Há cinco anos, Canoinhas perdia Orestes Golanovski

Maior doador de sangue do mundo, canoinhense elevou nome da cidade                                                                                      

 

Há exatos cinco anos partia o comerciante catarinense que doou sangue 187 vezes entre 1958 e 2006 e que elevou o nome de Canoinhas para o mundo ao constar do Guiness Book como o maior doador de sangue do mundo. Orestes Golanovski morreu aos 73 anos, numa sexta-feira, 14 de dezembro, em Curitiba, onde foi internado por causa de um câncer. Golanovski era de Canoinhas, e doou mais de 90 litros de sangue no período.

 

 

A primeira doação foi em 1958, quando Orestes prestava o serviço militar, no Rio de Janeiro. Em 1969, quando já estava de volta a Canoinhas, uma mulher grávida estava com hemorragia e precisava de sangue. “Meu pai foi doar, mas não foi suficiente. Outra pessoa foi chamada, mas queria cobrar pela ação. Então ele decidiu doar pela segunda vez no dia”, contou o filho, Silmar Golanovski, à época do falecimento. Ainda assim, as doações não foram suficientes. A criança foi salva, mas a mulher morreu. Isso fez com que ele prometesse que a partir daquele dia nunca mais deixaria ninguém da cidade morrer por falta de sangue.

 

 

A partir de então, Golanovski começou a mobilizar a comunidade e alertar para a importância de doar sangue. Em 1991, fundou a Associação dos Doadores de Sangue da Região de Canoinhas (Adosarec). O grupo começou com 15 pessoas e já ultrapassa 4 mil doadores. “O maior legado dele é que conseguiu estabelecer na cidade a cultura da doação de sangue. A situação em outros locais geralmente é crítica. Aqui, para cada bolsa de sangue que nós necessitamos, coletamos outras três para serem distribuídas no restante do estado”, contou Silmar, orgulhoso do pai.

 

 

O trabalho foi estruturado a partir de grupos. São mais de 70 cadastrados na associação. Cada grupo possui um coordenador, que é acionado quando há falta de sangue em algum local. Ele marca um horário com os doadores disponíveis e um micro-ônibus vai buscá-los e os leva para a coleta. “Todos fazem isso sem receber nada, sem perguntar para quem é, sem conhecer quem recebe. Isso se repete 10, 20 e até 1000 vezes no ano. Já levamos doadores para São Paulo e Porto Alegre diversas vezes, quando não há pessoas suficientes nestes locais”, relatou Silmar.

 

 

Há cerca de 20 anos, Golanovski representou a Associação em um evento da Federação Internacional das Organizações de Doadores de Sangue, que ocorreu no Brasil. Neste dia eles apresentaram um italiano como o maior doador do mundo. Porém, ele estava com mais de 80 anos e havia doado 130 vezes. Golanovski ainda era doador na época e já contabilizava mais de 160 doações. Ao se apresentar, foi então considerado o maior de que tinham notícia.

 

 

A última doação de Orestes foi em junho de 2006, quando completou 65 anos, idade limite para doar. O trabalho da Adosarec, que recentemente completou 26 anos, segue em memória de Golanovski. A luta para manter a entidade, depois do fechamento do posto de coleta de sangue do Hemosc em Canoinhas, tem sido cada vez mais difícil. Com o encerramento das atividades do pastel da Adosarec, agora, a entidade se mantém somente com as doações de pessoas físicas via conta de luz. Interessados em ajudar devem procurar a entidade.

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