Estado quer encampar Floresta Nacional de Três Barras

Leia artigo do advogado e empresário Hilton Ritzmann sobre o tema                                              

O deputado federal Mauro Mariani (PMDB) encontrou-se nesta quarta-feira, 6, com  o presidente do ICMBio, Rômulo Mello, para discutir um novo destino para a Floresta Nacional de Três Barras (Flona).

Mariani defende que a União repasse a área para o Estado, que, por meio de um plano de manejo, venderia a madeira – pinus e eucalipto – para financiar um fundo destinado a projetos em benefício da região. (Leia mais aqui)

Sobre este assunto, leia a opinião do advogado e empresário Hilton Ritzmann:

 

A FLORESTA NACIONAL DE TRÊS BARRAS

 Hilton Ritzmann*

Imenso patrimônio da União, a floresta nacional situada no Município de Três Barras, SC, resultado do trabalho incansável de duas gerações de servidores , e de investimentos realizados nos últimos 70 anos, está em vias de ser utilizada economicamente, com o corte e venda das árvores.

O início da implantação da floresta remonta aos anos 1940/1945, quando a União adquiriu da família  Pacheco,  uma área contínua de 4.459,50 hectares (1.842 alqueires). Administrava a floresta nessa época, o chamado “Instituto Nacional do Pinho”, sucedido posteriormente pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), e mais recentemente pelo Instituto Brasileiro, do Meio Ambiente (Ibama). E então, a partir de 1945 iniciou-se o ciclo de plantio dos reflorestamentos, no começo apenas do pinheiro araucária (araucária angustifólia), e posteriormente com o plantio da espécie exótica do pinus. Foram plantados, de 1945 a 1957, aproximadamente 400 ha de pinheiro araucária, e a partir desse ano, até o ano de 1972, mais 1.500 ha da espécie pinus elliotti e pinus taeda. Portanto, é uma floresta com árvores de 45 a 70 anos! O volume de madeira existente hoje na floresta, é superior a 400.000 mts³ de madeira.

As florestas nacionais  –  e são quatro somente em  Santa Catarina – foram instituídas com o objetivo de promover o manejo dos recursos naturais e garantir a sua proteção, fomentar o desenvolvimento da pesquisa e da educação ambiental. Sua importância na pesquisa e na disseminação de informações ligadas ao meio ambiente, para nossa região,  são de notória relevância. A fonte dos dados aqui divulgados é o antigo administrador da floresta nacional, o engenheiro florestal Jesuino Lima Neto, que dedicou grande parte de sua carreira profissional  a esse órgão.

Pelo tempo de sua implantação,  é forçoso concluir que seu aproveitamento (corte da madeira) já está  atrasado. Daí porque, o órgão que atualmente administra a floresta, o “Instituto Chico Mendes” , deu início às tratativas de sua utilização. Para isso, foi constituído um conselho, do qual participam diversas entidades da região, inclusive o Sindicato da Industria da Madeira de Canoinhas, entidade que congrega o ramo madeireiro , ligado à área.

Ocorre que, entendem as entidades locais, e é sentimento comum, os resultados dessa operação deveriam beneficiar a região, por razões as mais diversas. Primeiro, que a floresta foi constituída não só com recursos da União, mas em grande parte com as taxas e contribuições pagas pelas empresas do ramo da madeira da região, que para operarem, eram compelidas  a  recolher valores destinados ao reflorestamento. Segundo , que a região do Planalto Norte de Santa Catarina é uma das mais carentes do Estado, e ávida de recursos a serem alocados para seu desenvolvimento. Sem falar  que a região do Planalto Norte, sofrida   com os efeitos da Guerra do Contestado,  têm um crédito perante a União, e deveria ser recompensada agora por isso.

Sensível a essa realidade, o deputado federal Mauro Mariani apresentou ao Governo Central  uma proposta,  no sentido de que a floresta nacional seja transferida ao Estado de Santa Catarina,  a fim de que este promova sua utilização – venda da madeira –  e que os recursos daí advindos sejam destinados à constituição de um FUNDO DE DESENVOLVIMENTO do Planalto Norte do Estado.

Nada mais justo que os recursos oriundos da venda da floresta sejam carreados a essa região, tão carente de apoio para seu desenvolvimento. A constituição do FUNDO DE DESENVOLVIMENTO DO PLANALTO NORTE, assim poderia ser chamado, em muito  contribuiria no sentido de alavancar o desenvolvimento da região. É preciso, todavia, para isso acontecer, o envolvimento da sociedade, das entidades classistas, dos Poderes Públicos da região, dos políticos principalmente, mostrando a importância da ideia e da proposta. Se essa ideia prosperar, um do projetos que poderia ser beneficiado com os recursos, seria a tão desejada e necessária obra do PARQUE DA CIDADE, em nossa cidade, que há tantos  anos vem sendo discutida e planejada. E tantos outros projetos caberiam dentro dessa proposta.

Todos para apoiar o desenvolvimento dessa região do Estado, tão carente de recursos para melhorar as condições de vida dos catarinenses do norte do Estado.

  Hilton Ritzmann é advogado.

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