Itaiópolis, Mafra e Canoinhas estão entre as 10 cidades que mais desmatam em SC

Foto: Desmatamento na região de Bela Vista do Toldo em 2009 contida pela Polícia Ambiental/Arquivo

A cidade de Itaiópolis é a que mais desmatou áreas verdes em Santa Catarina nos últimos 14 anos (2000-2014). Mafra e Santa Cecília ocupam as duas posições seguintes. Canoinhas está na nona posição, entre Papanduva (8º) e Monte Castelo (10º).

Lançado na semana passada pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica traz os dados mais recentes sobre a situação de cidades do Estado de Santa Catarina.

O município de Bom Jardim da Serra foi a cidade catarinense que mais preservou o bioma no período de 2000‐2014, com 93% de vegetação natural, em comparação com a área original – o que a coloca na terceira posição no ranking nacional de preservação. Já a capital do Estado, Florianópolis, é a segunda capital com maior área proporcional de vegetação natural do país, com 25%.   A vegetação natural inclui, além das florestas nativas, os refúgios, várzeas, campos de altitude, mangues, restingas e dunas.

O estudo, com patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan, apresenta ainda um consolidado dos últimos 14 anos.

Segundo aponta o relatório, nos últimos 14 anos, Itaiópolis suprimiu 5.805 hectares de vegetação nativa. Neste ano, os dados atualizados e o histórico das cidades abrangidas pela Lei da Mata Atlântica poderão ser acessados no hotsite ‘Aqui Tem Mata’, que será lançado nesta semana e apresentará de forma simples e interativa as áreas remanescentes de Mata Atlântica no país. Com opções de busca por localidade, mapas interativos e gráficos, a ferramenta está disponível para web, tablets e celulares, permitindo que os dados estejam acessíveis a qualquer usuário e possam ser reutilizados com finalidades de educação e defesa da proteção da floresta. “A SOS Mata Atlântica lança o ‘Aqui tem Mata’ com o objetivo de tornar mais acessíveis os dados e o histórico das cidades que são abrangidas pelo Mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica. A partir de uma ferramenta de fácil visualização, qualquer pessoa poderá saber como seu município tem conservado o bioma mais ameaçado do Brasil. Ampliar o conhecimento sobre o assunto e torná‐lo mais próximo do dia a dia é uma forma eficiente de incentivar a participação de todos na proteção do que resta de Mata Atlântica no país”, afirma Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.

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NACIONAL

Atualmente, a Mata Atlântica é a floresta mais ameaçada do Brasil, com apenas 12,5% da área original preservada.   O ranking de desmatamento do Atlas dos Municípios, com dados de 3.429 cidades brasileiras, é encabeçado pela cidade piauiense de Eliseu Martins, que teve supressão vegetal de 4.287 hectares (ha) no período entre 2013 e 2014. Por outro lado, outras duas cidades desse Estado, Tamboril do Piauí e Guaribas, lideram a lista das cidades mais conservadas, com 96% da vegetação natural.

No recorte do período 2000‐2014, a cidade campeã de desmatamento no Brasil é Jequitinhonha, com 8.708 hectares desmatados.    Com base em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do satélite Landsat 8, o Atlas da Mata Atlântica, que monitora o bioma há 29 anos, utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para avaliar os remanescentes florestais acima de 3 hectares (ha). “Foram anos de trabalho para que pudéssemos consolidar uma base temática (mapa) que permite atualizações anuais consistentes. A possibilidade de o cidadão comum poder acompanhar a dinâmica da cobertura florestal do município onde reside é, sem dúvida, a materialização de uma intenção que tivemos no passado”, afirma Flávio Jorge Ponzoni, pesquisador e coordenador técnico do estudo pelo INPE.

 

PLANO MUNICIPAL

Planos municipais da Mata Atlântica Um dos instrumentos mais eficientes para que os municípios façam a sua parte na proteção da floresta mais ameaçada do Brasil é o Plano Municipal da Mata Atlântica, que reúne e normatiza os elementos necessários à proteção, conservação, recuperação e uso sustentável da Mata Atlântica. Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, reforça que o plano traz benefícios para a gestão ambiental e o planejamento do município. “Os Planos Municipais da Mata Atlântica materializam as leis do bioma Mata Atlântica. Com novas competências de gestão ambiental, o PMMA é importante para desenvolver políticas de meio ambiente localizadas, pois é uma legislação que pactua com a própria comunidade local e a sociedade, diferentemente das demais leis do país”, afirma Mario.

 

OS MAIORES DESMATADORES DE SC

  MUNICÍPIO ÁREA DO MUNICÍPIO % BIOMA DESMATAMENTO 2000-2014 VEGETAÇÃO NATURAL % VEGETAÇÃO NATURAL
Itaiópolis 129.472 100% 5.805 43.021 33,20%
Mafra 140.455 100% 3.913 22.574 16,01%
Santa Cecília 114.648 100% 3.251 14.715 12,80%
Rio Negrinho 90.825 100% 2.251 16.219 17,90%
Santa Terezinha 71.672 100% 1.734 33.003 46,00%
Passos Maia 61.489 100% 1.680 16.789 17,90%
Campos Novos 172.033 100% 1.677 23.635 13,70%
Papanduva 75.988 100% 1.467 19.505 25,70%
Canoinhas 114.438 100% 1.407 18.242 15,90%
10º Monte Castelo 56.122 100% 1.257 19.822 35,30%
* em hectares
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