Terceiro deputado estadual eleito mais votado em Canoinhas e região, o joinvillense Darci de Matos (PSD) comunga da ideia do deputado Antonio Aguiar (PMDB) de criar um regime fiscal diferenciado para a região de Canoinhas. Na entrevista concedida ao JMais, ele fala ainda sobre enxugamento da máquina estatal e eleições na Assembleia. Acompanhe:
O sr foi o terceiro deputado estadual eleito mais votado em Canoinhas, com 721 votos. Foi o sétimo mais votado em Três Barras (296), terceiro mais votado em Bela Vista do Toldo (393) e terceiro mais votado em Major Vieira (581). Como o sr pretende retribuir esses votos?
Tenho tentado retribuir esses votos trabalhando em conjunto com os deputados Antonio Aguiar e Silvio Dreveck. Temos enviado recursos ao Planalto Norte e levado à Assembleia os grandes anseios da região. Pretendo retribuir encaminhando os pleitos, interagindo com os prefeitos e vereadores, com o setor fumageiro, que é uma grande preocupação nossa, também com o setor empresarial. Sabemos que esta região é uma das mais carentes de Santa Catarina e merece atenção especial.
Uma das principais carências do Planalto Norte está no setor industrial. Canoinhas, por exemplo, é basicamente sustentada pelo comércio. Como atrair empresas para uma região distante dos portos?
Temos o conhecimento de que é preciso sustentar a economia com indústrias. As grandes (empresas) acabam se alojando na região litorânea porque estão mais próximos dos portos.
Agora tem uma tese que tem sido levantada por nós de o Governo do Estado conceder benefícios fiscais para essa região. Se o Governo do Estado conseguisse reduzir a alíquota do ICMS de 17 para oito ou 10 por cento para Canoinhas e região, automaticamente seria um grande motivo para levarmos indústrias para o Planalto Norte. Tenho discutido essa questão amplamente com os empresários e vereadores da região. Tem ainda a questão da energia. Não temos uma boa rede de energia. Agora que o Governo está investindo em melhorias no setor elétrico.
É evidente que Santa Catarina vive um processo de litoralização há décadas. Os investimentos estão a maioria no litoral. Não está na hora de o governo pagar essa dívida histórica com o Planalto Norte?
Com razão. O Planalto Norte ainda sofre as consequências da Guerra do Contestado e da exploração da madeira. A proximidade dos portos é que leva as indústrias ao litoral. Mas de fato o Governo tem uma dívida histórica com o Planalto Norte, que tem uma vocação para a agroindústria. Temos de achar formas de incentivo para levar outras atividades industriais para Canoinhas e região.
Há outra questão: 70 por cento do que pagamos em impostos vão para Brasília. Quer dizer, tá tudo errado. Ficam na Capital do Estado, 22 por cento e aí, em Canoinhas, por exemplo, onde a vida acontece, ficam 13 por cento. Quer dizer, as prefeituras estão falidas.
Legalmente, há como criar um regime fiscal diferenciado para o Planalto Norte?
O poder executivo pode fazer. O parlamento não poderia fazer esse projeto porque trata de redução de impostos e esse projeto tem de ter origem no poder executivo. É um projeto que carece de grande mobilização. Um exemplo que funciona muito bem é a Zona Franca de Manaus. Temos de criar uma Zona Franca para Canoinhas e região. Agora, com a rodovia que liga o Planalto Norte a Dr. Pedrinho, teremos um fato novo que vai estimular a geração de emprego e renda na região.
Colombo tende a perder o apoio do PP e do PT neste segundo mandato. O sr acredita que o debate seja mais intenso na Assembleia?
A falta de oposição no primeiro mandato foi boa para o Estado. Mas o PT já fazia oposição ao governo. Esperamos que possamos debater os projetos com racionalidade, sempre objetivando a melhoria da qualidade de vida do povo catarinense.
O atual presidente da Assembleia, Romildo Titon, acaba de reassumir o cargo depois de meses afastado por suspeitas de corrupção. Caso ele tente a reeleição o sr o apoiará?
Não. Tenho respeito pelo deputado Titon, ele tem seus méritos, ele se reelegeu e essa questão judicial é de foro íntimo dele. Não sou eu quem vai julgá-lo. Tenho impressão de que a articulação para a presidência ficará em torno do PSD e do PMDB, por serem as maiores bancadas da Assembleia.
O governador já sinalizou com a possibilidade de enxugamento das estatais. Como o Sr vê essa possibilidade, considerando que haverá enxugamento de cargos também, o que dificulta a distribuição de funções a aliados.
Necessário. O poder público é muito inchado, lento. A população, através dos votos nulos e brancos, deu um recado muito claro, de que a política tem de mudar. Portanto, sou totalmente favorável ao enxugamento da máquina. Não vejo problemas quanto à redução de cargos. Cargos não ganham a eleição para ninguém.
A votação que o sr recebeu nesta eleição (10º mais votado) o credencia para tentar a Câmara Federal em 2018?
Fui o mais votado em Joinville e o mais votado das regiões norte e nordeste de Santa Catarina. Neste momento não tenho interesse de falar das próximas eleições. Neste momento quero dar uma resposta às regiões que me apoiaram nesta eleição.
EVOLUÇÃO DE VOTOS DE MATOS NA REGIÃO
2010 2014
CANOINHAS 1089 721
TRÊS BARRAS 1005 296
BELA VISTA 546 393
MAJOR VIEIRA 433 581
IRINEÓPOLIS 291 160