O País dividido ao meio

Se analisarmos a votação de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) neste segundo turno das eleições presidenciais, veremos que a divisão do País literalmente ao meio se tornou ainda mais evidente do que no primeiro turno. As regiões Norte e Nordeste deram esmagadora vitória a Dilma. Não de forma tão esmagadora assim, as regiões centro-oeste, sudeste e sul deram vitória a Aécio.

É o país do Bolsa-Família contra o sul/sudeste trabalhador. Simplismo perigoso que já está contaminando as redes sociais, fazendo até mesmo ressuscitar-se o movimento O Sul é o Meu País.

Não vejo dessa forma. O que ocorre é uma divisão geral do eleitorado. Na dúvida entre o roto e o esfarrapado, o eleitor optou pelo continuísmo, numa margem apertadíssima de votos, ressalte-se.

Governar com 51, 64% dos votos significa ter mais da metade do eleitorado insatisfeita se somarmos aos 48,36% dos votos de Aécio, os 7,4% de nulos e brancos. Isso é muito preocupante e reflete, talvez, os esquecidos protestos de junho e julho do ano passado. O brasileiro, acredito, não quer Dilma no poder, mas não vê em Aécio a salvação. Na dúvida, optou por continuar com a petista. Engana-se Dilma se imaginar-se nas graça do povo. O discurso dela logo depois do resultado, falando em participação popular por meio de plebiscitos, talvez seja um indício de que ela tem consciência disso. Antes de ver o povo novamente nas ruas, a petista quer agir no sentido de mostrar reação diante do desejo de mudança.

Tratar de questões como a reforma política através de referendo seria uma boa alternativa para pressionar o Congresso Nacional, com quem a presidente terá de negociar mais do que nunca. Não é do interesse do Congresso mudar o atual sistema.

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