situação”. Chama, ainda, de picaretagem os negócios de Pike e afirma que o candidato a vice vai administrar a prefeitura. “Vai administrar aquela porra igual aquela lavação que virou picaretagem de automóvel”, diz.
CONTRAPONTO
Ao JMais, André disse que na quarta-feira, 28, recebeu em sua casa a visita dos candidatos Beto Faria e Wilson Pereira, do advogado Décio Damaso e de Tarciso de Lima e Alexey Sachweh, que apoiam a campanha de Faria.
O coordenador diz que fez as críticas e acusações sabendo que estava sendo gravado. Disse que fez isso como forma de convencer seus interlocutores de que estava desertando da campanha de Passos. Teria feito isso, segundo ele, para deixar representantes da campanha de Faria à vontade para oferecer-lhe R$ 20 mil em dinheiro, mais a secretaria que ele quisesse e o poder de indicar cinco comissionados. Em troca, ele teria de entregar a estratégia de campanha e as pesquisas encomendados por Passos. “Eles andavam pelo Município e percebiam que em todos os lugares estávamos fortes. Visitamos todas as casas do interior duas vezes e quatro vezes as do centro e bairros. Quando eles viram que a força era a mesma em qualquer lugar que íamos correram me fazer a proposta”, explica. André afirma, ainda, que o áudio foi editado, o que mostra “o tipo de confiança que se tem de ter no PMDB.”
O empresário Aristeu Rocha, da Rocha Empreendimentos, disse que a divulgação da gravação é a prova de que não se pode exercer a democracia. “Quando eu apoiei o lado de lá eu não era bandido. Viram que perderam a eleição e vem prestar esse desserviço para a população. Isso representa desespero e despreparo”, afirmou, lembrando que apoiou candidatos do PMDB por três vezes e que sua empresa tem contratos com a atual administração. “Tem pessoas que se perder essa eleição, vão ter de trabalhar, daí o desespero.”
Dos acusados de terem feito a proposta a André, Alexey Sachweh (PSB) disse que não tem nada a ver com o áudio e negou a conversa atribuída pelo coordenador. O celular do advogado Décio estava desligado quando a reportagem o contactou. Tarciso de Lima e Wilson Pereira não atenderam as ligações. Beto Faria também está com o celular desligado.