Secretária de Saúde de Canoinhas fez uma série de sugestões para que o Hospital consiga melhorar sua arrecadação; estimativa de déficit é de R$ 3 milhões para 2019
A secretária de Saúde de Canoinhas, Zenici Dreher, usou a tribuna da Câmara de Vereadores na noite desta terça-feira, 20, para rebater a fala do diretor administrativo do Hospital Santa Cruz (HSCC) um dia antes, além de explicar como funciona a administração da Saúde em Canoinhas.
A secretária começou recordando o caso de um paciente cardíaco que morreu horas depois de ter dado entrada no HSCC e ter sido negligenciado pelo médico cardiologista que estava de sobreaviso. O caso foi relatado pelo JMais em setembro deste ano.
Conforme sindicância aberta pelo Município, o médico não deu importância para os chamados das enfermeiras. Somente orientou por telefone a dar soro fisiológico. Uma enfermeira chamou o médico de plantão da UTI, mas, mesmo assim, o homem de 52 anos acabou falecendo por parada cardiorespiratória.
Zenici começou com este relato para justificar a multa de R$ 500 mil aplicada pelo Município ao HSCC que, sob contratação do Município, administra o sobreaviso médico. Segundo a secretária, 69 denúncias relacionadas ao sobreaviso foram feitas na Secretaria. Destas, as dez mais graves foram investigadas. Duas delas resultaram em morte de pacientes sem terem recebido o atendimento presencial dos médicos pagos para estarem 24 horas a disposição do HSCC. “A multa é para fazermos uma reflexão de que isso não pode acontecer. O paciente não teve o suporte do sobreaviso. O mínimo que tem de acontecer é que esse médico tenha desconto na remuneração, afirmou Zenici. O Município paga R$ 220 mil mensais pelo sobreaviso médico em sete especialidades.
“Não estamos colocando em descrédito os serviços do Hospital, mas alguma coisa tem de ser feita para que isso não volte a acontecer com nenhum de nós. A multa é para o Hospital, por quê? Porque o contrato é com o Hospital. Se a penalidade foi dada por causa do médico, porque ao menos não descontar a falta do médico. Pensamos que a multa seria desvirtuada, e foi”, reclamou citando as muitas mensagens em redes sociais criticando o Município por multar o HSCC.
ORÇAMENTO DA SECRETARIA DE SAÚDE DE CANOINHAS
Fonte: Sec de Saúde de Canoinhas
PRIORIDADES
“Muitos defendem o Hospital como prioridade, outros defendem o transporte para fazer quimioterapia em Porto União. Os acamados priorizam o atendimento domiciliar. Quando há necessidade de transferência, a ambulância é prioridade. Essas prioridades são de responsabilidade das três esferas de poder, porém, a maioria é descarregada nos Municípios”, seguiu a secretária, lembrando que não ouviu comentários mencionando o Governo do Estado. “O que justifica a dívida mensal de R$ 100 mil do Governo do Estado com o Hospital? Não li nenhum comentário a respeito”, questionou.
“A necessidade de o município ‘ajudar’ uma entidade está condicionada à prestação de serviços SUS à população. Por isso penso que deve haver muito mais que uma ajuda ao HSCC, deve haver ‘cooperação mútua permanente’ porque temos clareza das nossas responsabilidades e competências legais. O SUS não é autossuficiente, nunca foi e nunca será porque existem avanços científicos e tecnológicos que interferem diretamente na prestação dos serviços de saúde e que vão além das vaidades pessoais”, lembrou.
Segundo Zenici, existem listas infindáveis de pacientes com exames prontos para realização de cirurgias, que dependem das Unidades de Saúde, de exames, medicamentos, dependem do HSCC, dos médicos e de toda a equipe. “Temos de avançar neste debate e evoluir enquanto gestores e enquanto sociedade. Temos que contratualizar melhor, buscar parcerias, ouvir, estudar, buscar estratégias e agir. A parceria entre o município de Canoinhas e o hospital existe há muito tempo, as despesas aumentaram em todos os serviços de saúde”, frisou. Segundo ela, o governo de Canoinhas está em dia com todos os repasses e compromissos assumidos, o Governo Federal repassa regularmente os recursos conforme produção e incentivos, o Estado de Santa Catarina está em débito com Canoinhas, desde os recursos da Porta de Entrada e envio de medicamentos de alto custo. “Vou sempre fazer a minha parte enquanto profissional de saúde, mas no contexto atual, enquanto gestora do SUS e representante da população canoinhense, vou fiscalizar, vou monitorar, vou agir e trabalhar incansavelmente, porque acredito na força da verdade e da transparência”, afirmou.
CONTRATOS
Sobre a devolução dos contratos com os serviços de sobreaviso e obstetrícia prestados pelo HSCC, Zenici voltou a afirmar que a medida partiu da direção do hospital. “O que que eu tenho de fazer? Tenho de pensar na população que vai ser atendida no dia 1º de janeiro. De que forma? Só podemos fazer licitação”, explicou, lembrando que os editais já foram publicados.
MÉDICOS
Para a secretária, a diretoria do HSCC e médicos precisam melhorar o diálogo. “É difícil lidar com eles? É! Mas são eles que prestam o serviço diretamente. Se não chamarmos os médicos para negociar, as listas de espera aumentam”, ponderou.
Com relação aos R$ 500 mil, que seriam necessários para garantir o 13º salário dos funcionários, Zenici afirmou que “vamos encontrar uma solução, mas não é só esse o problema. Para este ano são R$ 500 mil que faltam. Para o ano que vem são R$ 3 milhões. Então temos de achar uma solução”, conclamou, lembrando que o déficit mensal do HSCC é de R$ 247 mil.
SUGESTÕES
Zenici elencou três sugestões para melhorar a gestão do HSCC:
- Se o médico não vai atender, sugiro o desconto. Substituir os médicos que não querem trabalhar.
- Cobrar taxa dos médicos por procedimentos particulares.
- Oferecer serviços para municípios vizinhos.