Da Agência Senado
A comitiva brasileira que defende os produtores de tabaco na Conferência das Partes da Convenção Quadro (Cop 6), realizada em Moscou , na Rússia, foi impedida de participar das discussões que acontecem no evento. ONGs antitabagismo e delegações de diversos países como a Austrália, pressionaram a organização do evento a retirar as credenciais de representantes de entidades e empresas, podendo permanecer apenas representações governamentais na convenção. Faz parte da delegação brasileira o prefeito de Canoinhas, Beto Faria, vice-presidente da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco).
Preocupados com o documento final da Cop 6, principalmente com os artigos 17 e 18 que tratam sobre produtores e produção, a comitiva brasileira formada por representantes de entidades, sindicatos e municípios produtores de tabaco, reúne-se diariamente com o embaixador brasileiro na Rússia, Antônio Guerreiro, e a delegação do Brasil para nivelar as pautas. Beto Faria comenta que são poucos integrantes da delegação brasileira que entendem o lado dos produtores. “Nós solicitamos ao embaixador brasileiro na Rússia a intervenção junto a delegação de nosso país, pois após termos sido credenciados oficialmente deveríamos participar de todas as ações. Na delegação brasileira existe 14 membros, mas imaginamos que poucos deles, uns três ou quatro, estão entendendo a posição de defesa dos produtores”, conta Faria.
“A Austrália defendeu que nas futuras Cop não permitam mais inscrições. Após identificarem a presença de três parlamentares gaúchos e dos três prefeitos da Amprotabaco, o embaixador nos recebeu e definiu a condição de reunirmos diariamente a comitiva de apoio os produtores e delegação brasileira”, relatou o prefeito, contando ainda que a participação de ONGs antitabagistas é grande no evento. “Eles acreditam que diminuindo a produção, baixa o consumo e achamos que isso não é verdade. Tem país que não planta um pé de fumo interferindo na presença dos produtores e também alguns que querem aumentar a produção torcendo para o Brasil se comprometer em reduzir”, enfatiza o prefeito e vice presidente da Amprotabaco.
Além do prefeito Beto Faria, integram a comitiva em defesa dos produtores representantes da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Santa Catarina (Fetaesc) e do Rio Grande do Sul (Fetag), Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Sindicato dos Produtores de Tabaco (Sinditabaco), além dos prefeitos de São João do Triunfo (PR), Marcelo Hauagge Distefano e de Venâncio Aires (RS), Airton Artus.
A senadora gaúcha, Ana Amélia, lamentou que parte da comitiva brasileira tenha sido impedida de participar da Cop6. Ela explicou que a comitiva brasileira, integrada por parlamentares e representantes de municípios onde há cultivo do tabaco, quer dar a sua contribuição para que a transição de cultura cause menos impacto aos produtores familiares e à economia das localidades onde se explora o produto. Ana Amélia pediu que o governo dê o apoio aos brasileiros para que possam participar dos debates.
O Brasil é o maior produtor mundial de tabaco e exporta 85% de sua produção. A atividade envolve 160 mil produtores e gera 30 mil empregos, especialmente no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, disse a senadora. “ Seria relevante termos nesse debate internacional as contribuições e as percepções desses agricultores sobre a redução da área cultivada e a limitação de financiamentos públicos para essa atividade. É preciso lembrar que quando a convenção-quadro foi ratificada pelo nosso país, foi assegurado que não seriam adotadas medidas que prejudicassem a produção nem a família dos agricultores. Isso parece que não está acontecendo”, ponderou a senadora.