Bruno Souza postou que bebê morreu por falta de aeronave
O governador Carlos Moisés (Republicanos) subiu o tom com o deputado estadual Bruno Souza (Novo), que denunciou na semana passada que enquanto Moisés viajava para Brasília no Arcanjo-6 dos bombeiros para fechar sua filiação no Republicanos, um bebê de Caçador teve deslocamento para um atendimento médico prejudicado. Na falta do Arcanjo-6, uma outra aeronave foi fretada para fazer o transporte.
Nesta terça-feira, 15, nova investida do deputado contra o governador, que já havia afirmado que a criança de Caçador não teve o atendimento negado. “O uso do Arcanjo-6 como avião particular chegou a um nível inaceitável”, posto Souza, contando um relato. Segundo ele, um bebê em Lages, diagnosticado com cardiopatia grave, também precisou ser transportado de maneira urgente. “Mais uma vez – e como de praxe – as aeronaves Arcanjos (02 e 06) foram acionadas para o transporte. A resposta do setor de regulação foi muito similar ao caso anterior: o Arcanjo 02 ainda se encontrava em manutenção e o 06 em uma nova missão com o Governador. Dois dias depois, devido a piora no quadro clínico do bebê, o pedido foi arquivado. Uma nova solicitação foi aberta quatro dias depois do requerimento inicial. Com a celeridade que deveria ser usual, desta vez a transferência foi realizada no mesmo dia. Infelizmente, de acordo com o que foi apurado, o bebê não resistiu e veio a falecer. Pergunto: se o avião estivesse disponível já no primeiro pedido, quando a aeronave se encontrava com o Governador, o bebê estaria vivo? Claro que não podemos afirmar isso, mas só o fato de haver essa chance, já mostra a gravidade do caso. A saúde não pode ser relativizada. Precisou, o serviço tem que estar, obrigatoriamente, disponível. Temos que nos posicionar e agir para acabar com o uso irresponsável do Arcanjo-6. Não só isso, também temos que nos mobilizar para que essas ações não sigam impunes. Desejo meus sentimentos para essa mãe. Lutarei, com todas minhas forças, para que casos como esse não se repitam”.
CONTRAPONTO
O Governo do Estado chamou a postagem de fake news. Em nota, se disse surpreendido “com a publicação mentirosa de um deputado estadual associando a morte de um bebê à suposta falta de atendimento aeromédico por parte do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.”
A nota segue, bastante incisiva. “Em tom apelativo e sensacionalista, sem a mínima responsabilidade e demonstrando uma conduta indigna para o cargo que ocupa, o parlamentar usa uma tragédia familiar para desinformar, manipular, enganar, ganhar likes e seguidores nas redes sociais”.
No presente episódio, conforme registros da ocorrência, diz o Governo, “após averiguação por parte da equipe médica no hospital de origem, verificou-se que o lactente estava instável e sem condições de transporte”.
O Governo do Estado reconhece que a aeronave Arcanjo registrou o pedido de uma transferência de urgência de Lages para o Hospital Infantil Dr. Jeser Amarante Faria, em Joinville, no dia 11 de janeiro, 23h, para um recém-nascido de poucos dias de vida.
O bebê havia sido diagnosticado com uma cardiopatia congênita e estava em estado crítico. Porém, o Hospital ainda precisava enviar o fluxo de regulação (registrar no sistema a necessidade de mudança de hospital) para a transferência ser concretizada, algo que foi feito no dia 12 de janeiro. A aeronave se dirigiu ao Hospital na manhã da quinta-feira, 13 de janeiro.
“No local, os médicos constataram que o recém-nascido não suportaria um transporte de Lages até Joinville, de acordo com parâmetros clínicos e físicos do paciente. A saturação era de 54, a criança corria risco de óbito em voo. Ela permaneceu no Hospital para estabilização do quadro. No dia 16 de janeiro, os médicos retornaram à Unidade e aceitaram fazer o transporte, a partir da assinatura dos pais cientes de um voo de risco para o bebê. A criança resistiu à transferência, mas acabou indo a óbito no dia 20 no Hospital Infantil de Joinville, diante da gravidade da doença”, segue a nota.
O Governo encerra o contraponto afirmando que “em ano eleitoral, as campanhas de desinformação tendem a aumentar. Por isso, antes de repassar qualquer mensagem, confira a veracidade do teor nas redes sociais do Governo do Estado ou entre em contato com a Secretaria de Estado da Comunicação.”