Hoje se está diante de uma crise civilizacional sem precedentes
Dr. Wellington Lima Amorim*
Urge rediscutir a necessidade de criação de regras eficazes para o controle dos fluxos financeiros, ou ainda, se devemos pensar em um Estado mais protecionista, bem como, um melhor projeto de uma sociedade economicamente sustentável para o Estado brasileiro. No entanto, o péssimo desenvolvimento político-econômico na terra brasilis é,em primeiro plano, a ausência de recursos humanos qualificados e técnicos que possam pensar a nação de forma ampla e complexa.
E por isso, a total desregulamentação da economia de forma abrupta, partido de uma vontade política irresponsável, pode ser danosa e desastrosa para o Estado brasileiro, aumentando o quadro de desemprego, principalmente nas regiões norte e nordeste. Este é o alerta que a sociedade civil como um todo precisa tentar compreender, quando se refere ao superministério da Economia capitaneado pelo Sr. Paulo Guedes em sua lógica privativa: – “Precisamos pagar as contas. Desta forma, vamos vender tudo que temos em casa e com o dinheiro pagamos nossos credores. E dormiremos no chão. Se for necessário venderemos a casa e pagaremos aluguel para os credores”. Enfim, um museu de grandes novidades:“A solução pro nosso povo eu vou dá! Negócio bom assim ninguém nunca viu! Tá tudo pronto aqui é só vim pegar! A solução é alugar o Brasil”Raul Seixas.
A tentativa frustrada, até o momento, do governo eleito em querer fundir o M. da Agricultura com o M. do Meio ambiente,demonstra a total incompetência para entender a natureza quem envolve o Estado brasileiro. Hoje, se está diante de uma crise civilizacional sem precedentes e cabe destacar que grande parte dos grupos ambientalistas no Brasil apenas prioriza causas locais e regionais. Isto se dá porque estão ideologicamente comprometidos, e perderam a noção do todo. E preciso argumentar que um dos maiores problemas do Estado brasileiro está na própria condição do homem dentro de uma cultura onde a sociedade civil vive prioritariamente a partir do consumo. É desta lógica que nasce o conceito de desenvolvimento insustentável demonstrando que todo empreendimento volta-se contra si, como diria Emil Cioran, e somente um Deus ou um Demônio poderá nos salvar.
É importante ressaltar que é preciso rediscutir as leis trabalhistas, que são obsoletas e datam de 1940 aproximadamente, bem como, uma reforma profunda da nossa previdência social. Todavia a extinção do M. do Trabalho poderá ser a pá de cal que irá legitimar o trabalho escravo no Brasil. Uma vez que este Ministério, em seus 88 anos de existência, em conjunto com a Justiça do Trabalho, tem a função de fiscalizar e solicitar a força policial para coibir e punir os responsáveis por tal prática, em diversas regiões remotas no interior do país, como por exemplo: Pará, Maranhão, Mato Grosso e Piaui.
Mas existe algo ainda mais grave, além da mera incompetência discursiva de um governo eleito: a incompetência ideologicamente comprometida seja nas áreas da saúde, segurança pública ou nas Relações Internacionais, o que pode levar o Estado brasileiro a descumprir preceitos básicos da Modernidade, no que se refere aos direitos humanos. É assustador, o constante flerte do futuro Ministro das Relações Exteriores com Victor Orban, afirmando que seremos “grandes parceiros para o futuro (…) [A Hungria] é um país que sofreu muito com o comunismo no passado. É um povo que sabe o que é ditadura. O povo brasileiro não sabe o que é ditadura aqui ainda, o que é sofrer nas mãos dessas pessoas. E ele está feliz com a nossa eleição”. Esta afirmação não é somente preocupante, mas é o sinal de alerta de um governo que está flertando ou caminhando em direção a um Estado autoritário. Não sabemos se é apenas retórica, mas o flerte é claro e distinto, com um líder autoritário e populista.
Por fim, se o governo eleito insistir em se aliar aos EUA abruptamente, transferindo a capital da embaixada para Jerusalém, e o boicote do Oriente Médio ocorrer, ou ainda, a China e União Européia (neste último caso, devido à ameaça do governo eleito sair do acordo de Paris) seguirem o mesmo exemplo, em seis meses estaremos imersos em uma crise política e econômica sem precedentes históricos. O que esperar diante de tal cenário? Apenas uma coisa: que o aparato mental do futuro presidente esteja em looping e que ele permaneça desistindo de voltar atrás e voltar atrás em sua decisão de voltar atrás, ou melhor, sem qualquer forma de desenvolvimento mental.
*Dr. Wellington Lima Amorim é professor