Há 70 anos entrava no ar a Rádio Clube de Canoinhas

Emissora septuagenária comemora a data migrando do AM para o FM

 

 

A comunidade canoinhense estava em polvorosa no dia 25 de agosto de 1948. Entrava no ar a primeira rádio da cidade. A Rádio Canoinhas, de propriedade dos irmãos Álvaro e Manoel Machuca transmitia ao vivo, direto da sede da emissora, uma programação variada e com forte apelo popular, se colocando como principal diversão dos canoinhenses.

 

Fundadores da emissora em 25 de agosto de 1948/Arquivo

Altamiro Ricardo da Silva, Pierina Possamai, Alfredo Teixeira, Geci Varela Ditrich, Bonifácio José Galloti, Mário Ferraresi e Nair Seleme foram as primeiras estrelas dentre os locutores da rádio.

 

 

 

O programa sertanejo que você se acostumou a ouvir às 6 da manhã, acredite, desde os primórdios da rádio esteve sob o comando de Alfredo Franco, que só deixou a rádio para locutar com Deus. A atração da tarde ficava por conta do quadro Gentilezas, existente até hoje, no qual amigos, parentes ou namorados ofereciam músicas. Na extinta empresa Fuck, se você procurasse pelo motorista Antonio de Deus Vatrins, que trabalhou por mais de 30 anos na empresa, dificilmente iria encontrar. Ele é conhecido, quase que unanimemente, pelo apelido Gentileza. A alcunha tem tudo a ver com o programa da Clube. “Ele vivia oferecendo músicas no programa”, contam os amigos.

 

Fachada da emissora em foto da década de 1990/Arquivo

Hoje, o Gentilezas está confinado apenas aos domingos, mas anos atrás ia ao ar de segunda a sábado das 14 às 15 horas e no domingo das 13 às 19 horas.

 

 

Destacava-se em 1957, o programa De Mulher para Mulher, com apresentação de Maria Rudey e Índia Morena Schramm, que permaneceu no ar por oito anos, divulgando receitas culinárias, tricô, crochê e poesias.

 

 

PATROCINADORES

Com o sucesso da rádio Canoinhas, obviamente que os patrocinadores, mesmo que arredios com a novidade, começaram a aparecer.

 

 

Os primeiros foram Casa Erlita, Casa Mayer, Casa Schreiber, Casa Lourenço Buba, Basílio Humenhuk Veículos, Casa Trevisani, Banco Inco, Comércio Francisco Fuck, Relojoaria Scheidt, Irmãos Bartinik, Comércio João Abraão Seleme, João Seleme e Filhos, Jordan e Cia e Foto Uhlig.

 

 

Outro programa marcante foi o Parada da Alegria, apresentado pela Índia Morena Schramm, Alfredo Franco e Irineu Reinardt. No programa, desfilavam novos talentos adultos e infantis na área musical e de humor. Aos domingos, crianças cantavam, dançavam e tocavam músicas no piano e no violão, havendo sorteio de prêmios e apresentação do conjunto Serenata. Essa programação nas manhãs de domingo perdurou até meados dos anos 1980. Apresentado ao vivo, direto do clube Gente Nossa, hoje demolido, os locutores da Clube apresentavam talentos musicais populares e sorteavam brindes.

 

 

 

INCÊNDIO

Em 1968, a emissora foi totalmente destruída por um incêndio. Naquela época, ainda chamava-se Rádio Canoinhas e estava situada no centro da cidade, não restando nada dos equipamentos e documentos, perdendo-se aí todo o acervo histórico. Não há dados precisos sobre a data de mudança de nome da rádio.

 

 

Um dos primeiros funcionários da rádio, Alfredo Teixeira, contou ao historiador Ricardo Medeiros em 1988, em depoimento registrado no livro Histórias do Rádio de Santa Catarina: “Quase sempre lidos de improviso, os comerciais não escaparam de situações folclóricas, como tudo o que fazia parte da programação ao vivo. Para aumentar sua produtividade, o filho do proprietário da Rádio Canoinhas abocanhava toda a publicidade que os outros traziam. Se era doutor em esperteza, contudo, o sujeito reprovava em redação e bom gosto”, contou.

 

 

Teixeira ainda lembrava do dia em que o suposto radialista leu uma de suas pérolas comerciais. Era o anúncio de uma marmoraria e dizia mais ou menos assim: “Não deixe o seu ente querido enterrado numa cova rasa. A nossa marmoraria fabrica os melhores túmulos, dando mais conforto ao seu defunto”. “Uma coisa horrível”, recordou Teixeira, explodindo em risos, em depoimento ao historiador.

 

 

CLUBE HOJE

Atualmente a Rádio Clube está sob a direção do canoinhense Joselde Cândido Cubas Batista, sócio-gerente da empresa. Antes de Joselde, Aroldo Carvalho (também fundador do jornal Correio do Norte, que completou 70 anos em 2017) e Álbaro Dias comandaram a emissora.

 

 

A rádio conta hoje com uma estrutura física que foi especialmente projetada para a finalidade de abrigar seus equipamentos. A programação não perde o apelo popular. O programa Clube Comunidade, apresentado por anos pelo locutor Beto Passos, foi uma das maiores audiências da emissora. O sucesso do programa de forte apelo popular credenciou Passos a se tornar hoje prefeito de Canoinhas. Beto recebia reclamações diárias das mais diferentes regiões da cidade. Nunca deixou de atendê-las. Quem trabalha no jornalismo regional, conhecia a fama de madrugador do locutor, capaz de perseguir carros da Polícia noite adentro para garantir primeira mão ao noticiar.

 

 

Com participações ao vivo e locutores que conquistaram a simpatia do público como Roberto Edy e Jô Simbalista, a Clube hoje é considerada uma das emissoras mais populares de Canoinhas e região.

 

 

No ano de seu septuagésimo aniversário, a Clube migrou do AM para o FM, alcançando uma potência ainda maior e melhorando substancialmente a qualidade de seu sinal.

 

 

“O objetivo da Rádio Clube de Canoinhas é a ligação entre as comunidades, atendendo com qualidade seus patrocinadores e ouvintes, sempre respeitando o ser humano e divulgando assuntos que agreguem conhecimentos, mantendo a tradição e respeito pela região”, resumiu Cubas Batista em entrevista concedida ao Correio do Norte em 2006.

 

 

 

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