Funcionário do Samu de Irineópolis denuncia suposta negligência

Foto: Maria Aparecida Cunha morreu a caminho do hospital de Porto União depois de ser recusada no hospital de Irineópolis/Facebook/Reprodução

O funcionário do Serviço Móvel de Urgência (Samu) de Irineópolis, Carlos Emerson Garcia, foi à Câmara de Vereadores n segunda-feira, 27, denunciar suposta negligência por parte da Secretaria da Saúde do Município.

Segundo o motorista da ambulância do Samu, a equipe do serviço teria sido impedida de levar um paciente para o Hospital Bom Jesus. A ordem expressa teria sido emitida pela secretária de Saúde, Giseli Kenpinski, que teria orientado o Samu a levar pacientes com politrauma grave diretamente para o Hospital São Braz, de Porto União, contrariando ordem do Samu, que orienta os funcionários a levar os pacientes ao hospital mais próximo, no caso, o Hospital Bom Jesus.

Ele disse que no caso de Maria Aparecida Cunha, que morreu depois de levar uma pancada na cabeça na localidade de Poço Preto, onde morava, no dia 27 de setembro, a paciente poderia ser salva se a ordem não tivesse sido para transferi-la direto para Porto União. Ela morreu no caminho para a cidade vizinha.

Antes de ir à Câmara, Garcia denunciou o caso ao Ministério Público.

Vereador José Nogara (PSDB) questionou se não seria mais prudente levar a paciente direto para Porto União, que dispõe de mais recursos. Para Garcia, a prioridade é encontrar um médico, como preconiza o Samu. “Preciso de um médico para estabilizar esse paciente, depois ele pode ser transferido para outro hospital.”

Presidente da Câmara, Cleusa Clarice (PSD), ressaltou o papel do vereador enquanto fiscalizador: “Vamos arregaçar as mangas e investigar essas acusações que estão surgindo aqui na Câmara. É nosso dever.”

Ao final da sessão, o vereador Alcides Wagner recomendou que a Câmara formasse uma comissão a fim de investigar as denúncias contra a secretária de Saúde. “Ela tem de fazer o trabalho dela, mas não se meter no que ela desconhece”, afirmou.

 

GPS FALHO

No caso da paciente que morreu a caminho de Porto União, houve um agravante. Quando parentes e vizinhos telefonaram para o Samu, a ligação caiu em Ponta Grossa (PR), dada a proximidade da localidade de Poço Preto do estado vizinho. Dessa forma, até que o Samu entendesse que a região pertencia ao núcleo de Joinville (SC), a ambulância de Irineópolis só foi acionada uma hora depois do chamado.

 

CONTRAPONTO

A prefeitura de Irineópolis emitiu nota que contesta a fala do funcionário do Samu. A nota afirma que o Município é apenas gestor administrativo da equipe do Samu, ou seja, deve contratar pessoal (motorista socorrista e auxiliar de enfermagem), ambientalização para servir de base ao veículo do Samu, sua manutenção, entre outras regras contidas na apostila do Samu.

A nota diz que “nenhuma ambulância sob gerência administrativa do município ou uma Unidade de Suporte Avançada (UTI móvel) pode ser despachada sem a ordem da regulação médica (sediada em Joinville) e é dela a responsabilidade de despachar nos casos mais simples a Unidade Medicalizada UBS e nos casos mais graves a Unidade de Suporte Avançada ou UTI móvel, não podendo em hipótese alguma o secretário de Saúde ter qualquer ingerência sob tal decisão.”

Em casos graves, como os descritos pelo funcionário, “a responsabilidade de despacho é do médico da Central de Regulação e se este aciona uma Unidade Básica para o atendimento de um caso grave está indo contra as normas do Samu”, diz a nota, que segue afirmando que “não há nenhuma recomendação no protocolo pactuado na CIB de que o paciente grave que já não deveria ter sido atendido pela UBS e sim pela USA seja encaminhado ao Hospital mais próximo, o que existe é que o mesmo não pode ser removido enquanto não for estabilizado. Está aí a razão para que nos casos graves o atendimento seja efetuado pela USA, pois além do motorista socorrista e auxiliar de enfermagem possui médico e enfermeiro capacitados para tal.”

A nota conclui dizendo que “não é verdadeira, portanto a declaração do Sr. Carlos Emerson Garcia, que teria recebido ordem sobre os critérios de regulação da secretária municipal de Saúde, uma vez que é a regulação estadual que detém este poder.”

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