Há 65 anos Canoinhas recebia o presidenciável Juscelino Kubitschek

Então candidato a presidência, o futuro presidente pediu votos e discursou

 

 

Há 65 anos e dois meses, no dia 28 de junho de 1955, Canoinhas recebeu um ilustre visitante. Intermediada pelo deputado estadual Orty Machado, a chegada do então candidato a Presidência da República Juscelino  Kubitschek pelo Partido Social Democrático (PSD) se deu em uma tarde nublada, de frio intenso.

 

 

 

 

Considerando que o aeroporto de Três Barras não permitia a aterrizagem de aviões de grande porte, a chamada “Caravana da Vitória” desembarcou em Rio Negro, passou por Mafra e embarcou em quatro táxis aéreos. O longo sobrevoo sobre Canoinhas e Três Barras, onde pousaram, deixou a população agitada. “Apreciável número de pessoas aguardava naquele local a chegada dos ilustres visitantes. E foi ante grande vibração e alegria que os visitantes, notadamente a figura impressionante de Juscelino  Kubitschek, receberam os cumprimentos das autoridades, das representações do PSD e PTB, e de inúmeros populares”, noticiou o jornal Barriga Verde, sem nenhum pudor em admitir sua verve peesedista.

 

 

Juscelino chegando em Canoinhas/Arquivo Fundação Cultural de Canoinhas

Juscelino foi recebido pelo prefeito de Canoinhas à época, Herbert Ritzmann, o juiz José Pedro Mendes de Almeida e o promotor público João Carlos Ramos. Tarcisio Schaefer, presidente do PSD local, fez as honras da casa. O futuro prefeito de Canoinhas, Dr Haroldo Ferreira, que hoje empresta seu nome ao Paço Municipal, era então presidente do PTB, partido aliado ao PSD, e também é citado na reportagem do jornal Barriga Verde. Ele seria eleito prefeito de Canoinhas para o mandato seguinte.

 

 

 

 

Na caravana do presidenciável estavam o senador Saulo Ramos, deputado federal Leoberto Leal, ex-senador e ex-prefeito de Canoinhas Ivo d’Aquino e, claro, Orty Machado. Embora morasse em Canoinhas estranhamente conta como membro da caravana o vereador pelo PSD Faury de Lima, que morreria poucas semanas depois em um dos casos mais rumorosos da política canoinhense – ele teria sido empurrado escada abaixo da Câmara de Vereadores (onde hoje está a Biblioteca Pública Municipal) e com a violência da queda quebrado a janela do prédio. Ao se cortar, contraiu tétano e morreu dias depois.

 

 

 

 

De Três Barras a Canoinhas cerca de 20 carros transportaram a caravana. “Já na entrada da urbs (cidade) junto à faixa com a qual o povo canoinhense saudava a Caravana da Vitória, próximo à ponte do rio Canoinhas, os rojões subiram aos céus, anunciando a tão ansiosamente e aguardada visita do Candidato do Povo a suprema magistratura da Nação e de seus eminentes companheiros de cruzada”, escreveu um ufanista Barriga Verde, tão PSD que tinha no jornal Correio do Norte muito mais que um concorrente, mas um adversário político. Tanto que o udenista Correio do Norte não publicou uma linha sequer da visita de Juscelino. O editor do Barriga Verde se coloca no texto narrando ter recebido um forte abraço de Juscelino, que teria lhe dito: “Espero-te no Catete em fevereiro próximo”.

 

 

Arquivo Fundação Cultural de Canoinhas

 

Em seu discurso, feito da sacada da revenda de veículos Chevrolet da família Procopiak, o presidenciável acenou para os ervateiros. Disse que o Instituto Nacional do Mate “terá vida efetiva, ação, deixará de ser aquela espécie de veículo enguiçado que não funciona e, por isso, não pode preencher as finalidades as quais foi criado”.

 

 

 

 

Prometeu também construiu uma ponte ligando Três Barras a São Mateus do Sul, o que fato foi edificado. Afirmou que solucionaria as questões relacionadas aos ex-funcionários da Lumber “e resolverá o caso de suas centenas de operários hoje abandonados ao léu da sorte diante do colosso que já foi a maior serraria da América do Sul e que hoje é a tapera que enferruja como pode ver ao sobrevoar Três Barras”.

 

 

 

O candidato elogiou o povo canoinhense, agradeceu a recepção e garantiu que jamais esqueceria da acolhida. “A oração do eminente brasileiro era entrecortada de calorosos aplausos. S. Excia. abordou inúmeros outros aspectos da vida nacional, da conjuntura política nacional, que infelizmente não podemos trazer as nossas colunas, porquanto trata-se de matéria vastíssima que pouco a pouco iremos relembrando aos nossos leitores”, promete o Barriga Verde na edição histórica, acrescentando que Juscelino disse que “é homem do povo, que por isso mesmo bem compreende  os sofrimentos e as dificuldades dos humildes porque ele próprio é filho de pobre professora, órfão de pai com um ano de idade, que aos 14 anos pode calçar seus primeiros sapatos, que estudou a custa do próprio trabalho e que venceu, chegou até o governo mineiro e é candidato ao Governo da República”.

 

 

 

 

 

 

 

DOCE ILUSÃO

A vereadora pelo PSD Iolanda Trevisani preparou uma farta mesa de doces para oferecer à caravana de Juscelino. Devido o adiantado da hora, no entanto, o presidenciável deu bolo na vereadora e foi para Porto União, onde encerrou a visita ao Planalto Norte. Para não deixar a aniversariante tão desolada, parte da caravana cumpriu a promessa e se refestelou com as iguarias preparadas.

 

 

 

 

João Goulart, que em 1964 viria a sofrer golpe militar como presidente da República, teria vindo a Canoinhas não fosse problemas de agenda. Ele era candidato a vice de Juscelino.

 

 

 

 

 

 

 

 

TESTEMUNHA

O empresário Miguel Procopiak era criança quando Juscelino por aqui esteve, mas se recorda muito bem do rosto do presidenciável. Ele conta que a visita foi o pagamento por um agrado feito ao candidato. À época, o PSD tinha dois candidatos a presidência da República: Juscelino e o catarinense Nereu Ramos. Houve convenção em todos os Estados para escolher entre os dois. Em Santa Catarina o diretório canoinhense tinha como representante Orty Machado. O diretório local orientou Machado a votar em Nereu. Orty, no entanto, foi contra a determinação e votou em Juscelino, o que fez com que o então candidato pagasse o agrado privilegiando Canoinhas com a visita.

 

 

 

 

 

 

 

MITO

do site Brasil Escola

Juscelino Kubitschek foi eleito presidente da República em 1955, juntamente com o vice-presidente João Goulart. Nos primeiros anos do pleito, após a situação política ter tomado seus caminhos (tentativa de golpe da UDN – União Democrática Nacional – e dos militares), rapidamente JK colocou em ação o Plano de Metas e a construção de Brasília, transferindo a capital do Brasil da cidade do Rio de Janeiro para o Planalto Central. Sendo assim, abordaremos os principais feitos realizados por JK durante o seu governo como presidente (1955-1960).

 

 

 

O Plano ou Programa de Metas (31 metas) tinha como principal objetivo o desenvolvimento econômico do Brasil, ou seja, pautava-se em um conjunto de medidas que atingiria o desenvolvimento econômico de vários setores, priorizando a dinamização do processo de industrialização do Brasil.

 

 

 

O desenvolvimentismo econômico que o Brasil viveu durante o mandato de JK priorizou o investimento nos setores de transportes e energia, na indústria de base (bens de consumos duráveis e não duráveis), na substituição de importações, destacando a ascensão da indústria automobilística, e na Educação. Para JK e seu governo, o Brasil iria diminuir a desigualdade social gerando riquezas e desenvolvendo a industrialização e consequentemente fortalecendo a economia. Sendo assim, estava lançado seu Plano de Metas: “o Brasil iria desenvolver 50 anos em 5”.

 

 

 

Para ampliar o desenvolvimentismo econômico brasileiro, JK considerava impossível o progresso da economia sem a participação do capital estrangeiro. Para alcançar os objetivos do Plano de Metas era necessária uma intervenção maior do Estado na economia, priorizando, então, a entrada de capitais estrangeiros no país, principalmente pela indústria automobilística. Ressalta-se que nesse período o Brasil iniciou o processo de endividamento externo.

 

 

 

 

Os setores de energia e transporte foram considerados fundamentais para o desenvolvimentismo econômico, ressalta-se a importância do governo Vargas neste processo, com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda (RJ) no ano de 1946 e da Petrobras no ano de 1953. Outros setores que ganharam relevância foram o agropecuário; JK procurou aumentar a produção de alimentos e o setor energético, construindo as usinas Hidrelétricas de Paulo Afonso no rio São Francisco e as barragens de Furnas e Três Marias.

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