Há temor em determinados setores, mas de modo geral população não deixou de consumir
Parte do comércio canoinhense está em compasso de espera por causa do aumento de casos de covid-19 em Canoinhas, o que levou o Estado a definir estágio gravíssimo de contágio pela doença na região. O comércio lidera o Produto Interno Bruto (PIB) de Canoinhas.
Fábio Cisz, que gerencia quatro lojas do mesmo grupo em Canoinhas, se diz preocupado. “Em anos anteriores, nesta época do ano estávamos contratando e agora estamos sem perspectivas.” Ele teme, ainda, a possibilidade de demissões em janeiro, quando as vendas caem historicamente. “Não estão dando atenção a isso, é necessário pensar em uma ação conjunta para ajudar o comércio”, alerta.
Dalva Romanovski, que gerencia outro grupo de lojas de vestuário, se mostra bem mais animada. Ela conta que contratou mais temporários que no ano passado e que as perspectivas para o Natal, apesar da pandemia, são promissoras. “Só mesmo se tivermos o fechamento do comércio para mudar o cenário, acredito”, afirma.
Evandro Carlos Signori, gerente de uma loja de utilidades de Canoinhas, diz que no seu caso ele viu crescer a busca pela loja depois do traumático fechamento de março. Ele já contratou sete temporários (no ano passado foram cinco). “As pessoas estão preocupadas em se cuidar usando máscara e álcool em gel, mas não estão deixando de consumir”, avalia.
Outro setor que aqueceu mesmo na pandemia é o supermercadista. No mês passado Canoinhas ganhou o maior empreendimento de sua história no setor: o Via Atacadista. Segundo Quinho, gerente de marketing do grupo Passarela, que controla o Via, “não existe dificuldade para o grupo. Ficamos apreensivos, claro, quando a pandemia foi anunciada, mas não poderíamos voltar atrás. mas decidimos não voltar atrás. Fomos em frente e constatamos que de fato o setor supermercadista não seria afetado, pelo contrário, com novo padrão de consumo que se configurou, o setor cresceu nesse período”.
ENTIDADES
Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Canoinhas e Região (Sindilojas), Carlos Burigo, acredita que as vendas devem ter alta, mas se não houver interferência política. “A cadeia produtiva não pode de maneira nenhuma ficar a mercê de decisões políticas e arbitrárias”. Ele afirma que “o que assistimos neste país desde março foi um festival erros, pessoas sem nenhuma aptidão de gestão de crise, de economia e tomando decisões políticas. Se nós como representantes de classe e todas as entidades patronais, junto com toda cadeia produtiva não reagirmos neste momento, poderemos realmente ter grandes dificuldades com uma crise sem precedentes em 2021.”
Burigo ressalta que “a pandemia existe, isto não podemos negar, estamos em guerra, e nela quem vai na frente são os soldados. Protegemos nossos filhos e nossos idosos, mas nós temos que nos arriscar, assim como todos que estão em hospitais se arriscando diariamente ,temos que manter a economia e o setor produtivo em crescimento.
Pelo bem de nossas futuras gerações.”
Fernando Camargo, do Sindicato dos Comerciários de Canoinhas e Região, lembra que o comércio de Santa Catarina atingiu crescimento de 11% no primeiro quadrimestre do ano, com destaque para o setor de vestuário, seguido do setor de eletrodomésticos. “A crise gerada pela pandemia é inegável, mas a economia vem reagindo. Consequentemente, no final do ano, embora estejamos em um cenário incerto, cabe as autoridades tomar medidas necessárias para manter o comércio aberto sem comprometer a saúde de funcionários e clientes”, afirma.
Nesta sexta-feira, 27, o prefeito Beto Passos (PSD) voltou a afirmar que não há hipótese de fechamento do comércio neste momento, mas destacou que segue as diretrizes determinadas pela Secretaria de Estado da Saúde. “Não há intenção de fechamento. O que nós pedimos é que o comércio continue fazendo o seu papel, que fez muito bem durante a pandemia, que é manter o distanciamento, que é ter o álcool gel, que é garantir que todos que estejam em um estabelecimento, os funcionários, os clientes, todos com máscara, com toda a certeza, esse é o procedimento correto”, disse.
PROJEÇÃO POSITIVA
Levantamento realizado pela Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC) revela que 46,6% dos entrevistados têm expectativa de aumento nas vendas para o Natal 2020, em relação ao mesmo período do ano passado. Entre os empresários ouvidos, 32,1% projetam um crescimento acima de 5%. O tíquete médio está previsto em R$ 198.
Os produtos mais procurados para a grande data do varejo, de acordo com o levantamento, serão roupas e calçados (31,2%), brinquedos (20,8%), eletroeletrônicos (14,5%), chocolates (12,2%), móveis e eletrodomésticos (8,8%) e livros e itens de papelaria (3%).
Na hora do pagamento, o cartão de crédito estará na preferência de 60,5% dos clientes. O crediário aparece nas respostas de 14,8%. E completam a lista de alternativas o pagamento à vista no cartão de débito, com 14,5%, e à vista em dinheiro, com 9,7%. O levantamento foi realizado com empresas associadas que atuam no varejo em 20 cidades catarinenses com o maior potencial de consumo.
O presidente da FCDL/SC, Ivan Roberto Tauffer, acredita que as incertezas da economia e a insegurança que ainda preocupam devido ao ano atípico, diante da pandemia do coronavírus, influenciarão nas vendas, mas avalia que o ritmo das atividades de diversos setores produtivos vem apresentando recuperação no estado. “O Natal é uma data muito tradicional, que reúne a família e desperta a vontade de troca de presentes. Um discreto otimismo toma conta dos lojistas, que encontrarão uma nova forma de se relacionar com o cliente, agilizando a entrega, caprichando no atendimento e valorizando tanto a forma física quanto a on-line para facilitar o acesso aos produtos”, destaca.