Desde a quinta-feira, 2, integrantes da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Santa Catarina (Fetaesc) têm percorrido as fumageiras da região a fim de fiscalizar a classificação do fumo produzido no Planalto Norte.
Segundo o vice-presidente da Fetaesc, Luiz Sartor, o objetivo das visitas é acompanhar o setor de compras das fumageiras, já que a Fetaesc recebeu muitas reclamações de fumicultores de que as empresas estão rebaixando a classificação do fumo, fazendo com que o produtor receba valor aquém do justo.
O responsável pelo setor de Planejamento da Fetaesc, Irineu Berezanski, lembra que o preço ajustado pelo fumo nas assembleias realizadas no começo do ano já foi considerado injusto pela categoria. Agora, as fumageiras ainda estão nivelando para baixo a classificação. Ainda de acordo com Berezanski, o excesso de produção, estimulado pelas próprias fumageiras, foi um dos principais motivos por restringir o poder de negociação dos produtores. O reajuste do preço foi de 4,5%. “A inflação já está bem acima disso”, lembra Berezanski.
A Fetaesc se preocupa especialmente com o município de Canoinhas, considerado o maior produtor de fumo do Estado e o sexto maior do Brasil. “De maneira alguma podemos deixar esse produtor desprotegido, neste momento de entrega da safra”, afirma.
A Fetaesc está fazendo uma campanha para que os fumicultores não aceitem a pressão das fumageiras para produzir mais. “Produzir mais é ganhar menos”, garante Berezanski.
Para o representante da Astramate, José Valmor Nicoluzzi, o excesso de produção leva à baixa qualidade do produto. “Estamos tentando orientar os fumicultores a produzir o que eles são capazes”, frisa.
DÓLAR EM ALTA
Cerca de 87% do fumo produzido na região é exportado. Com a cotação do dólar batendo recordes, o preço, no entanto, mantém-se insatisfatório para os produtores. “Em outras épocas, as fumageiras alegavam que precisavam reduzir o preço por que o dólar estava em baixa. O dólar subiu e eles continuam praticando preços aquém do justo. Quem faz o preço é o mercado. Não precisamos parar de produzir tabaco, basta diminuir a quantidade de pés plantados”, afirma Sartor.