O juiz criminal da comarca de Canoinhas, João Carlos Franco, passou a tarde desta quinta-feira, 17, ouvindo uma série de testemunhas da acusação e defesa do processo que envolve o professor Gláucio Wachinski. Ele é acusado de provocar a morte do menino Andrei Renan Vianna, de 9 anos, no dia 27 de outubro, em Canoinhas. Andrei estava no banco traseiro de um Corsa dirigido por seu pai, Eraldo Vianna, quando Wachinski, dirigindo um Cruze, invadiu a pista contrária, batendo de frente contra o veículo, que rodopiou na pista. O menino morreu na hora.
Segundo o advogado de Wachinski, Sandro Sell, a partir dos depoimentos, o juiz vai avaliar se Wachinski vai a júri popular ou será julgado de forma monocrática (em gabinete, somente pelo juiz criminal).
A defesa questionou os critérios usados pela perícia para definir a velocidade do Cruze no momento do acidente. “Esses critérios não estão claros”, afirmou Sell. Ele pede que o juiz determine uma revisão da perícia. Uma das testemunhas não foi localizada e o juiz não deve apresentar nenhuma conclusão antes de ouvi-la.
Segundo Sell, a partir dos testemunhos, ficou claro que Wachinski não chegou a ficar embriagado com o que bebeu na noite anterior ao acidente. “Ele teria ingerido cerca de duas garrafas long-necks de cerveja, mas nada que tenha deixado ele embriagado”, afirma o advogado. Ele frisa que o acidente aconteceu no dia seguinte e que as latas de cerveja vazias encontradas no carro estavam ali há dias, não sendo portanto, consumidas na noite anterior. A caixa de latas de cerveja comprada na noite anterior e encontrada no carro estaria intacta.
“Foi uma tremenda infelicidade. Ele contribuiu (para o acidente) por algum tipo de negligência, mas não por indiferença ou vontade”, garante o advogado.
Veja entrevista com os pais de Andrei à época do acidente:
PRÓXIMOS PASSOS
O andamento do processo tem sido relativamente rápido. Com a conclusão da instrução, o juiz deve definir pelo júri popular (no caso de considerar que Wachinski assumiu o risco de matar o menino) ou pela decisão monocrática (se entender que não houve intenção de matar) em breve.
Juristas ouvidos pelo JMais acreditam que há poucas chances de Wachinski ir à júri. De qualquer forma, independente da forma de julgamento, dificilmente o professor volta para a cadeia. Isso porque o fato de ser réu primário e não ter antecedentes criminais o beneficia. As chances de ele ter de indenizar a família e/ou prestar serviços comunitários são bem maiores. Isso porque o juiz tende a entender, nestes casos, que o réu precisa ter condições de trabalhar para pagar sua pena, situação inviável se ele estiver preso.
Até o julgamento, Wachinski não pode dirigir (sua carteira foi cassada), não pode sair de casa depois das 22h e a cada 15 dias precisa comparecer no Fórum.