Há um ano, 51 pessoas morriam na Tragédia da Serra Dona Francisca

acidenteHá um ano, exatamente em 14 de março de 2015, a maior tragédia rodoviária envolvendo um só veículo foi registrada em Santa Catarina. Cinquenta e uma pessoas que viajavam de União da Vitória (PR) rumo ao litoral catarinense morreram na queda do ônibus onde estavam de um despenhadeiro na Serra Dona Francisca, em Joinville. Um ano depois, a dor de quem perdeu parentes e amigos ainda não foi amenizada.

Uma das sobreviventes, Elis Cristina Mazur, 21 anos, disse ao jornal A Notícia que já fez três cirurgias, carrega um pino de metal no ombro, sente dores quase o tempo todo nas pernas e, o que lhe causa maior tristeza, perdeu o movimento dos dedos da mão esquerda. Faz fisioterapia pelo SUS e recebeu alta recentemente da psicoterapia. Ela viajava com o marido, a mãe e dois sobrinhos. Todos morreram. “A gente tem que tocar a vida. É difícil, claro. Mas tem que tocar a vida”, disse ao jornal.

Elis quase não tem contato com os outros sete sobreviventes, mas vai abraçou cada um deles no sábado, 12, durante evento ecumênico em homenagem aos mortos. Ela e Alana Aparecida Pires, outra sobrevivente, têm poucos meses de diferença de idade. As duas tiveram uma série de consequências de saúde, mas retomam a vida aos poucos. Uma trabalhava em um mercado. Outra, em uma panificadora.

Durante todo o ano, a rotina foi de consultórios, médicos, radiografias, colares ortopédicos e fisioterapia. Aos poucos, cada uma vai reforçando a esperança de superar o trauma e recuperar completamente a saúde. Desde o acidente, Elis passou uma única vez pela Serra Dona Francisca. Mas pediu para não parar o carro. “Eu vi o ônibus, mas não queria ter visto. Passei só uma vez no local do acidente. É muito triste a gente lembrar das pessoas que morreram lá”, disse à reportagem de A Notícia.

 

O QUE MUDOU

Durante todo o ano de 2015, autoridades políticas e empresariais da região se reuniram para buscar melhorias na estrada que corta a serra Dona Francisca. Discutiu-se a criação de áreas de escape nas principais descidas, como a que existe na BR-376, entre Joinville e Curitiba; a abertura de mais pistas onde fosse possível, o que ajudaria na ultrapassagem a caminhões pesados e lentos que descem e sobem a estrada todos os dias; e até a proibição do trânsito de veículos pesados, com cargas perigosas e de passageiros pela Dona Francisca.

Mas nenhuma das medidas foi colocada em prática. Estudos técnicos demonstraram que não há muito o que fazer para mudar o traçado ou amenizar os pontos mais críticos da rodovia. Seriam obras muito caras ou de complicados arranjos de engenharia.

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