Por falta e combustível, a família esperou 15 horas por uma ambulância para levá-la para a UTI; caso aconteceu em Mafra e envolveu ambulância do Samu de Canoinhas
A Polícia Civil de Mafra concluiu o inquérito sobre a morte de uma criança e indiciou 14 pessoas por “homicídio culposo”. A informação foi divulgada neste sábado, 9, pela RICTV Record Joinville. Agora o Ministério Público vai se posicionar sobre o caso de Heloísa Lisboa, de 1 ano e 20 dias, que esperou 15 horas por uma ambulância para ser transferida para uma UTI em Joinville no início de junho deste ano. O motivo alegado por ambulâncias da região foi “falta de combustível”.
O motivo que mais revoltou a população de Mafra foi a recusa do Serviço Móvel de Urgência (Samu) em aceitar contribuição financeira dos familiares da vítima para abastecer o veículo quando seu estado piorou. No Boletim de Ocorrência registrado após a morte, representante do órgão justificou que ambulância “não pode ser abastecida por terceiros”. A menina foi internada no Hospital São Vicente de Paula (Mafra) na quinta-feira, 7 de junho, com suspeita de pneumonia. No dia seguinte, seu estado se agravou e o médico solicitou sua transferência para o Hospital Infantil de Joinville, o único na região que tem UTI.
O drama da família começou quando as duas ambulâncias de Mafra não puderam atender ao pedido por “falta de combustível”. Como foi alegado que o Samu “não aceita dinheiro de terceiros”, a família e o hospital de Mafra pediram ajuda para outras cidades. O helicóptero da Polícia Militar de Joinville foi acionado, mas devido ao mau tempo na região não poderia chegar até Mafra. Uma ambulância de Canoinhas, distante 92 km, conseguiu levar a paciente apenas até Rio Negrinho porque não tinha combustível para seguir adiante.
Heloísa chegou ao Hospital Infantil 15 horas depois porque uma ambulância de Jaraguá do Sul a levou de Rio Negrinho até Joinville na madrugada de sexta-feira. Ao meio-dia de sábado ela não resistiu.
Como o inquérito corre em “segredo de justiça”, os nomes não foram revelados, apenas que a maioria é da área da saúde. A investigação tem de identificar o principal responsável por negar a contribuição da família para abastecer a ambulância, que segundo o delegado Nelson Vidal disse na época, “era coisa de 40 a 50 reais”.
Há suspeita – e a investigação deve apurar – que a recusa de aceitar o combustível foi uma forma de “pressionar” o Estado a liberar recursos.