Gavazzoni deixa o governo e Colombo chama delator da JBS de vagabundo

Pedido de demissão do homem forte do governador na Fazenda amplia crise iniciada com delação premiada do diretor de Relações Institucionais e Governo da J&F, Ricardo Saud

 

Secretário do Estado da Fazenda de Santa Catarina desde 2013, Antonio Gavazzoni deixou o governo do Estado nesta segunda-feira, 22. A decisão ocorreu após uma conversa com o governador Raimundo Colombo (PSD).

 

Em nota encaminhada na tarde desta segunda, Gavazzoni disse que “nesse tempo em que fui secretário de Estado e presidente de estatal me concentrei sempre em enfrentar problemas e crises. Nunca fui seduzido por assuntos que gerassem publicidade positiva, como inaugurações ou festas políticas.
Zelei cada dia pelo interesse público, trabalhei dando toda minha força, energia, conhecimento e capacidade para enfrentar grandes problemas públicos, desde a crise econômica e climática de 2008, depois à frente do grupo Celesc e, sobretudo, na Secretaria da Fazenda nestes últimos anos da pior crise econômica que o país e o Estado já viveram em toda sua história. Vencemos por não aumentar impostos nem atrasar salários.
Se isso tivesse ocorrido, a Segurança, a Saúde e a Educação teriam entrado em colapso, como aconteceu em vários estados. O progresso econômico e social estaria severamente comprometido.
Porém, apesar de todo meu entusiasmo pelas missões públicas, neste momento não tenho forças para seguir comandando os homens e mulheres de grande capacidade técnica que pertencem aos quadros da Fazenda.
Não vou descansar, mas me dedicar a mostrar a cada pessoa que confiou em mim ao longo desses 11 anos, que nada do que foi dito por criminosos confessos é verdadeiro. Todos os encontros narrados foram presenciados por terceiros que testemunharão para esclarecer a verdade. Os heróis brasileiros em que se transformaram os Procuradores da República e os Magistrados sabem e saberão julgar aqueles com quem lidam. Esses criminosos confessos, que buscam a qualquer preço montar versões que justifiquem a troca de penas alongadas por liberdade e vida milionária no exterior, não podem vencer.
Na nossa vida tudo tem um limite. A minha enérgica disposição para enfrentar problemas no Estado encontrou o seu: os dois fatos envolvendo questões eleitorais, injustas e improcedentes quando citam meu nome e, por isso, doloridas. Abro mão do foro privilegiado porque nada temo. Agradeço ao governador Raimundo Colombo pela confiança e amizade recíprocas, bem assim a todos os colegas de Governo.
Tenho Deus por testemunha de minhas palavras e, mesmo passando por tudo isso, só agradeço às amizades e simpatias que conquistei.”

 

Em áudio divulgado pela assessoria de Raimundo Colombo, o governador fala com voz embargada que Gavazzoni foi um grande parceiro. “É preciso destacar a importância dele para o controle das finanças públicas. Uma das pessoas que mais contribuiu com Santa Catarina. Lamento muito a decisão dele.”

 

CONTRA-ATAQUE

Ao contrário do tom enfático, mas controlado do vídeo divulgado no fim de semana no qual se defende da acusação feita pelo diretor de Relações Institucionais e Governo da J&F, Ricardo Saud, Colombo demonstrou irritação ao conversar com repórteres na manhã desta segunda-feria, 22, em um evento sobre gás natural em Florianópolis. “As relações com a JBS foram oficiais e as doações foram declaradas. Nada relacionada à Casan foi tratado com eles, tanto que a Casan continua estatal. Um delator sob pressão vende a mãe. É injusto que um vagabundo desse fale uma coisa dessas e fique assim.” Disse ainda que “não houve, eu não participei, eu não conheço nada que tenha sido feito que não tenha sido a doação oficial que está nas contas bancárias. Esses são os fatos, essa é a realidade. Eu peço a todos que confiram isso em qualquer esfera. “Não houve, eu não participei, eu não conheço nada que tenha sido feito que não tenha sido a doação oficial que está nas contas bancárias. Esses são os fatos, essa é a realidade. Eu peço a todos que confiram isso em qualquer esfera.”

 

Sobre o pedido de explicações da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Colombo disse que “a OAB tinha também que se preocupar com essa política de delação que está acontecendo. Mas é a nossa responsabilidade de esclarecer a todos os catarinenses o que de fato aconteceu. Sobre o que não aconteceu, quem tem que se responsabilizar é quem denunciou.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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