Inspirações Lobatianas – Dialogando com a natureza

Eu estava lá, tão menina e criança feita a Narizinho Arrebitado das histórias do senhor Lobato, mas de arrebitado mesmo eu só tinha o olhar para o céu, aquele lugar mais mágico do que a floresta da casa dos meus avós.

Agora, porém, eu olhava para uma certa árvore que ficava no pomar e para lá corri com uma vassoura nas mão para reunir suas folhas caídas em um amontoado sobre um cantinho qualquer do gramado.

Aquela árvore me fez feliz. Olhei para ela e não resisti: abracei-a e lhe agradeci tanto, pois ela gratuitamente nos presenteou com seus saborosos frutos naquele período. Era um pé de Caqui, fruta preferida de minha infância, onde eu escalava árvores grandes e que se avizinhavam com outras matraqueiras. Mas aquela árvore não era tão grande e não tinha vizinhas tão próximas, e mesmo assim deu tantos frutos que era um colosso de se ver!

E que conversa deliciosa tivemos… como aquelas conversas que nos fazem um bem danado para a alma, e olha que eu não precisei sentar e nem me demorar muito. Aliás, esse negócio de tempo e de demoras é relativo quando se trata de coisas verdadeiras e naturais. Entre o vai e vem da vassoura reunindo as folhas avermelhadas uma grande cumplicidade se fazia.

– Ah! Se com os humanos adultos fosse assim também, pensei eu.

Quando eu saí de lá, fui sorrindo, pois eram coisas que só eu e ela sabíamos. Então concluí que além de ela ter dado frutos externos, também deu frutos internos – dentro de mim – e esses foram os que eu mais gostei!

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