O que já se sabe sobre o assassino de três bebês e duas professoras em Saudades

Ele foi autuado por cinco homicídios triplamente qualificados e uma tentativa de homicídio

 

 

 

Fabiano Kipper Mai, 18 anos, é descrito como um rapaz calado, tranquilo, que ia mal nos estudos (estava no último ano do Ensino Médio) e de poucos amigos. Sua existência quase que invisível ganhou os noticiários do mundo quando na terça-feira, 4, no intervalo do trabalho que desempenhava em uma fabricante de materiais esportivos como jovem aprendiz, apanhou sua bicicleta para espalhar o horror na Escola Infantil Pró-Infância Aquarela, no centro de Saudades, cidade de 6 mil habitantes no centro-oeste de Santa Catarina. Ele mataria de modo cruel, usando uma adaga, três crianças do berçário e duas professoras que estavam no local. Só não matou mais porque outras professoras perceberam o que estava acontecendo e se trancaram com as crianças em outras salas. Conseguiu, porém, deixar mais um bebê em estado grave (Henryque Hübler, de um ano e oito meses, deixou a UTI neste sábado, 8). Vizinhos ouviram os gritos e foram até a escola, conseguindo segurar Mai, que ainda teve tempo de cortar a própria garganta.

 

 

 

 

Mai foi socorrido e encaminhado a um hospital de Chapecó, onde segue internado. Na noite desta sexta, 7, ele saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e está em recuperação de uma cirurgia. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, um defensor público de Blumenau, primeiro a aceitar defender o rapaz depois que todos os defensores mais próximos de Saudades se recusaram a cumprir a missão, disse que ainda não conversou com Mai.

 

 

 

 

 

O advogado Kleber dos Passos Jardim adiantou que vai pedir exame de sanidade mental no rapaz.  “Um menino fechado, conversava pouco, não tinha amigos, e se trancava no quarto com os jogos de tiros e violência”, afirmou à Folha sobre o que ouviu dos parentes do rapaz.

 

 

 

 

O perfil que descreve o defensor é compatível com o que foi dito em depoimentos para o delegado responsável pelo inquérito, Jerônimo Ferreira, de que ele gostava de jogos online, teria problemas em casa e não desejava mais estudar. O motivo alegado seria bullying.

 

 

 

 

Natural de Saudades, Mai não tem antecedentes ou registro de ato infracional. Ele completou maioridade dia 3 de maio.

 

 

 

Os pais do jovem são descritos pelo defensor como “pessoas muito simples, analfabetos”. Eles estão tratando o episódio como uma perda do filho. O pai chegou a falar em se matar. Eles deixaram a casa simples que compartilhavam com o filho, sua avó e uma irmã dele por medo de represália. Aos vizinhos, o pai revelou que Mai dormia com ele “por medo” e que “judiava de animais de estimação”.

 

 

 

 

Quem conhece Mai e foi ouvido pela imprensa concorda que ele era um rapaz “normal” e que nunca despertou medo em ninguém.

 

 

 

Um relato que mostra a perversidade dele, no entanto, é o de bombeiros que o atenderam. Segundo eles, o rapaz perguntava quantos tinha matado. Ele teria dito que planejava o atentado há 10 meses. Ele também teria usado rojões para assustar as pessoas no local. Teria dito, ainda, que planejava invadir a  Escola de Educação Básica Rodrigues Alves, onde estudava.

 

 

 

O juiz Caio Lembruber Taborda, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, decidiu não deferir o pedido de exame de sanidade mental ainda porque Mai segue internado, sem previsão de alta. Por isso, não prestou depoimento à polícia até agora.

 

 

 

Na mesma decisão, o juiz determinou a quebra de sigilo de dados do suspeito, solicitada pelo promotor de justiça Douglas Dellazari. Os investigadores estão analisando o notebook e o pendrive apreendidos na casa onde ele mora. Além do notebook, a polícia apreendeu R$ 11 mil em dinheiro, um videogame e um jogo da franquia GTA.

 

 

 

 

Se for constantado que Mai estava consciente no momento do crime, ele será julgado pelo Tribunal do Júri. Mas caso o exame de sanidade aponte que ele não pode responder por seus atos, em vez de uma condenação penal pode ser aplicada uma medida de segurança, com internação para tratamento.

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