Na volta do recesso, vereadores canoinhenses criticam governo municipal

Foto: Professores da rede municipal acompanharam a sessão/Rodrigo Melo/Divulgação

E se enganou quem esperava um clima ameno no retorno do recesso parlamentar. A primeira sessão ordinária do ano na Câmara Municipal de Canoinhas, realizada na noite de segunda-feira, 2, foi movimentada, ao contrário dos anos anteriores.

Teve manifesto de professores em busca da correção do Plano de Cargos e Salários, críticas contundentes a alguns setores da administração municipal, inclusive, por parte de vereadores da situação e, ainda, discussão acalorada entre três parlamentares.

Primeiro a falar foi o vereador João Grein (PT), que lamentou o fato de a prefeitura não ter ainda mandado consertar o esgoto que corre a céu aberto em diversas ruas do Loteamento Jardim Santa Cruz.

Conforme o petista, existia a promessa de que o problema seria solucionado em até 30 dias, a partir da sessão itinerante que a Câmara realizou no local, em novembro do ano passado. “O prefeito está com sorte, porque os moradores prometeram um panelaço caso o serviço não fosse feito. E, até agora, nada de conserto e nem panelaço”, ironizou.

Já a vereadora Cris Arrabar (PT) classificou como caótico o estado das ruas em diversos bairros do município e cobrou providências por parte da secretaria municipal de Obras. “Já que falavam que este ano teria dinheiro e que não iria faltar óleo para as máquinas e nem material, que também não falte boa vontade em fazer”, alfinetou.

Ao se pronunciar sobre a quarta indicação que já fez solicitando o conserto das luminárias situadas na rua Guilherme Prust, no Campo d’Água Verde, vereador Wilmar Sudoski (PSD), pediu eficiência por parte de alguns setores do governo municipal. “Aquilo lá não serve só para embelezar, mas também para iluminar”, falou.

O vereador ainda fez menção à precariedade em que se encontram as estradas interioranas. Repudiou também a iniciativa da prefeitura em ter dado férias coletivas aos funcionários da secretaria municipal de Obras no período em que os agricultores precisam de acesso para poder escoar sua produção. “No meu modo de ver, o setor de Obras jamais pode parar”, observou.

Sudoski ainda lamentou as condições das ruas sem pavimentação em diversos pontos da cidade, principalmente, no distrito do Campo d’Água Verde. “O britador não funcionou até hoje, e quanto foi gasto na sua reforma? Eu não vi até agora pedra em abundância nem para fazer aquilo que é o básico e simples”, reclamou.

Ele ainda se manifestou sobre a falta de manutenção em valas e bueiros que, entupidos, tem causado alagamentos após as chuvas. “Fica aqui a minha indignação pela forma que a secretaria de Obras vem sendo conduzida”, ressaltou, ao dizer que os atendimentos feitos pelo setor deveriam priorizar a coletividade. “Que seja feita por atacado e não de forma individualizada. Infelizmente a administração municipal vem apanhando nas pequenas coisas”, concluiu.

Renato Pike (PR) disse que se sentia culpado pelo que vem acontecendo, já que apoiou a coligação que administra o município. “Tenho até dó do prefeito Beto Faria, que é uma boa pessoa. Mas tem secretário que tá passando a corda no pescoço dele e chutando o banco, para enforcar o prefeito”, acusou.

Concordou com Sudoski sobre o fato de os atendimentos individuais estarem sobrepondo aos interesses da coletividade. “O Campo d’Água Verde está uma vergonha, assim como está o município inteiro, no que tange a área de Obras”, alertou.

Exceto os de extrema urgência, prometeu não votar mais os projetos encaminhados pelo Executivo, caso as máquinas não comecem a patrolar as ruas do distrito a partir da próxima semana. “Tem mais de 150 tubos jogados pelas ruas do Campo d’Água Verde, alguns há mais de um ano e tomados pelo mato. Enquanto isso tem um monte de locais esperando por tubulação”, denunciou.

Apesar de pertencer à coligação que elegeu o atual governo, Paulo Glinski (PSD) confirmou o descontentamento do partido com alguns setores da administração municipal. Ameaçou colocar à disposição todos os cargos que a sigla possui no Executivo, caso as indicações feitas pela Câmara continuem não sendo atendidas. “Precisamos é ter diálogo de respeito com a população e soluções para os problemas”, apontou.

Segundo Glinski, existem secretários que não querem ouvir a população e só estão esquentando cadeira no governo. “Dois ou três são excelentes, mas o resto está ali pendurado no cabide. Tem gente que não prestou para trabalhar em outras coisas e está no governo e com poder. Pena que não resolvem os problemas”, salientou o vereador, ao lembrar que o prefeito já deveria ter exonerado as pessoas ineficientes dentro da administração.

Para o presidente da Câmara, vereador Gilmar Martins, o Gil Baiano (PSDB), é grave a situação das estradas que cortam o interior do município. “Tem agricultor tapando buraco por conta para poder escoar sua safra”, afirmou.

Culpou o expediente reduzido – adotado em todas as repartições públicas municipais – pelo atraso nos serviços executados pela secretaria de Obras. “As máquinas devem estar nos locais às 07h30, mas nunca chegam neste horário e às 13h30 já tem que retornar para a cidade”, falou.

Disse ainda que se no verão falta planejamento para colocar os serviços em dia, a tendência é que as coisas piorem com a chegada do inverno. “Estou há seis anos aqui (Câmara) e sempre foi assim”, comentou.

 

FARPAS

Vereador Chiquinho da Silva (PMDB) saiu em defesa do governo e foi combatido por dois colegas de Casa. Tudo começou quando o peemedebista anunciou que já nesta quarta-feira, 5, o maquinário da secretaria de Obras estaria trabalhando no distrito do Campo d’Água Verde e na próxima semana em alguns outros bairros.

Vereador Renato Pike (PR) disse que a informação demonstrava claramente aquilo que ele e Sudoski haviam falado anteriormente. “Isso mostra que há tratamento diferenciando em favor do vereador Chiquinho”, acusou.

O peemedebista, por sua vez, negou a afirmação do colega de Casa, dizendo apenas que sabia dialogar com o Executivo. “Não é não, é que a gente vai lá e sabe conversar”, alfinetou.

Em tom mais elevado, Sudoski cortou a fala de Chiquinho. “O senhor está falando que eu não sei conversar ou dialogar? O senhor não deveria ter entrado neste mérito. Nós temos reivindicado e não temos sendo atendidos”, completou. Por fim, Chiquinho disse que “vocês só sabem falar, mas tem que aprender a escutar também”.

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