OPINIÃO: 13 de Março de 2016

A movimentação que levou brasileiros às ruas pede a saída da Presidente Dilma, pela vergonha a qual o País é submetido, não é golpista, mas será um processo constrangedor ao Congresso, revelando nossa insuficiência institucional. É que o verdadeiro motivo ao possível impedimento da Presidente não é sua desonestidade pessoal, acima de congressistas. É sua incapacidade liliputiana de governar, somada à arrogância fisiológica do PT, que não entende a economia.

As passeatas significam a insurgência de uma classe média, chamada de coxinha e golpista, mas que paga a conta e o pato da irresponsabilidade fiscal de quem mal sabe fazer bondade com o dinheiro alheio. E não se trata de difamar os programas de transferência de renda. Ainda que não simpatize, a maioria sabe que o problema não está aí. O incômodo dessa classe média, menos preconceituosa do que vítima do preconceito petista, não é só com a corrupção. O que (n)os une é o mal estar econômico e a volta do complexo tupiniquim ao qual parecemos condenados.

Por extensão, o constrangimento da classe política é ter de encontrar uma “Fiat Elba” (a lembrar de Collor), alegoria que caberia na “garagem” de inúmeros congressistas de oposição. O que isso nos mostra, com todo aperfeiçoamento e sapiência jurídicos, é que não temos regras institucionais capazes de afastar, legalmente e sem traumas, um governante comprovadamente inepto ao exercício do cargo, em prejuízo claro e de alto custo ao interesse nacional. No parlamentarismo seria fácil.

Contudo, tornou-se insuportável a recusa governamental em admitir os equívocos fiscais, baseados na crença em um projeto nacional “autêntico”, sugerindo que reforma é papo das elites. Mais lamentável só a mediocridade do Congresso, cúmplice nos subterrâneos do financiamento eleitoral, além da postura lacônica do PSDB, ideologicamente vazio. Tudo isso, convenhamos, é o resultado de uma desigualdade erradamente combatida em nossa democracia de massas, em detrimento de uma cultura da produtividade, resultando numa usina de ignorância a gerar más escolhas, desqualificando o ambiente republicano e empobrecendo a economia do País.

 

Walter Marcos KnaeselBirkner

Sociólogo

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