Legislativo e Executivo divergem sobre aumento de piso salarial para servidores do MP

Veto parcial do governo ao reajuste de piso salarial dos servidores do Ministério Público dominou debate na Alesc

 

Uma divergência entre Legislativo e Executivo marcou a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alesc. O veto parcial do governo ao reajuste de piso salarial dos servidores do Ministério Público dominou o debate na manhã desta terça-feira, 19.

 

 

Relator da Mensagem de Veto 30/2019, o deputado Coronel Mocellin (PSL) afirmou que o governo reconhece a validade do reajuste de 1,56% para a categoria. O que foi vetado pelo governador Carlos Moisés da Silva, explicou, é o parágrafo do Projeto de Lei Complementar 26/2018, de autoria do Ministério Público, que prevê a retroatividade do aumento para 1º de junho de 2018. De acordo com o líder do governo na Alesc, algo proibido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias.

 

 

A decisão provocou reações contrárias. O deputado João Amin (PP), que pediu vistas ao texto, citou que o ato do governo demonstra incoerência. Segundo ele, por um lado o Executivo defende a categoria dos militares, no outro tema que movimentou a comissão, mas veta o reajuste dos funcionários do MP “que tem o parecer favorável na CCJ”. Para o parlamentar, o governo analisa os assuntos com “dois pesos e duas medidas”.

 

 

A deputada Luciane Carminatti (PT) destacou que o projeto começou a tramitar em setembro, mas a data-base da categoria é em junho. “O fato é que ele não prosperou aqui na Casa. Do ponto de vista desta demora, a responsabilidade não é dos servidores, do sindicato ou do MP”, argumentou. Segundo ela, o veto vai prejudicar a reposição salarial “que está muito aquém do IPCA, que era de 2,68%.”

 

 

Representando o deputado Fabiano da Luz (PT), titular da CCJ que não conseguiu chegar para a sessão em função das condições climáticas que fecharam o aeroporto de Chapecó, ela foi incisiva sobre a necessidade do governo discutir a pauta. “Recentemente tivemos a situação [do reajuste] do teto dos servidores públicos que mais ganham nesse estado, cujo impacto é de quase R$ 6 milhões por mês e o governo poderia ter agido sobre o valor do teto.” Enquanto isso, avaliou, para o magistério, a saúde e a segurança pública “o teto é quase piso e o aumento de 1,56% é irrisório”.

 

 

Líder da bancada do PR, o deputado Maurício Eskudlark mostrou-se favorável ao veto ao alegar que existe uma diferença muito grande entre os servidores do Judiciário, Legislativo e Executivo. “Enquanto os policiais estão há 10 anos sem aumento, vemos alguns funcionários diferenciados terem o aumento. Isso é um absurdo”, destacou. Segundo ele, seria necessário um bom senso entre os poderes para evitar o aumento dessa disparidade. A solução para o impasse deve surgir na reunião da próxima semana em função do pedido de vistas.

 

 

INTERESSE MILITAR
O outro ponto de destaque foi proposto pela bancada do PSD cujo parecer do relator, deputado Luiz Fernando Vampiro (MDB), foi favorável. Com isso, a CCJ deu prazo de dez dias para o governo defender o Decreto nº 1, de 2 de janeiro de 2019, que transforma os cargos de secretário de Estado da Administração e de assistente do secretário em funções de interesse policial-militar. Vice-presidente da comissão, o deputado Milton Hobus (PSD) informou que a proposição foi feita por causa “do direcionamento” do texto, que altera a Lei 6.218, de 10 de fevereiro de 1983. “Isso precisa ser melhor explicado. É importante fazer isso pois estamos em um governo que iniciou falando em transparência.”

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