ENTREVISTA | JORGINHO MELLO (PR) – “O empresário brasileiro é um herói”

Deputado federal defende o empresariado e afirma que somente com incentivos dos governos, indústria regional vai se desenvolver

 

Terceiro deputado federal mais votado em Canoinhas e região, Jorginho Mello (PR) fala sobre o sistema político brasileiro e não nega que o governo do PT, do qual é aliado, tem muito a fazer para recuperar a credibilidade. Acompanhe.

 

O sr foi o terceiro deputado federal eleito mais votado em Canoinhas e região. A que atribui essa boa votação?

Já tive ótimas votações em Canoinhas, agora aumentei, então tenho compromisso com toda a região. Acredito que a soma de esforços, especialmente do vereador Pike aí em Canoinhas e do (vereador) Werka, em Mafra, me ajudaram muito.

 

O que o sr pretende fazer pela região considerando a histórica falta de investimentos tanto federais quanto estaduais na região na tentativa de atrair indústrias, que hoje pode ser considerada nossa maior carência?

Para se atrair empresas é preciso ter empresários interessados. O Governo municipal tem de ser parceiro, disponibilizando infraestrutura. O Governo do Estado, por sua vez, tem de conceder incentivos fiscais. Nós também podemos ser parceiros, incentivando os empresários a investir na região. Aí tem infraestrutura adequada. Temos de melhorar nossa malha viária, incentivar a criação de ferrovias, enfim, essa infraestrutura que precisa ser melhorada para que os empresários tenham confiança na região. É bom lembrar que nenhum empresário vai fazer um investimento sem perspectiva de lucro.

 

Há dois grandes investimentos que podem ajudar a região: a Ferrovia do Frango e o aeroporto regional de Três Barras. O sr tem acompanhado esses processos. O que pode fazer para ajudar a acelerar esses investimentos?

Apoio todas elas. É bobagem dizer: faz aqui ou faz ali. Não tenho dúvidas da importância da ferrovia para o Estado. O que não pode é ficar nessa briga burra por qual o melhor trajeto. Tem de ser a que tiver mais condições de execução, senão fica aquela conversa mole de é ‘por aqui, é por ali’. Hoje em dia, com esse entupimento das estradas, as ferrovias são de fundamental importância.

Sobre os aeroportos regionais, vejo como uma necessidade. Tenho contato constante com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). O Governo Federal priorizou os pequenos aeroportos para dar condições de unir regionalmente os municípios. O aeroporto de Três Barras está centralizado. Isso é importante e tenho esperanças de que o Governo Federal leve esse assunto adiante. Temos pedido que o Governo não tire os aeroportos regionais das prioridades.

 

O sr é a favor de um novo pacto federativo, que aumente o repasse da arrecadação aos municípios?

Pacto federativo é uma conversa bonita que todo mundo faz e nunca acontece. O que precisamos fazer, primeiro, é uma reforma política. É conversa mole de quem não quer fazer. Esse sistema podre como o de hoje não pode continuar. Você não imagina a luta para conseguir a universalização e colocar todos debaixo do mesmo guarda-chuva no caso das micro e pequenas empresas. O empresário brasileiro é um herói. Ele paga a conta em todo lugar. O novo pacto federativo pode acontecer, mas não agora. Nunca vi governo nenhum abrir mão de tributos. Sou sincero, acho difícil a aprovação tão cedo.

 

Como o sr vê o atual momento político, considerando as denúncias de corrupção envolvendo integrantes de estatais e de partidos políticos, com a oposição cada vez mais agressiva?

O PR apoia o Governo Federal. Em Santa Catarina não tivemos um apoio forte porque SC é anti-PT, não importa o candidato. A oposição que o PSDB faz tem de ser feita. Ainda bem que agora está um pouco melhor, porque era muito fraca, muito tímida. Quando o PSDB fala em descumprir a meta fiscal, o Fernando Henrique fez a mesma coisa lá no passado. Pau que bate em João, bate em José. É muito fácil jogar pra torcida. A campanha ainda não terminou. O PT tem muito a fazer, muita muamba a erradicar.

 

O PR compõe o governo do Estado e acaba de garantir duas vagas na Assembleia. Esse peso político que o partido ganhou lhe garante uma participação efetiva no governo Colombo?

Não tenho dúvida.

 

O sr foi citado na operação Ave de Rapina da Polícia Federal. O sr nega envolvimento?

Isso foi uma bobagem que o jornal Notícias do Dia divulgou. A coordenação da minha campanha contratou uma empresa que colocou placas minhas e essa empresa tem envolvimento nessas denúncias. Minha prestação de contas, no entanto, foi aprovada ontem (dia 2/12). Como a empresa atrasou a entrega de placas, a gente ligava para a empresa e cobrava ‘Cadê as placas?’. Como essa empresa estava grampeada, foram publicadas essas conversas. Mas o problema é dessa empresa. Não tenho nada a ver.

 

O sr tem grande influência sob o PR de Canoinhas. Como vê a possibilidade de Renato Pike ser candidato a prefeito?

O Pike é um líder aí no município. Nós não fazemos política para pisar no pescoço de ninguém, nós queremos somar. Agora, o Pike está preparado para ser prefeito, mas isso depende dos companheiros daí construírem essa candidatura.

 

QUEM É?

Jorginho Mello, 58 anos, nasceu em Ibicaré.

Foi gerente e diretor do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC) entre 1975 e 2002. Foi, também, conselheiro do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) de Florianópolis, em 1999.

Deputado em Santa Catarina por quatro vezes, foi reeleito em 2014.

 

 

 

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