Filme da HBO mostra o que o Brexit pode ensinar ao Brasil

A poucos dias de o drama inglês ter um desfecho, filme joga luz sobre um dos maiores conflitos políticos da Europa contemporânea

 

 

O BREXIT E O BRASIL

Estreou há algumas semanas na HBO o filme Brexit, dramatização do movimento pela saída da Inglaterra da União Europeia. O filme chega a poucos dias de o parlamento britânico dar sua resposta sobre se aceita ou não o acordo costurado por Theresa May (nesta semana o acordo foi rejeitado mais uma vez e a negociação foi retomada) e joga luz sobre uma espetacular campanha de marketing que deve ser programa obrigatório para estudantes da área.

 

O filme foca na campanha pela saída da União Europeia. Liderada pelo político Dominic Cummings (Benedict Cumberbatch), a campanha usou de instrumentos legais e outros um tanto obscuros para vencer (há indícios de que a campanha pela continuidade também tenha usado serviços ocultos da rumorosa Cambridge Analytica). A campanha pela saída, no entanto, se mostra mais ativa, até pelo resultado da consulta.

 

Por mais que tente manter um certo equilíbrio, o filme acaba adontando um tom crítico inevitável a campanha do fora ao evidenciar as contrainformações ou fake news mesmo espalhadas meticulosamente pelos contra, como a de que toda a população da Turquia entrará na Inglaterra se o rompimento com a União Europeia não acontecer. Eles falavam em 65 milhões de turcos (a população turca é de 79,81 milhões).

 

As contradições e dificuldades em se costurar um acordo que garanta à Inglaterra uma saída menos traumática possível da União Europeia se evidenciam cada vez mais e, enquanto alguns se mantêm irredutíveis, outros que votaram pela saída demonstram arrependimento e já se fala em nova consulta.

De naturezas diferentes, o Brexit e a eleição presidencial no Brasil têm muito mais semelhanças que divergências. Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito explorando sobretudo a ojeriza da população a volta do PT. Foi hábil em explorar esse medo a ponto de eliminar outros candidatos que eram figuras tradicionais da política nacional.

 

A campanha para cair fora da União Europeia explorou a xenofobia e a desilusão do morador da periferia com o governo.

 

São tempos tumultuados, mas com estranhas semelhanças em relação a tudo que causa dúvidas e exige ações.

 

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